MAIS SAÚDE - Informações actualizadas - Trabalhos de investigação - Guias de saúde - Calendário de eventos
 

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Região pouco receptiva à prática da Eutanásia

uma das variáveis que justificam este panorama é a convicção religiosa
A Madeira e o Norte do país são as regiões do conjunto nacional menos favoráveis à prática da eutanásia. Os dados foram avançados pelo presidente da Associação Portuguesa de Bioética, Rui Nunes, na sequência de um inquérito realizado em todo o país a 811 idosos institucionalizados sobre esta questão. Rui Nunes disse ao DIÁRIO que, neste estudo, surgiram "diferenças significativas" entre as várias regiões do país e que, na Região, apenas 40% dos inquiridos concordavam com a legalização da eutanásia e aplicação a terceiros e 30% para si próprios.

Para o também director do Serviço de Bioética da Faculdade de Medicina do Porto, uma das variáveis que poderá estar na base destes resultados na Região é "a presença de uma convicção religiosa", uma "identificação espiritual". Segundo Rui Nunes, esta explicação vem no seguimento de, no inquérito, ter sido focada a questão de a pessoa considerar-se, ou não, religiosa e católica. "Conseguimos encontrar aqui alguma associação que nos permite tirar, em parte, esta conclusão", apontou.
No âmbito deste inquérito, o investigador avançou que outra das conclusões retiradas prende-se com o facto de muitos pedidos de eutanásia não serem "genuínos", mas resultado do facto de a pessoa "não querer viver como o faz".
"Há aqui um apelo enorme à sociedade, em geral, e ao Estado, em particular, para que dêem condições às pessoas e que haja o mínimo de dignidade no fim da vida", atirou. Rui Nunes frisou ainda que, se não forem dadas as condições para que as famílias possam ajudar e apoiar os idosos, estes números não vão baixar.
Para o padre José Luís Rodrigues, o panorama apresentado para a Região e a consequente ligação a uma convicção religiosa é positivo, apontado também que tal poderá ser justificado com a qualidade de vida dos entrevistados. Por outro lado, considera "preocupante" o resultado no global nacional, focando um possível reflexo do panorama social e económico envolvente. Neste inquérito, a tendência nacional reflectiu que cerca de 40% dos inquiridos concordaria com a prática da eutanásia para si próprios e que 50% é favorável à legalização e aplicação a terceiros. O estudo partiu da Faculdade de Medicina do Porto e será apresentado amanhã no VIII Congresso Nacional de Bioética.
Fonte: DN