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terça-feira, 30 de outubro de 2007

CARDIOLOGIA JUNTA NOVAS UNIDADES

O serviço de Cardiologia é um dos muitos que irá sofrer alterações com a entrada em funcionamento do novo hospital, que está ainda em fase de projecto. O responsável por aquele serviço, o cardiologista Almada Cardoso, revelou ao nosso jornal que a Cirurgia Clínica e a Vascular vão passar a integrar a especialidade de Cardiologia.

O futuro Hospital da Madeira, que neste momento encontra-se na fase de projecto, foi concebido para o tratamento de doentes agudos, baseado na alta tecnologia, como revelou em entrevista ao nosso jornal, Filomeno Paulo + , presidente do conselho de administração do Serviço Regional de Saúde + , E.P.E..
O projecto foi apresentado a meados do mês de Setembro, no auditório do Arquivo Regional da Madeira, aos responsáveis pelos serviços do actual Hospital Central do Funchal + (HCF).
São muitas as especialidades que vão sofrer mudanças, entre as quais a Cardiologia. O director do Serviço de Cardiologia do HCF, Almada Cardoso, revelou, ontem, ao nosso jornal que aquela especialidade vai passar a agregar a Cirurgia Vascular, como também a Cirurgia Cardíaca. «Vai haver uma reorganização do serviço de Cardiologia e por isso, com certeza que as expectativas são boas, porque vai haver uma concentração de meios e de serviços. Vamos passar a ter a Cirurgia Cardíaca e a Vascular connosco, vai haver um melhor atendimento dos doentes ao nível da consulta externa e dos exames, sem se misturar com os doentes internados», adiantou aquele responsável clínico.
Mas há ainda mais mudanças. Como há um maior número de pessoas que sobrevive aos ataques do miocárdio, essas pessoas envelhecem «e têm mais episódios de insuficiência cardíaca, por isso propusemos uma unidade de Insuficiência Cardíaca que vai existir em regime de hospital de dia, ou seja, os doentes vão fazer o tratamento ao hospital durante o dia, mas depois vão dormir a casa». O Serviço de Urgência + terá uma Unidade da Dor para os doentes que tenham dor no peito possam ser melhor estudados «e uma quantidade maior possa ser mandada para casa em segurança. São uma série de novas unidades que vão ser agregadas à Cardiologia e que no fundo vão diminuir os Internamentos + », referiu o responsável.
Devido à junção de duas novas unidades, a Cardiologia passará a ter 30 camas de Enfermaria e 10 nas Unidades de Cuidados Intensivos + .Quanto às expectativas do novo hospital, Almada Cardoso salientou que «são boas, porque visam corrigir as insuficiências actuais ao nível do número de camas, por exemplo a Cardiologia é daquelas especialidades, ao contrário de outras, em que não é possível diminuir o número de camas, não só por causa dos acidentes cardíacos agudos, mas também dos tratamentos prolongados, como as cirurgias ao coração».
Actual serviço já terá monitorização intraparto

Privacidade é a palavra de ordem na unidade de Obstetrícia
O serviço de Ginecologia/Obstetrícia no Novo Hospital + vai privilegiar a privacidade das parturientes. De acordo com o director da unidade no Hospital Central do Funchal, (HCF), Miguel Ferreira, a nova especialidade não terá grandes transformações, porque «nós temos as áreas necessárias para poder desenvolver um bom trabalho dentro da Obstetrícia e da Ginecologia». Este é um serviço que ainda integra a patologia mamária e, neste momento, o que está a ocupar mais o serviço é a oncologia, que está a aumentar com a esperança média de vida.
No entanto, o novo projecto contempla a privacidade das mulheres que estão à espera de um filho ou que já tiveram. «Acho que o facto de passarmos a ter duas camas por cada sala com casa de banho privativa é importante, porque lhes dá mais privacidade». Aquele especialista salienta que os quartos com duas camas é o ideal, porque assim as parturientes sentem-se melhor e têm mais condições «para poderem amamentar, para poder ter um familiar a acompanhar com algumas condições de hotelaria. Além disso, as boxes nas salas de parto têm de ser individuais».
Uma outra novidade, mas que já vai ser introduzida no actual hospital a partir de Janeiro do próximo ano, é a monitorização intraparto. «Hoje em dia, a máquina dá-nos registos de alertas que nós, como humanos que somos, levamos mais tempos a chegar lá. Assim, a computorização vai disparar uma série de alarme muito mais precocemente e isso já vai entrar neste hospital e logicamente que no outro vai ter também».
Na opinião de Miguel Ferreira, o novo Hospital terá melhores condições, porque será um edifício construido de raiz. O que acontece com as instalações actuais da unidade de Ginecologia/Obstetrícia é que foram adaptadas e por isso as condições não são as melhores.Actualmente este é um serviço que tem 70 camas e vai passar a ter pouco mais de 60 no novo Hospital.Quanto aos especialistas, depois de anos sem ter internos, o HCF tem neste momento sete o que permitir melhorar o quadro de profissionais.


Manuel França Gomes + conhece apenas o que tem saído na comunicação social
Ordem dos Médicos + não foi ouvida
A delegação regional da Ordem dos Médicos na Madeira não foi ouvida aquando da apresentação oficial do novo Hospital da Madeira, que decorreu em meados de Setembro, no auditório do Arquivo Regional da Madeira.
Manuel França Gomes, presidente da delegação regional daquela Ordem, explicou que «a apresentação foi feita aos responsáveis pelos diversos sectores, serviços e departamentos do actual Hospital Central do Funchal, nesse contexto como nenhum de nós chefia algum serviço ou sector é evidente que a Ordem acabou por não ser ouvida, nem sequer indirectamente, por outro lado ao nível da Ordem dos Enferemiros já se verificou, porque elementos da Ordem ocupam lugares de chefia aqui no Hospital». Portanto, continuou, «o que é um facto é que a Ordem dos Médicos não foi ouvida, mas também acho que não devia ser ouvida, porque nada depende da Ordem».
Agora, «depois da apresentação não tem havido dentro do hospital qualquer tipo de divulgação, nem discussão sobre a nova unidade de saúde. Portanto, o que eu conheço e a grande maioria dos colegas é o que tem vindo nos jornais, principalmente a maqueta do novo hospital», confessou o responsável regional pela Ordem dos Médicos.

É preciso mudar a cultura de funcionamento das unidades
Utente tem de ser o centro
Os enfermeiros «são os primeiros» a defender a construção de um novo hospital para a Madeira, mas mesmo assim manifestam algumas preocupações e querem que algumas situações sejam corrigidas.
Uma delas é terminar com a ideia de que o hospital é o centro do sistema. Segundo o presidente da delegação regional da Ordem dos Enferemeiros (OE), Élvio Jesus, o utente deve ser o centro do sistema de saúde e neste caso o hospital seria apenas mais um recurso a juntar-se a muitos outros como é o caso dos centros de saúde.
Por isso, Élvio Jesus defendeu que é preciso mudar a cultura de funcionamento dos serviços de saúde e do hospital. «Não podemos ter um hospital talhado à medida da carreira médica. Temos um hospital com muitas capelinhas. Há uma fragmentação dos espaços de trabalho, que obrigam o doente a percorrer isso, com custos enormes de eficiência e desconforto para o utente». Por isso, aquele responsável defende que a filosofia do novo hospital «tem de ser o mais independente das carreiras profissionais possível e o de garantir uma gestão dos utentes, quer em internamento, quer em Ambulatório + de forma a que seja o centro e que os prestadores façam parte do utente e não o contrário, ou seja, aponta para uma gestão diferente do que é actualmente». Agregar e não fragmentar é a palavra de ordem.
Em relação aos espaços de trabalho, Élvio Jesus salientou que tem de haver áreas para formação e investigação mas multidisciplinares e não destinado apenas para a carreira médica.
Quanto à filosofia de que o novo hospital será apenas para tratamento de doentes agudos, o responsável pela OE não concorda e defende que deve haver mais respostas para os idosos, tanto no hospital, mas também fora da unidade. Até que a longevidade da população está a levar à morbilidade. Daí que seja necessário disponibilizar condições dignas, tanto aos profissionais como aos utentes.
Uma das grandes novidades no novo hospital é a redução de 14 por cento do número de camas do hospital, tendo o responsável sublinhado que essa é uma questão que é preciso ainda mais reflexão.
No final, Élvio Jesus defendeu ainda que é preciso também criar espaço para os familiares que cuidam dos doentes.
Fonte: Jornal da Madeira