
O ministro da Saúde informou ontem estar em "fase adiantada" o processo que permitirá às farmácias vender medicamentos que até agora eram apenas fornecidos pelos hospitais, mas a Associação de Farmácias lamenta a demora."Encontra-se em fase adiantada a preparação da dispensa, pelas farmácias, de alguns produtos farmacêuticos até aqui de fornecimento exclusivamente hospitalar, os quais serão acessíveis aos doentes crónicos mediante acordo caso-a-caso, entre hospital e farmácia", referiu o governante na abertura do colóquio "Enquadramento da actividade farmacêutica", a decorrer no Parlamento.O presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), João Cordeiro , mostrou-se surpreendido por medidas consideradas prioritárias, como a receita por substância activa ou a dispensa pelas farmácias de medicamentos até agora exclusivamente fornecidos pelas farmácias hospitalares, ainda não terem avançado."Foi uma medida que recebeu consenso nos grupos de trabalho. É difícil entender a demora. e receio que [as novas regras] sejam implementadas com aspectos restritivos: caso a caso, farmácia a farmácia e dependente do interesse dos hospitais", referiu João Cordeiro, acrescentando que há situações graves de doentes que têm de se deslocar para comprar o medicamento que necessitam."Há consenso dos grupos técnicos, agora é necessária vontade política. Face ao atraso, penso tomar um calmante e ter um bocadinho de paciência, certo de que o Compromisso Saúde (protocolo assinado com o Governo) vai ser integralmente cumprido", afirmou, referindo que a ANF não poderá pressionar o Governo para uma decisão mais rápida.O presidente da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed ), Vasco Maria, referiu por seu lado que a dispensa nas farmácias de medicamentos até agora de uso exclusivo hospitalar deverá ser colocada em prática dentro de alguns meses.Na lista destes medicamentos deverão estar algumas terapêuticas para doentes oncológicos e para a SIDA. No discurso de ontem, o ministro fez ainda um balanço de dois anos e meio de governação, afirmando que neste período foi produzido "um conjunto de medidas legislativas coerentes que compõem a mais importante reforma do sector, nos últimos quarenta anos".Neste pacote incluiu a venda de Medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias, o fim da exclusividade de propriedade, o alargamento dos horários de funcionamento destes estabelecimentos e a abertura de farmácias de venda ao público nos hospitais públicos.
Fonte: Jornal da Madeira.