O consumo de abóbora, pela sua fácil digestibilidade e quantidade de fibra e água, ajudam na regularização do processo digestivo.
Imagine-se no típico cenário daquela que foi a noite das bruxas com a arrepiante abóbora de olhos e boca iluminados exclamando "Bem vindos à grande família das cucurbitáceas!". Tenho a certeza que este legume já o divertiu mais nos festejos da noite das bruxas que o contrário. Mesmo para os mais pequenos, a figura "eviscerada" continua a ser o simpático legume que conhecem desde os primeiros purés. Quanto à família não estranhe se entre pepinos e os seus congéneres aboborinha e courgette encontrar outros imponentes e bojudos legumes e frutos como a moganga, o melão e a melancia.
Assim sendo, vejamos como é que este gigante alaranjado pode afastar alguns dos seus problemas de saúde e até mesmo, porque não, se tornar amigo íntimo da família cucurbitácea! Tal como em todos os legumes, e este não seria excepção apesar do seu tamanho, o valor energético é baixo (20 Kcal por 100g abóbora cozida). A título de exemplo, as mesmas 100g de batata cozida somam 85 Kcal, o que faz da abóbora um excelente parceiro para aumentar a consistência das sopas e enriquecê-las de vitaminas, minerais e fibras sem aumentar o valor calórico das mesmas.
Comecemos pela cor que revela a riqueza em beta-caroteno, nutriente que confere o tom alaranjado e que irá se transformar em vitamina A no nosso organismo. Tal como em outros legumes os carotenóides que emprestam os tons verde escuros e avermelhados são conhecidos por melhorar o sistema imunitário (defesa do organismo), capacitar o organismo de Antioxidantes + de forma a melhorar a sua eficácia na regeneração das células e tecidos. Os estudos sobre o efeito antioxidante dos carotenóides concluem que a sua ingestão através de produtos hortofrutícolas é de extrema importância na prevenção e tratamento de problemas relacionados com doenças degenerativas relacionadas com Envelhecimento + , aterosclerose, cancro e Diabetes + .
O teor em fibras na abóbora cozida é de 1.4g por 100g, isto representa uma quantidade não muito elevada, especialmente quando comparada com a maioria das frutas e legumes que oferecem em média 2 a 3 g por 100g. Se pensarmos em termos de tolerância alimentar, o consumo de abóbora pela sua fácil digestibilidade e quantidade de fibra e água ajudam na regularização do processo digestivo, desde a mastigação passando pela sensação de plenitude gástrica e menor esvaziamento estomacal com as repercussões que daí surgem no controlo de peso, até ao trânsito intestinal.
Na sua composição nutricional merece destaque a quantidade de potássio, um dos minerais que deverá ser ingerido em quantidade superior àquela que se faz de sódio (mineral ingerido no sal adicionado) e que fica responsável pelo equilíbrio da água no organismo. Quando assim acontece, melhora o controlo da pressão arterial e funcionamento do aparelho cardiovascular e diminui a retenção de líquidos.
Por fim, depois de "eviscerada" sobram as pevides, ou melhor as sementes, que limpas e assadas no forno são uma excelente fonte de gordura vegetal insaturada, proteína, vitaminas do complexo B e E, potássio, fósforo, ferro, zinco, magnésio e cálcio. Em termos energéticos vale a pena referir que o valor calórico nas sementes ascende às 522 Kcal por 100g, o teor de proteína de 0,9g na polpa sobe para 32,9g, a quantidade de gordura que ficava pelos míseros 0,3g na polpa aumenta para 42,1g, o teor de magnésio e potássio sobem respectivamente para 534mg e 806mg, a quantidade de fibra totaliza 4g por 100g, etc. Sem querer maçar o leitor com valores acrescentaria que a utilização das sementes de abóbora sem sal em iogurtes e saladas cruas constitui um óptimo suplemento alimentar na melhoria do estado nutricional e terapêutico no combate a parasitas intestinais (a cucurbitina ajuda a ténia a separar-se da parede intestinal).
Ricardo Oliveira
Ricardo Oliveira
Fonte: Diário de Notícias
