o candidato a bastonário, Pedro Nunes, diz que a ordem deve ser independente
O Serviço Nacional de Saúde + (SNS) está em crise e a Saúde em Portugal "em risco de piorar".
O Serviço Nacional de Saúde + (SNS) está em crise e a Saúde em Portugal "em risco de piorar".
O alerta é de Pedro Nunes, bastonário em exercício e candidato a bastonário da Ordem dos Médicos + (OM) nas eleições de 12 de Dezembro, que esteve no Funchal na última quarta-feira para uma acção de campanha.
Embora admita que na Região os problemas não sejam tão evidentes como no continente, o SNS, explica, está a ser desagregado e destruído "por questões de natureza estritamente económica e muito por ignorância". Os médicos deixaram de estar nos centros de decisão que estão agora ocupados por gestores e políticos que pouco sabem acerca de Saúde e Medicina. Por isso, fecharam-se centros de saúde no interior, encerraram-se serviços de Urgências + e os médicos estão a ser 'empurrados' do público para o privado.
Pedro Nunes não poupa nas críticas: "Era preciso que houvesse um ministro e um governo inteligente para que os médicos fossem acarinhados no SNS. Se não houver esse governo inteligente e se a ordem abdicar das suas responsabilidades, a destruição do SNS é garantida". Por enquanto ainda não há solução à vista. 60% dos médicos têm mais de 50 anos e só dentro de quatro ou cinco anos haverá jovens aptos a preencher as vagas nos serviços do Estado. É por esta razão que o bastonário em exercício afirma que a OM defende um aumento dos números 'clausus' (limite de vagas) dos cursos de medicina. Mas os problemas com o SNS não são os únicos 'braços-de-ferro' que a Ordem tem vivido com o Governo nos últimos tempos. A mudança do código deontológico, a tentativa de fazer com que os médicos 'piquem o ponto', ou mesmo a indefinição na lista de objectores de consciência quanto ao Aborto + , são apenas algumas das questões que têm vindo a ser discutidas entre Governo e OM.
Pedro Nunes assume abertamente que não é correligionário de nenhum governante, nem defende qualquer partido. Como dirigente da Ordem diz que o seu papel é "velar pela qualidade da medicina que é praticada". Por isso, tem "de tratar todos os ministros, secretários regionais ou outros, da mesma forma. O que for correcto tem de ser aplaudido, o que não for tem de ser criticado".
Ordem deve de ser independente
Pedro Nunes é um dos três candidatos a bastonário da Ordem dos Médicos. Tem como palavras-chaves da candidatura a independência e a experiência. São também esses aspectos que defende a candidatura de Isabel Caixeiro à presidência da Secção Regional do Sul (órgão a que pertence o conselho distrital da Madeira), cargo que já ocupou no último triénio. "Estou convicto de que a postura que interessa aos médicos é a de independência", afirma.
Quanto às relações com a Madeira, Pedro Nunes mostra conhecer bem a realidade da Saúde e Medicina regional e afirma que não tem tido dificuldades em ser compreendido pelos 'colegas' madeirenses.
Diz que enquanto dirigente da Ordem sempre viu as 'especificidades' da Região explicando que é por essa razão que procurou, enquanto líder da OM, conferir ao conselho distrital da Madeira a autonomia que merece. "Os médicos da Madeira têm de se autogovernar", defende. É por isso que a Ordem na Região tem um 'envelope' financeiro próprio.
Na recente deslocação ao Funchal, em que visitou os hospitais e o Centro de saúde + do Bom Jesus, Pedro Nunes aproveitou para prestar contas do que fez na OM nos últimos três anos. "A postura ao nível nacional da Ordem também influencia aquilo que na Madeira se pensa sobre os médicos, como tal é minha obrigação vir à Madeira dizer o que é que eu penso dessa representação." A prova final sobre o que os médicos madeirenses pensam sobre Pedro Nunes, será revelada a 12 de Dezembro.
longa experiência
Pedro Manuel Mendes Henriques Nunes nasceu em Lisboa em 1954. Licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa + em 1977.
Mestrado em Ciências Morfológicas após prestação de Provas de Capacidade Científica e Aptidão Pedagógica à Faculdade de Ciências Médicas (1985); Especialista de Oftalmologia pela Ordem dos Médicos e da Carreira Médica Hospitalar.Fundou em 1979 o Sindicato Independente dos Médicos.
Coordenador do Departamento Internacional da Ordem dos Médicos (1998-2004) e membro do LC EFMA-WHO (Comité de Ligação do Fórum Europeu das Associação Médicas Nacionais com a Organização Mundial de Saúde + ) de 1998 a 2004.
Vice-Presidente do Comité Executivo do Comité Permanente dos Médicos Europeus (2002-2003) e Primeiro Vice-Presidente do Comité Permanente dos Médicos Europeus eleito para o biénio 2004/2005.
Presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos (2001-2004).Bastonário da Ordem do s Médicos (2004-2007).
Opiniões
Manuel Brito
O ex-director clínico do Hospital do Funchal durante vários anos. Aceitou ser o mandatário na Madeira da candidatura de Pedro Nunes pelo mandado que fez na OM. "Revelou, no cômputo geral, que está bem informado e que é profissional". Além disso, afirma que o candidato é culto, "conseguiu transmitir serenidade com firmeza", provando não ser uma pessoa que 'deriva' com facilidade. As boas relações que sempre manteve com a Região é outra das razões apontada.
Ana Marques
Representante do Sindicato Independente é mandatária na Região de Isabel Caixeiro porque reconhece a sua capacidade de diálogo e de execução. Diz apoiar Pedro Nunes porque "ele não se 'volatiliza' com a hora do dia, com os banquetes, nem com a cor e as palavras mansas do ministro da Saúde, e é saber que este ministro ficará particularmente incomodado com a sua eleição e congratular-me se isso acontecer". Diz ainda que vai trabalhar com qualquer das equipas que ganhe na Região.
Fonte: Diário de Notícias