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sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ANTIOXIDANTES » DEFENDER O ORGANISMO

Carla Silva Pereira
Assim como hoje se fala bastante sobre o aumento do stress, da pressão do dia-a-dia, da poluição, do consumo excessivo de álcool e tabaco, ou da ingestão de alimentos ricos em gorduras e açúcar, também se fala dos suplementos de antioxidantes e da sua acção protectora no organismo.

Porquê? Porque o actual estilo de vida e a maioria da alimentação das populações urbanas não permite, regra geral, a ingestão de quantidades suficientes de alimentos ricos em antioxidantes.

A Dr.ª Alva Seixas Martins, nutricionista, explica que os antioxidantes, no fundo, ajudam a neutralizar o excesso de radicais livres que se formam no organismo, exactamente por influência desses factores pouco saudáveis associados à vida contemporânea.
«A acção negativa dos radicais livres deve-se ao facto de se ligarem às estruturas nobres do nosso corpo, como é o caso do ADN (código genético com a informação para o organismo) e poder construir todos os seus componentes, das paredes das células aos componentes do suco gástrico inutilizando-as para as suas funções», diz a nutricionista.

Claro que a melhor forma de obter estas substâncias protectoras é através de uma alimentação saudável e adequada a cada um, pois certos alimentos, além de serem ricos em vitaminas e minerais com poder antioxidante, tais como as vitaminas A, C e E, zinco, magnésio e selénio, contêm outras essências naturais que combatem eficazmente os radicais livres e outras substâncias que podem dar origem ao cancro.
Mas, «em certas circunstâncias é necessário e aconselhável recorrer a suplementos antioxidantes», afirma Alva Seixas Martins, completando:

«Quando devidamente ponderados, em função da situação clínica do doente, podem ajudar a prevenir e a reduzir o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares, assim como dos processos degenerativos responsáveis pelo envelhecimento precoce».

«Os antioxidantes e outros suplementos nutricionais têm um papel particularmente importante no idoso», continua, «pois o organismo tem menos capacidade de defesa, quando comparado com um jovem».
Uma das alterações inerentes à idade tem a ver, por exemplo, com a taxa de absorção.

«Sabemos que os idosos a partir de certa altura devem tomar um suplemento de vitamina B12, porque sofrem uma diminuição da acidez do estômago, o que impede a sua absorção. Ela pode existir na alimentação mas o idoso pode não conseguir retê-la no seu organismo», sublinha a especialista.

Ainda de acordo com a mesma nutricionista, «ainda há pouco tempo foi feito um estudo que demonstrou que fazer uma alimentação rica em vegetais, tomar suplementos de ómega3 e praticar exercício físico, melhorava a qualidade da sua memória e prevenia o aparecimento da demência senil e outras doenças degenerativas».

Cuidado com as doses
Alva Seixas Martins não deixa, no entanto, de referir que, «segundo experiências realizadas, os suplementos de nutrientes isolados, em doses muito acima dos valores diários recomendados, não são a resposta». As doses devem, pois, ser bem estudadas em qualquer caso, especialmente nas pessoas com uma idade avançada, porque podem surgir complicações com os fármacos que tomam.

«As pessoas tendem a considerar que os suplementos de vitaminas ou de substâncias naturais (como por exemplo o alho) não devem fazer mal, portanto tomam-nos independentemente de necessitarem deles ou não. Pensam “O que não mata, engorda!”», comenta a nutricionista, acrescentando:

«Mas tudo tem aspectos positivos e negativos. Devem-se analisar as circunstâncias de cada pessoa e depois adequar os suplementos, tendo sempre presente que doses muito altas aumentam o risco de desequilíbrios nutricionais ou de interacções com outros medicamentos.»

Se tomados de uma forma contínua e durante um longo período de tempo também podem ter um efeito contrário. «Alguns minerais e vitaminas, como as lipossolúveis, quando em excesso, podem ser tóxicos não só para o idoso como também para os adultos e as crianças», concretiza a nossa interlocutora.

Para além disso, o recurso a suplementos não deve fazer descurar uma alimentação cuidada, privilegiando os alimentos de origem vegetal, assim como a prática de actividade física regular, seja qual for a faixa etária.
«A nossa longevidade está a aumentar, mas não a qualidade das nossas vidas. Ser sedentário, além de contribuir para o envelhecimento geral, faz com que aumentemos de peso, mesmo que se coma o mesmo. Portanto, vamos emagrecer o nosso prato, temperá-lo com muito sabor e cor, rematados ou precedidos por uns passeios, mais ou menos vigorosos, ou quem sabe, de outras actividades mais radicais», remata Alva Seixas Martins.
Fonte: Medicina & Saúde