
"Não somos ouvidos nem cosultados pelo IDT. Há uma insensibilidade por parte da direcção do IDT e houve uma degradação geral dos serviços com a saída de funcionários, a diminuição das consultas, imensa burocracia e não temos um só computador que funcione", disse ao JN, Domingos Neto, director do Centro Regional de Alcoologia (CRA) do Sul.
Rui Moreira, que dirige o CRA do Norte, junta a sua indignação à do colega. "Desde que fomos integrados no IDT até hoje, nunca o instituto quis ouvir os directores dos serviços de alcoologia, nem o que pensamos ou a estratégia que defendemos", refere este médico, há três anos à frente da unidade localizada no Porto.
Também Augusto Pinto, que dirige o CRA do Centro, com sede em Coimbra, abandonou funções. Em conjunto, apelam ao ministro da Saúde, Correia de Campos + , para que "salvaguarde o património da alcoologia", antes de aprovar o novo regulamento do IDT, que em breve lhe será entregue.
Estes médicos - que há anos dão consultas e acompanham o tratamento de doentes alcoólicos segundo uma metodologia de proximidade, criada em 1988 -, não aceitam que lhes tenham sido retiradas a investigação, formação e prevenção da alcoologia.
Estas áreas passarão para os Centros de Resposta Integrada (CRI) cujo modelo de funcionamento, diz Rui Moreira, era seguido pelos CRA.
Reclamar um estatuto
Se o regulamento for aprovado, passarão a estar na dependência de um único director. E por isso, reclamam que lhes seja conferido o mesmo estatuto das CRI. Como exemplo, Domingos Neto refere o diagnóstico nacional da doença "que foi completamente ignorado pelo IDT".
E aponta também "os três cursos de formação que o IDT pediu que fizéssemos este ano para ajudar a preparar os funcionários dos 40 Centros de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) que existem e mandaram-nos parar".
A decorrer está um abaixo-assinado de protesto, na tentativa de sensibilizar o ministro da pasta para o que está a acontecer "Estamos a andar para trás e não para a frente, que deveria ser o objectivo", afirma Domingos Neto. "Estamos revoltados porque trabalhamos que nem doidos e ainda nos tiram condições", diz, por sua vez, Rui Moreira, que alega ter o Centro das Taipas menos anos e prestígio do que os CRA.
O JN tentou ouvir o presidente do IDT, João Goulão, o que se revelou impossível, já que este, de acordo com o seu gabinete, se encontrava a participar numa reunião de coordenação europeia.
Directores pediram perda da exclusividade
Os três directores solicitaram a passagem do regime de exclusividade de 42 horas para 35 horas sem exclusividade.
CRA funcionam com menos de 50 técnicos
Os centros regionais de Alcoologia funcionam com menos de 50 técnicos e um orçamento anual inferior a um milhão de euros (200 mil contos), refere o abaixo-assinado.
16 mil consultas feitas no Norte até Outubro
A produtividade dos CRA não pode ser posta em causa, diz Rui Moreira, responsável pela unidade do Norte. Até 31 de Outubro, o CRAN efectuou 16 223 atendimentos.
Equipa com 11 técnicos suporta todo o Norte
O CRAN é composto por seis médicos, três psicólogos e duas assistentes sociais. Cada médico concede 6,6 consultas por dia e é de 5,4 a média diária consultas dos psicológos.
CRAN regista 806 novos doentes em dez meses
O Centro Regional de Alcoologia do Norte atendeu de Janeiro a Outubro de 2007, 806 novos doentes.
Menos 154 primeiras consultas em alcoologia
Nos primeiros dez meses de 2006, o CRAN deu 960 primeiras consultas. Este ano, foram registadas menos 154.
Fonte: Jornal de Notícias