
Ontem, o adversário de Pedro Nunes que passou à segunda volta, Miguel Leão, deu uma conferência de Imprensa para acusar Pedro Nunes de "não ter coragem para assumir as suas responsabilidades". Meia hora depois, o Conselho Regional do Norte daria uma conferência com o mesmo discurso.
Para Miguel Leão, o "abandono de funções" por parte de Pedro Nunes - após o acto eleitoral da passada quarta-feira em que ficou 2,45% atrás do seu adversário - significa "mau perder". Miguel Leão aproveitou ainda para criticar o "momento" da decisão quando foi pública a resolução da Procuradoria-Geral da República de intentar uma acção contra a Ordem, a propósito do Código Deontológico + [que é contra a Interrupção voluntária da gravidez + ]".
O mesmo discurso
Para o Conselho Regional do Norte, esta suspensão significa "uma falta de respeito, por não haver justificação válida; uma falta de respeito perante todos os médicos; e uma falta de espírito democrático, ao não aceitar a vontade expressa dos médicos".
Em duas conferências seguidas, na Ordem dos Médicos no Porto, Miguel Leão e o Conselho Regional do Norte afinaram pelo mesmo diapasão "Nós não estamos aqui para defender a candidatura de Miguel Leão. Fizemos esta conferência por não concordarmos com a atitude desse senhor. O Conselho Regional tem de se pronunciar sobre isto. A verdade é que suspendeu o seu mandato sem avisar. Soubemos pela TSF. Se Pedro Nunes entende que não se sente representado, então que nem sequer se apresente à segunda volta", afirmou José Moreira da Silva, presidente deste Conselho.
O outro lado da história
Perante tudo isto, Pedro Nunes é peremptório. "Lamento que o dr. Miguel Leão não tenha as qualidades éticas necessárias para ser um bastonário. A ânsia de poder é tão grande que o ofusca e, francamente, não lhe admito que ele julgue a minha idoneidade e a minha coragem".
Sobre a suspensão do seu mandato, Pedro Nunes voltou a justificar-se. "Não tenho representatividade democrática. Não posso ser eu, ainda à espera dos resultados de uma segunda volta, a falar pela Ordem, a representar os médicos. Nem eu, nem o dr. Miguel Leão. Não podemos falar pelos médicos agora".
De resto, a falta de uma maioria absoluta, na passada quarta-feira, obrigou a uma segunda volta, agendada já para o próximo dia 16. Os resultados da primeira volta revelaram uma votação massiva em Miguel Leão, no Porto e em Braga, tendo este ganho em Vila Real e Viana de Castelo, por um diferença mínima. Miguel Leão ainda empatou em Bragança, mas de Aveiro para baixo os votos não o favoreceram.
O dia 16 de Janeiro decidirá, então, quem será o próximo bastonário, numa competição que não tem primado pela elegância, à semelhança, aliás, do sucedido com outras ordens, recentemente (ver textos abaixo).
16 Janeiro é a data da segunda volta das eleições para o cargo de bastonário da Ordem dos Médicos, depois da primeira volta realizada na última quarta-feira.
11 000 médicos irão às urnas no próximo dia 16, para decidir quem será o próximo bastonário da Ordem, um universo crescente nos últimos anos.
Fonte: JN