Frieiras são uma doença provocada pela exposição ao frio que atinge, sobretudo, as zonas mais expostas ao ar e humidade: mãos, pés, nariz e orelhas. Pode também aparecer, embora menos frequentemente, a nível dos cotovelos, joelhos e partes inferiores das pernas.
Manifesta-se por uma inflamação dolorosa da pele que fica branca, fria, insensível, com comichão, inchada e vermelha. Em casos mais graves, podem levar à formação de bolhas e dar origem a feridas. Não sendo uma doença grave, é, no entanto, bastante incomodativa provocando algum sofrimento.
As pessoas que sofrem de frieiras têm reacção anormal ao frio. Têm dificuldade em manter a temperatura corporal das zonas expostas, por alterações verificadas a nível dos pequenos vasos sanguíneos superficiais que se contraem e apertam excessivamente, não permitindo que o sangue circule, normalmente, até às extremidades e aqueça a pele.
Afecta muitas pessoas no nosso País, particularmente, as mulheres e, entre estas, as mais jovens e os idosos. Na sua origem parecem intervir factores genéticos, hormonais (as mulheres possuem pior circulação nas extremidades e reagem pior a mudanças de temperatura, devido nomeadamente às alterações menstruais) e problemas circulatórios.
As condições climatéricas tais como o frio e a humidade são factores desencadeantes e agravantes. A doença é mais frequente nos meses de inverno e nas regiões do País com temperaturas mais baixas e húmidas (a humidade aumenta a condutividade do frio) e em particular nos meios rurais. Aqui, também, relacionada com o tipo de trabalho realizado na agricultura que expõe as pessoas mais frequentemente ao frio.
Tratamento
Os cuidados preventivos são essenciais para evitar o aparecimento das queixas sendo consideradas as medidas mais eficazes: as casas devem estar bem aquecidas, e devem usar-se roupas adequadas (luvas, calçado apropriado, gorros de lã, etc.). Se tiver tendência para sofrer de frieiras deve proteger-se do frio, cobrindo as zonas afectadas com roupa de preferência de lã. As frieiras melhoram com o calor pouco intenso e com a massagem suave da zona afectada. O exercício físico moderado é útil, pois activa a circulação sanguínea aumentando a temperatura corporal. Não deve aquecer directamente as mãos no calorífero a altas temperaturas.
As lavagens repetidas das mãos por causa da louça e outras actividades domésticas facilitam o aparecimento de frieiras.
As frieiras são difíceis de tratar e podem persistir por vários anos. Em geral curam-se por si só, apenas com o recurso às medidas preventivas.
Em casos graves podem ter utilidade fármacos com acção vasodilatadora que melhora a circulação do sangue nas extremidades. Devem ser usados por indicação médica. Também deve solicitar um conselho médico se as frieiras criarem bolhas ou ulcerarem, pois podem necessitar de cuidados especiais. É errado aplicar cremes com cortisona, pois estes produzem uma vasoconstrição secundária, que vai agravar ainda mais o problema circulatório que é a causa desta doença.
Existem produtos “naturais” usados nesta doença, mas sem estudos científicos que comprovem quaisquer benefícios no seu tratamento, pelo que devem ser evitados. Muitos deles, para além de não terem utilidade terapêutica, podem causar ainda mais irritação na pele.
Fonte: Jornal do Centro de Saúde