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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

PETIÇÃO EM PROL DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS

"Não aceite para os filhos dos outros ou para os filhos de ninguém aquilo que nunca aceitaria para os seus". Este é o mote da petição em prol das crianças vítimas de abusos sexuais que será entregue em meados de Janeiro ao Presidente da República. O abaixo-assinado, que está a correr o país, já juntou mais de 7.000 signatários, entre os quais, meio milhar de madeirenses. "Existe um trauma escondido que é ignorado pelo Governo", aponta Eugénio Perregil, 28 anos, natural dos Prazeres (Calheta). Este jovem licenciado em Teologia deu corpo ao manifesto durante o curso de Direito. Hoje, é um dos coordenadores da petição que tem em Maria Clara Sottomayor, docente da Escola de Direito do Porto da Universidade Católica Portuguesa, a signatária número um.
"Os crimes de abuso sexual de crianças foram tipificados pela primeira vez, no Código Penal de 1995, e têm sido silenciados pela sociedade", lê-se no prefácio da petição. Talvez por isso, o manifesto reivindique uma "vontade política, séria, firme e intransigente no combate organizado de tráfico de crianças para exploração sexual e na protecção das crianças confiadas à guarda do Estado".
Partindo do princípio de que a culpa não é do juiz mas do legislador, os mais de sete mil signatários propõem uma autêntica revolução legislativa. Exigem uma lei severa que consagre um dever de respeito pelo sofrimento das vítimas e que puna quem viola os direitos fundamentais das crianças. Assim surgiu a ideia de proibir a aplicação da pena suspensa e a deliberação de medidas de coacção não inferiores à prisão preventiva para condenados e arguidos em processos-crimes ligados à pedofilia.
Tendo em conta que os traumas muitas vezes desembocam em comportamentos desviantes como suicídios, que em nada abonam a justiça portuguesa, a moção propõe ainda medidas que proíbam a repetição dos exames, dos interrogatórios e das perícias psicológicas às vítimas, assim como o "direito à criança à audição por videoconferência, sem 'cara a cara' com o arguido" e a ser acompanhada com uma pessoa da sua confiança sempre que tiver de prestar declarações. Do outro lado, no banco dos magistrados e das direcções das instituições que acolhem crianças, os signatários desta petição querem ver pessoas com formação psicológica e jurídica especializada. A celeridade dos casos é outra das bandeiras do manifesto. Entendem os signatários que estes casos merecem "uma política criminal que dê prioridade à investigação de crimes de abuso sexual de crianças e de recurso ao sexo pago.
Chegar ao plenário

A petição pode ser subscrita na Internet, através do endereço: http://www.petitiononline.com/criancas/petition.html, criado para o efeito. São necessários pelo menos 4.000 subscritores, mas essa meta já quase foi duplicada. Em meados de Janeiro, a petição será entregue em mão ao Presidente da República, Cavaco Silva, e ao Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama. Depois, será agendada a discussão em plenário e a petição publicada na íntegra em Diário da República. Há ainda a intenção de formalizar um movimento cívico activo em defesa das crianças vítimas de abusos sexuais, para que a 'bandeira' não esmoreça.
Fonte: DN