Os acidentes vasculares cerebrais (AVC + ) são, em Portugal, a primeira causa de morte, provocando também, nas vítimas que lhes sobrevivem, graus de deficiência gravosos para a sua qualidade de vida. Já é reconhecido internacionalmente que, além dos estilos de vida seguidos pelo paciente, nomeadamente em termos de alimentação, exercício ou Hábitos tabágicos + , há factores genéticos que predispõem mais ao risco de AVC. Uma equipa de investigadores portugueses está a averiguar quais os genes implicados na doença. Mais o seu interesse foca-se também nos genes que contribuem para a melhor recuperação observada em algumas pessoas.Desconhecem-se ainda quais os factores genéticos que, associando-se aos ambientais, predispõem a um AVC. Até agora, só alguns tipos muito raros de AVC estão identificados como de base genética. Esses casos são devidos ao contributo de um só gene.
Sabe-se, em relação a este problema de saúde tão frequente em Portugal, que há um risco acrescido para familiares de um doente que o tenha sofrido. Está em andamento um projecto de investigação que tem como objectivo identificar quais os genes envolvidos neste processo, que ocorre quando um vaso sanguíneo do cérebro fica obstruído e provoca a morte do tecido em redor, podendo afectar funções como a linguagem e os movimentos. Num AVC mais raro e grave pode dar-se o rebentamento de um vaso sanguíneo.
Pequenos contributos
Astrid Moura Vicente coordena a pesquisa que, a partir de amostras de sangue de doentes com menos de 65 anos e também de indivíduos saudáveis, quer chegar aos genes responsáveis pelos AVC. Segundo nos descreve esta especialista em Bioquímica + e genética molecular humana, é extraído o DNA de uma amostra, e é analisada a sequência deste. São verificados os genes que codificam proteínas e que têm uma função compatível com o que a ciência já conhece da biologia dos AVC. As amostras de doentes são comparadas com as do grupo de controlo (o das pessoas saudáveis). Se for encontrada uma diferença na sequência de um gene, poderá ser observado, numa base estatística, se tal assume significado na doença.
Conforme nos referiu a mesma cientista, nas patologias ditas multifactoriais ( que têm componente genética e ambiental) há normalmente múltiplos genes a contribuir para a susceptibilidade ou predisposição à doença. E o contributo de cada um pode ser muito pequeno.
Astrid Moura Vicente coordena este estudo. Ela trabalha no Instituto Gulbenkian de Ciência + s (onde conta com a colaboração de Sofia Oliveira) e no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge + . As amostras para análise da sequência do DNA são seleccionadas e fornecidas por uma equipa clínica do Hospital de Santa Maria + . Um dos alvos do estudo consiste na procura dos genes envolvidos na recuperação, que podem não ser os mesmos implicados no AVC, até porque o grau de recuperação varia muito de pessoa para pessoa.
O estudo coloca a hipótese científica de haver genes diferentes envolvidos nas vias de neuroprotecção e nas de neuroinflamação. A nível internacional este é um campo ainda menos estudado. As hipóteses colocadas apontam para genes envolvidos no processo, mas ainda só há estudos em ratinhos de laboratório.
Genes da dependência
Cientistas chineses anunciaram a descoberta de 396 genes relacionados com a dependência de drogas como Cocaína + , ópio, Nicotina + e Álcool + , o que pode abrir caminho para tratar o abuso dessas substâncias, informava ontem a imprensa estatal chinesa.
A equipa de cientistas da Universidade de Pequim descobriu também a informação genética relacionada com a dependência e identificou cinco trilhas biológicas comuns ao vício nas quatro substâncias, segundo o jornal oficial chinês China Daily.
Fonte: JN