Dra. Tereza Paula
As infecções vaginais ou vaginites são uma causa muito frequente de consulta. A maior parte das mulheres já teve ou irá ter uma infecção vaginal no decurso da sua vida. Algumas vaginites são de transmissão sexual outras não; resultam do desequilíbrio da flora vaginal que pode ocorrer em qualquer momento da vida.
Os micro-organismos mais frequentes implicados nestas infecções são a Candida albicans, Trichomonas vaginalis e a Gardnerella vaginalis esta última responsável pela vaginose bacteriana.
Existem outras causas menos frequentes como a atrofia da mucosa vaginal na mulher na pós-menopausa ou que está a amamentar, a utilização de substâncias irritantes químicas como por exemplo alguns produtos de higiene íntima com perfume, o contacto com materiais que causam alergias como por exemplo os pensos diários ou a roupa interior de material sintético ou os corpos estranhos.
A vaginose bacteriana e a Candidíase não são habitualmente transmitidas por via sexual ao contrário da Tricomoniase.
A Candidíase é a infecção vaginal mais frequente. É causada na maior parte das vezes pela Candida albicans. Cerca de 75% das mulheres irão ter pelo menos um episódio na sua vida e 40 a 45% terão dois ou mais episódios.
Os sintomas associados a esta infecção são um corrimento branco e espesso associado a prurido. Pode também ocorrer edema, sensação de queimadura, dor nas relações sexuais e ardor ou dor a urinar.
Observa-se uma vermelhidão vulvo-vaginal e por vezes fissuras na vulva. Em muitas mulheres estes sintomas aparecem durante tratamentos com antibióticos que desequilibram a flora vaginal.
A identificação de Candida na ausência de sintomas, por exemplo na citologia do colo do útero, não é indicação para tratamento porque podem fazer parte da flora vaginal normal.
O tratamento desta infecção é efectuado com cremes ou óvulos de aplicação vaginal podendo por vezes em casos mais complicados poder ser por via oral. Geralmente o tratamento é de curta duração e resulta em alívio dos sintomas em 80 a 90% dos casos.
Algumas mulheres têm Candidíases recorrentes e nestas os tratamentos tendem a ser mais prolongados. O tratamento do parceiro sexual não é recomendado a não ser que ele tenha sintomas ou quando as infecções são recorrentes.
Durante a gravidez esta infecção é frequente e o tratamento é semelhante. Ter em atenção que sempre que se utilizam terapêuticas locais, a nível da vagina, pode haver diminuição da eficácia do preservativo.
A infecção por Trichomonas vaginalis manifesta-se por um corrimento vaginal esverdeado com um cheiro desagradável e ardor vulvar.
O tratamento é feito por via oral e o parceiro sexual deve ser tratado pois esta é uma infecção de transmissão sexual. Durante este tratamento deve ser feita abstenção de bebidas alcoólicas.
A vaginose bacteriana é uma infecção vaginal que resulta da substituição da flora vaginal normal
por outro tipo de bactérias. Esta infecção manifesta-se por corrimento abundante branco acinzentado com cheiro fétido que agrava após as relações sexuais e menstruação, mas pode cursar sem sintomas.
O tratamento é feito por via oral ou vaginal e não é recomendado o tratamento do parceiro sexual. Durante a gravidez deve ser efectuado um exame às secreções vaginais (exsudado vaginal) para despiste de infecções que possam conduzir a complicações nomeadamente ao parto pré-termo.
Higiene adequada, evitar a aplicação de produtos que desequilibrem a flora vaginal, evitar a depilação completa assim como o uso de pensos diários ou de roupa muito apertada são formas de prevenir algumas destas infecções.
A existência de corrimento é normal nas mulheres, tão normal como a transpiração pois resulta da secreção das glândulas existentes no colo do útero. Este corrimento pode variar em quantidade dependendo da altura do ciclo menstrual, da idade da mulher ou da utilização de anticoncepcionais. O importante é estar atenta aos sinais que possam indicar infecção e nessa altura recorrer ao seu médico.
Dra. Tereza Paula,
Ginecologista/Obstetra na Maternidade Alfredo da Costa,
Voluntária na Associação para o Planeamento Familiar
Fonte: Saúde em Revista