Dr. Jorge A. Ruivo
Assiste-se, de uma forma transversal, ao envelhecimento da população mundial. Portugal não é excepção. A população idosa é estimada em cerca de 1,3 milhões de pessoas. Destas, cerca de 1,7 por cento têm mais de 90 anos.
Quando se pensa em ter saúde na idade adulta, muitas pessoas dão atenção apenas à longevidade. Desenganem-se, porque o objectivo não é só viver muito, é também viver bem!
O desenvolvimento exponencial do poder curativo da medicina tem sido apontado como o principal determinante do aumento da longevidade. Mas, a qualidade de vida após os 50 anos não é dada, antes merecida. A melhor maneira para assegurar qualidade na segunda metade de século de vida é estar em forma de maneira a aproveitá-la.
Assim surge o conceito "Fit after fifty". O exercício regular aeróbico permite reduzir o impacto dos factores de risco para doença cardiovascular, principal causadora da mortalidade neste grupo etário, ao ajudar no controlo do peso, redução da pressão arterial, e na diminuição dos níveis de açúcar e de gorduras no sangue.
Melhorar o sono e tonificar músculos
O exercício permite ainda a manutenção de uma boa saúde através de outros benefícios: aumenta a saúde emocional, alivia o stress; melhora o padrão de sono; aumenta flexibilidade (ajuda a manter independência); aumenta a coordenação e equilíbrio (o que diminui o número de quedas); aumenta a densidade mineral óssea (diminui o risco de osteoporose e fractura); tonifica os músculos e tendões; combate a depressão; diminui a probabilidade de desenvolver a doença de Parkinson e de Alzheimer.
No outro extremo, o exercício físico agudo vigoroso pode despoletar morte súbita e enfarte do miocárdio na presença de doença cardíaca subjacente, particularmente em indivíduos não acostumados a actividade física regular. À medida que os indivíduos sedentários começam (ou reiniciam) um programa de exercício, existe um período de risco acrescido em que o esforço pode desencadear um evento cardiovascular. No entanto, os benefícios do exercício geralmente sobrepõem-se aos riscos associados.
Rastreio cardiovascular prévio
Desta forma, o rastreio cardiovascular de pré-participação desportiva nesta população, antes do início de programas de intensidade moderada a elevada, é especialmente importante para identificação de doença cardiovascular subjacente (geralmente doença isquémica coronária), e mesmo para delimitar objectivos de treino.
A maioria das pessoas com mais de 50 anos beneficia de um plano de treino alargado, que inclua treino de endurance, força, flexibilidade e equilíbrio. O mais importante é a noção de que deve começar de forma gradual. Seja paciente. Não tem de se exercitar vigorosamente para receber benefícios de saúde imediatos. Pequenas quantidades de exercício em pessoas outrora sedentárias despoletam enormes benefícios de saúde. O treino é um processo. Tem o resto da vida para o aperfeiçoar
Conselhos
- Faça sempre um bom aquecimento;
- Controlar a sua frequência cardíaca (cardiofrequencímetro de pulso);
- Alongue no final;
- Hidratação durante o treino;
- Use equipamento adequado (calçado, palminhas anti-choque...);
- Convide um companheiro/a para treinar;
- Procure sempre fazer actividade física no seu dia-a-dia, independentemente do seu treino;
- Registe e anote os seus progressos semanalmente;
- Se tiver de interromper o seu treino por dias ou semanas, recomece com metade da intensidade de treino;
- Se dói, não faça. Modifique ou evite esses exercícios.
A maioria das pessoas com mais de 50 anos beneficia de um plano de treino alargado, que inclua treino de endurance, força, flexibilidade e equilíbrio.
Dr. Jorge A. Ruivo,
Medicina Desportiva, Club Clínica das Conchas
Fonte: Jornal do Centro de Saúde