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sexta-feira, 8 de maio de 2009

DOENÇA INFLAMATÓRIA DO INTESTINO AFECTA SOBRETUDO PESSOAS EM IDADE ACTIVA



Carla Rodrigues


Para assinalar o Dia Europeu da Doença Inflamatória do Intestino, patologia que afecta mais de 13.500 portugueses, a Associação Portuguesa de Doença Inflamatória do Intestino (APDI) realiza uma acção de sensibilização, com distribuição de folhetos informativos sobre a Doença de Crohn e Colite Ulcerosa, uma aula de yoga e um piquenique, no dia 9 de Maio, no Parque da Cidade do Porto.





Pensadas para criar um ambiente de relaxamento e convívio entre os participantes, as actividades são abertas à população em geral e decorrem ao longo do dia, entre as 10.30m e as 17 horas, naquele espaço, ao ar livre, da cidade do Porto.




A Doença Inflamatória do Intestino (DII) engloba duas patologias: Doença de Crohn e Colite Ulcerosa. Manifesta-se, sobretudo, em jovens adultos com idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos, e exerce um impacto muito forte na qualidade de vida dos doentes.




Um inquérito realizado pela APDI e pelo GEDII (Grupo de Estudos de Doença Inflamatória do Intestino), em 2007, revela que um terço dos doentes de Crohn e com Colite Ulcerosa sentem dificuldades no dia-a-dia, bem como dores, ansiedade e depressão, realidades que interferem na sua vida pessoal e profissional. A análise revela, ainda, que 10 por cento dos doentes chegaram a perder o emprego devido à doença, uma vez que os sintomas obrigam a ausências prolongadas, consultas médicas e internamentos frequentes. Numa altura em que se o mercado de trabalho vive momentos de crise, estas ausências prolongadas fazem com que muitas entidades patronais contabilizem estas faltas, ainda que justificadas, como factor de ponderação em situações de despedimento.




O tratamento destas patologias passa por terapêuticas escalonáveis que começam com o grupo dos anti-inflamatórios de acção tópica no tubo digestivo, passando depois pelos corticosteróides, pelos imunomodeladores e pela terapêutica biológica (anticorpos anti-TNF), o único tratamento que têm demonstrado uma diminuição do número de cirurgias e internamentos associados à DII. No entanto, a intervenção cirúrgica ainda é a única solução quando há perfurações, abcessos ou estenoses.




A DII não é curável, logo o tratamento deve ser efectuado durante toda a vida. Mas, apesar de ser uma doença crónica, não é classificada como tal no nosso país. Esta é "luta" diária da APDI, conforme refere Ana Sampaio, presidente da APDI "aguardamos pelo reconhecimento oficial da Doença Inflamatória do Intestino como doença crónica, doença já assim classificada pelos médicos".




Para muitos doentes, a APDI é a única alternativa para conhecer melhor este problema de saúde, sobre o qual a maior parte da população sabe muito pouco. Ana Sampaio afirma que "o primeiro sentimento em relação à doença é o desconhecimento do que é a doença e do que será viver para sempre com ela. Na APDI temos experiência de convivência com a doença. As dores de barriga, a diarreia, o cansaço, a dúvida do futuro, todos nós já passámos por isso. Também temos muita informação escrita e no site www.apdi.org.pt para respondermos as questões destes doentes e dos seus familiares".










Sobre a DII e sua incidência




A DII engloba duas patologias: a Doença de Crohn, que se caracteriza-se por uma inflamação crónica que pode afectar qualquer segmento do tubo digestivo, comprometendo, mais frequentemente, o intestino delgado no seu segmento terminal (íleo); e a Colite Ulcerosa, doença crónica que afecta a camada interna (mucosa) que reveste o intestino grosso ou cólon, deixando-a inflamada e com pequenas feridas na superfície (úlceras) que podem sangrar. Diarreia, dor abdominal, fadiga, febre, emagrecimento e sangue nas fezes são os sinais e sintomas mais frequentes destas patologias.




Segundo um estudo realizado em 2007 pelo GEDII - Grupo de Estudo de Doença Inflamatória Intestinal, em Portugal existem mais de 13.500 casos de DII, e destes cerca de metade sofre de Doença de Crohn e a restante parte de Colite Ulcerosa. Este estudo refere, ainda, que a incidência da patologia é de sete novos casos em cada 100 mil portugueses, do que se conclui que existem, por ano, 70 novos casos de Doença de Crohn e outros 70 de Colite Ulcerosa.








Sobre a ADPI




A APDI foi criada em 1994 e conta actualmente com cerca de 2000 associados, o que a torna uma das maiores associações de doentes em Portugal. O seu objectivo consiste em apoiar e aconselhar os doentes de Crohn e Colite Ulcerosa, informar e divulgar estas patologias e promover a investigação sobre as suas causas e tratamentos, em cooperação com os médicos, enfermeiros, indústria farmacêutica, serviços e entidades públicas.




A nível nacional, é membro da União Distrital das IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social e da Plataforma da Saúde. A nível internacional é membro da EFFCA - Federação Europeia das Associações de Doentes de Crohn e Colite Ulcerosa.










Fonte: LPM Comunicação