Lara Faria
No âmbito do 3º International Consultation on Sexual Medicine que decorreu em Paris, realizou-se em paralelo um simpósio dedicado à Ejaculação Prematura e ao seu impacto nos casais. Um estudo apresentado deu a conhecer algumas das consequências na relação: redução do prazer sexual, da qualidade de vida e da confiança no desempenho sexual. Comunicar, evitar o silêncio e debater o assunto são essenciais para combater este problema do casal.
O colóquio dedicado ao tema "O "outro" problema sexual: falar sobre Ejaculação Prematura e o seu impacto nos casais", levou a debate alguns temas fulcrais deste problema que afecta 1 em cada 4 homens. A apresentação esteve a cargo da professora Alessandra Graziottin, directora do Centro de Ginecologia e Medicina Sexual do Hospital San Raffaele Resnai, em Itália.
Segundo um estudo divulgado nesta conferência e realizado a 1,587 homens a quem foi diagnosticado Ejaculação Prematura, as consequências desta doença afectam o homem e a sua companheira em diversos aspectos, como redução dos níveis de função sexual, redução dos níveis de satisfação, redução geral da qualidade de vida, aumento dos níveis de angústia e aumento dos níveis de dificuldade interacção pessoal.
Alguns dados revelam ainda que metade dos inquiridos confirmam os efeitos negativos da Ejaculação Prematura na auto estima e confiança, revelando que atingir o clímax muito cedo lhes causa perca de confiança no seu desempenho sexual. Destes, 26% afirma ainda que a mesma situação os deixa menos confiantes mesmo fora do quarto.
Esta análise dá a conhecer também a percepção do homem sobre o tempo da ejaculação e aos seus efeitos na relação, sendo que 53% reconhece o desapontamento da parceira em relação ao seu problema de Ejaculação Prematura. Por outro lado, 50% declara que a relação com a companheira seria mais forte se a conseguissem satisfazer melhor ao nível sexual.
O impacto da Ejaculação Prematura na qualidade de vida do casal pode assim ser avaliado em três itens essenciais na percepção deste problema, como revela Alessandra Graziottin: "a capacidade de controlar o tempo de ejaculação é uma importante manifestação de saúde sexual e bem-estar; perda ou ausência do controlo ejaculatório pode causar uma influência consideravelmente negativa na qualidade de vida do doente e da sua parceira; e, por fim, o aperfeiçoamento do controlo da ejaculação é um pré-requisito para o melhoramento da qualidade da intimidade erótica, da variedade do reportório sexual e da satisfação erótica."
Encarar a Ejaculação Prematura como um problema do casal é meio caminho para a resolução, segundo explicou esta oradora presente no simpósio. Conforme foi divulgado, "ambos os elementos do casal sentem que o "controlo" é a questão central da Ejaculação Prematura dado que a falta de controlo potencia a insatisfação tanto para o homem como para a mulher". A juntar a tudo isto, "a sensação de que algo importante falta na relação e os efeitos na intimidade."
O casal encara a Ejaculação Prematura de forma distinta, salienta Alessandra Graziottin. "O homem não aborda o assunto porque é relutante em discuti-lo ou simplesmente porque está em negação. No caso da mulher, a situação é enfrentada em níveis diferentes. Se por um lado, evita falar do tema, por outro quando tenta trazer o assunto em discussão o homem pode ser um obstáculo. Para além disto, existem uma série de sentimentos (frustração, raiva e silêncio) que podem causar irritabilidade e ruptura emocional."
O impacto da Ejaculação Prematura na vida do casal foi analisado em diversas vertentes e apresentado em cinco possíveis causas da deterioração da relação:” redução do prazer sexual; redução da confiança no desempenho sexual; redução da auto estima; redução da qualidade de vida; e danos na relação” finalizou.
Como meios de combate a especialista salienta “a importância da comunicação entre os casais, à qual não deve ser alheia o evitar do silêncio e o não recear de debater o problema”. Por fim, um conselho da especialista: “ser feliz!”
A prevalência da Ejaculação Prematura
No caso da preponderância da Ejaculação Prematura, em termos de grupo etários, o médico Jacques Buvat, do Centro de Estudos e de Tratamento da Patologia e do Aparelho Reprodutor e Psicossomático, mostrou alguns dados interessantes. A investigação apresentada demonstrou que este problema é transversal e abarca homens de todas as faixas etárias, situando-se a prevalência de casos na ordem dos 20% a 25%. De referir ainda que os homens entre os 18-24 anos e 65-70 anos são aqueles onde o problema da Ejaculação Prematura é mais diminuto.
Quanto aos países, os EUA arrecadaram o maior valor, com 24% dos homens a padecerem desta doença. Em termos gerais, no conjunto de diversos países, atingiram-se os 23% aos quais se seguiram a Alemanha e a Itália, ambos com valores de 20%.
Jacques Buvat salientou como barreiras de tratamento alguns itens que condicionam a resolução do problema, como “estigma, embaraço, e a percepção de que o problema é transitório, psicológico e uma parte normal do envelhecimento”. O médico acrescenta ainda “o facto dos homens não saberem o que fazer ou onde procurar ajuda, de não considerarem que o tratamento psicológico é o mais eficaz e, por fim, a insatisfação com o tratamento realizado.”
As conclusões finais deste orador colocam a Ejaculação Prematura como “uma disfunção sexual predominante em todos os países e grupos etários, sendo mais preponderante do que a disfunção eréctil.” Por outro lado, acrescentou ainda que, e ao contrário da disfunção eréctil, “o problema da Ejaculação Prematura não se agrava com a idade apesar de ser associada como um grande “fardo”. A finalizar, “lamentou o facto dos homens não procurarem, com frequência, tratamento para este problema, o que aliás acontece com outras disfunções sexuais.”
Fonte: ACROSS Comunicação