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terça-feira, 18 de maio de 2010

O exercício durante a gravidez

José Soares

O exercício tem vindo, ao longo dos tempos, a assumir um papel decisivo na adopção de estilos de vida saudáveis. Para além da alimentação, o exercício é um factor preponderante não só na prevenção de algumas doenças, com particular relevo para as patologias cardiovasculares, mas também como coadjuvante terapêutico.



A prática de actividade física durante agravidez é hoje um tema de inegável interesse e actualidade. Se atentarmos nas recomendações do prestigiado American College of Obstetrics and Gynecology (ACOG) ao longo dos últimos anos, percebemos que as posições se têm vindo a alterar gradualmente.


Num boletim técnico da ACOG de 1985 era claramente sugerido que a grávida não deveria realizar exercícios com uma frequência cardíaca acima dos 140 batimentos/minuto e não deveria realizar esforços intensos por períodos superiores a 15 minutos.


Alguns anos mais tarde, em 1995, a mesma organização estabelece claramente que não existem dados que permitam inferir que a grávida deverá limitar aintensidade do exercício, sob pena de aumentar o risco de efeitos adversos.


Mantendo, no entanto, a recomendação de serem evitados esforços exaustivos, em 2002, surge um documento oficial do ACOG com o título "Exercise during pregnancy and the postpartum period: ACOG Comitee Opinion 267". em que é claramente referido que, não havendo contra-indicações, a grávida deverá ser encorajada a realizar exercícios de média intensidade.


É a primeira vez que é recomendado formalmente que o exercício deverá fazer parte do estilo de vida da grávida. Tal como para qualquer outra pessoa, não havendo gravidez de risco, a grávida deverá seguir as normas orientadoras gerais do American College of Sports Medicine e do U.S. Center for Disease Control and Prevention.


Estas postulam que os adultos deverão realizar "30 minutos de exercício físicomoderado na maioria, senão na totalidade, dos dias da semana".


Apesar de não haver evidências que restrinjam o exercício físico nas grávidas, existem contra-indicações absolutas e relativas tal como se refere nas recomendações do American College of Obstetrics and Gynecology Comitee Opinion (para saber mais, www.acog.org).



Bem-estar na gravidez


Cerca de 90% das grávidas que praticam exercício, continuam a fazê-lo após o nascimento. Este facto é de extrema relevância, dado que o exercício durante a gravidez poderá ser um estímulo para a adopção de um estilo de vida activo com todas as consequências positivas que se conhecem da actividade física na saúde.


De uma forma geral, a grávida que faz exercício regularmente apresenta um sistema cardiovascular mais funcionante, uma menor prevalência de problemas musculoesqueléticos e, particularmente, uma menor incidência de lombalgias e dores pélvicas. Em termos psicológicos, estas mulheres, segundo alguns estudos, melhoram a auto-imagem, toleram melhor o stresse laboral e sofrem de menor instabilidade psicológica pós-parto.


Relativamente às recomendações práticas sobre o exercício para a grávida, salienta-se que para as futuras mães não habituadas a fazerem exercício, a caminhada, os alongamentos e as actividades holísticas do tipo ioga são altamente recomendáveis. De uma forma geral, as actividades que estão completamente contra-indicadas são o mergulho, as actividades em altitude, os exercícios com risco de queda e com risco de trauma abdominal.


O exercício durante a gravidez, salvo contra-indicações específicas, é altamente recomendável, contribuindo para a melhoria da auto-estima, do bem-estar e da saúde, tanto da mãe como da criança. Não esquecer que o exercício só deverá ser iniciado depois de consulta médica e o programa deverá ser sistematicamente ajustado à condição física da praticante, às suas condições clínicas e ao estado da gravidez.



Recomendações gerais para a prática de exercício na gravidez:


> Consulta médica prévia para determinar possíveis contra-indicações específicas;


> O exercício deverá ser imediatamente interrompido e consultado um médico, quando se registar qualquer uma destas situações: sangramento vaginal, dificuldades respiratórias durante e após o esforço, cefaleias, dor no peito, tonturas e/ou vertigens, fraqueza muscular, contracções uterinas, diminuição dos movimentos fetais, fluidos vaginais anormais.