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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

854 milhões em todo o mundo deitam-se com a barriga vazia

Zonas urbanas do primeiro mundo já são afectadas por subnutrição
Está muito longe de ser conseguido um dos Objectivos do Milénio, acordados a nível das Nações Unidas pelos países desenvolvidos, e que consistiria em reduzir para metade, face a 1992 e até 2015, o número de pessoas que no mundo são afectadas pela fome. Números avançados pela
ONU + indicam que todas as noites 854 milhões de crianças, homens e mulheres se deitam com o estômago vazio. Por contraponto, as sociedades do mundo desenvolvido debatem-se com o excesso de consumo de comida.
Foi ontem assinalado o Dia Mundial da Alimentação, que em 2007 a ONU tem como lema "O Direito à Alimentação", sublinhado pelo secretário-geral como "um direito humano fundamental". Segundo a mensagem de Ban-Ki-moon, "deve ser reconhecido o papel dos direitos humanos na erradicação da fome e da pobreza, bem como a relação entre desenvolvimento, direitos humanos e segurança".

Direito fundamental
O progresso neste campo tem sido "lento", admite o primeiro responsável da ONU e o elevado número de pessoas atingidas dá conta de que a realidade está muito longínqua das declarações feitas em 1996 por chefes de Estado de todo o Mundo na Cimeira Mundial da Alimentação, segundo as quais reconheciam como um "direito fundamental de todos ficarem livres da fome". Actualmente, cerca de 14% da população mundial sofrem de fome ou insegurança alimentar, o termo usado pela FAO + para caracterizar a falta de acesso a alimentos suficientes para a vida, a subsistência e a saúde.
Em cada dia que passa, cerca de 16 mil crianças com menos de cinco anos morrem por fome ou problemas a esta associados. E, no entanto, a agricultura está a produzir 17% mais de calorias por pessoa, por comparação ao que produzia há três décadas e mesmo tendo em conta que a população mundial aumentou 70% nesse período.
O que as Nações Unidas, através nomeadamente da sua agência para a alimentação e agricultura (FAO), têm procurado nos últimos anos é pôr em prática, nos países mais afectados pela fome, medidas para fazer sair as populações do ciclo de pobreza. As abordagens são feitas ao nível do trabalho, da terra, do uso e acesso à água, bem como nos campos da educação. Esta é uma tentativa para aliviar o problema da fome no Mundo, procurando substituir, mesmo no terreno dos conflitos armados, o envio de géneros alimentares.
Na lógica das Nações Unidas e da FAO, cada vez mais assumida internacionalmente, a fome e a subnutrição não são apenas causadas pela falta de acesso à comida, mas também pela pobreza, desigualdades de rendimento, falta de acesso aos Cuidados de saúde + , de educação, água potável e condições sanitárias.

Ganhos e retrocessos
Em dez anos, as acções internacionais conseguiram que menos 80 milhões de pessoas fossem atingidas pela fome. Mas um fenómeno novo está a tornar desconcertante esta conquista no cômputo geral, aumentou o número de famintos nos países desenvolvidos, o que reflecte o aumento das desigualdades mesmo em sociedades que parecem ter alcançado níveis económicos elevados e se regem por regimes democráticos.
Portugal pobre
O país já faz parte do grupo dos países desenvolvidos e oficialmente não tem população a sofrer de fome. Tem, contudo, uma faixa significativa atingida por carências alimentares. Portugal detém a terceira mais alta taxa de pobreza no conjunto dos 25 membros da UE, já após transferências sociais. Os mais atingidos são os idosos isolados 46% deles são pobres.

Por todo o Mundo
A maior parte dos países em que a fome e a subnutrição grassam, num conjunto de 115 países avaliados pela FAO, está localizada no Sul da Ásia e na África sub-sariana. A Eritreia, a República Democrática do Congo + e o Burundi contam- -se entre os casos mais graves.

Os mais atingidos
De acordo com a FAO, a nível mundial, as pessoas mais vulneráveis à fome são os agricultores sem terra, os moradores dos bairros de lata dos grandes aglomerados urbanos, as populações das zonas de conflito armado e também muitos dos doentes com HIV-sida. Desastres naturaisSecas e inundações estão na origem de desastres humanitários expressos pela fome. Só neste Verão, milhões de pessoas foram afectadas na Ásia, na África, América Central e América do Sul.
Fonte: Jornal de Notícias