
Recentemente, o ministro da Saúde, Correia de Campos + , avançou que há a pretensão de alargar o número de vagas no curso de Medicina. Este ano lectivo, as faculdades disponibilizaram 1.400 lugares, a ideia do governo é aumentar para duas mil o número de vagas. Para o presidente do conselho regional da Madeira da Ordem dos Médicos + , Manuel França Gomes, esta é uma medida demagógica, porque as universidades não têm condições para mais alunos, nem capacidade formativa.
Pura demagogia. É o comentário que o presidente conselho regional da Madeira da Ordem dos Médicos (OM) faz à pretensão do governo da República de alargar as 1.400 vagas disponibilizadas este ano no curso de Medicina para duas mil ao longo dos próximos anos.Manuel França Gomes, quando confrontado pelo nosso jornal com essa possibilidade, começou por lembrar que foi o mesmo governo que prometeu, em campanha eleitoral, 150 mil empregos aos portugueses. «Já veio a prova que foi mentira, assim como acho que a ideia do senhor ministro da Saúde que quer ou vai inventar mais 600 vagas nas universidades de Medicina, é demagogia pura», assegurou.
O objectivo do governo é colmatar a falta de médicos que existe em Portugal, mas Manuel França Gomes salienta que as faculdades não têm capacidade formativa para mais alunos. E o exemplo dado por aquele presidente do conselho regional da OM foi o da recente medido ministro da Saúde, Correia de Campos, de criar mais 50 vagas na área da medicina familiar do que aquelas que eram possíveis. Por causa disso, «há médicos que estão a tirar essa especialiade da medicina familiar sem que haja capacidade formativa, porque cada médico responsável por internos pode ter à sua responsabilidade três, e com essa obrigação há muitos que têm cinco ou seis internos», denunciou. Esta é uma situação «humanamente impossível de suportar, porque os indivíduos não estão a ser suficientemente bem formados. Com a questão das faculdades vai ser a mesma coisa».Manuel França Gomes alerta que se a medida for em frente, o que vai acontecer nos próximos quatro a cinco anos é que vai haver médicos no desemprego, tal como aconteceu em Espanha. «Só que os médicos espanhóis vieram para Portugal, agora os médicos portugueses que depois ficarem Supranumerários + vão para o mar», ironizou.Neste sentido, a massificação do ensino para aquele responsável não é a solução para um sector como o da saúde. «Ao abrir-se mais vagas vão ser criados técnicos super especializados que depois não têm emprego, sobretudo num país pequeno e pobre como o nosso», alertou uma vez mais.
A solução para Manuel França Gomes é dar a opção ao médico, quando acaba curso, de decidir entre exercer apenas no público ou no privado. Assim, acabava com a dicotomia público/privado. «Mas não há inteligência em Portugal para fazer isso». De qualquer modo, uma solução destas obrigaria aos portugueses a ter um maior poder de compra que actualmente não têm para pagar pacotes de seguros como «se vê por essa Europa fora».
Fonte: Jornal da Madeira