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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dirigente da ordem admite: Há mais médicos com sida

Pedro Catarino
A medicina do Trabalho detectou um cirurgião seropositivo
O cirurgião infectado com o vírus da sida (VIH), detectado pelos serviços de Medicina do Trabalho, pode não ser caso único no País. A falta destes serviços na esmagadora maioria dos hospitais públicos leva a que não sejam detectados mais casos de infecção da sida e das hepatites B e C em pessoas que desconhecem ser portadoras dos vírus. Tal como a população em geral.
Quem não tem dúvidas de que haverá mais profissionais de saúde, incluindo cirurgiões, infectados com os vírus da sida e das hepatites é Carlos Santos, presidente do Colégio de Cirurgia da Ordem dos Médicos. “Tal como acontece na sociedade, também os profissionais desconhecem se são portadores de vírus se não fizerem o rastreio. Como mais de metade dos hospitais públicos não dispõe de Medicina do Trabalho é certo que há mais casos de infecção.

”O risco de contágio a doentes é ínfimo e, por isso, os pacientes do médico seropositivo não serão chamados a fazer rastreio, uma vez que não houve incidentes. No entanto, este pode ser obrigado a deixar de operar e a exercer outra actividade clínica, apesar de se ter especializado no tratamento de doenças através das técnicas de laparoscopia. A decisão depende do parecer do Colégio da Infecciologia da Ordem dos Médicos, emitido nas próximas semanas e que será seguido pelo Colégio da Cirurgia. As autoridades de Saúde também já foram informadas.

Contactadas pelo CM, a administração e direcção clínica do hospital onde trabalha o cirurgião seropositivo disseram não ter conhecimento oficial do caso, que será avaliado, salvaguardando os direitos dos doentes e do médico.

APONTAMENTOS

RISCO ÍNFIMO
Um dos pareceres jurídicos emitidos sobre este caso refere que “o risco médico de transmissão de VIH de um cirurgião para um doente, por acidente percutâneo durante um procedimento invasivo, é de 2,4 a 24 por milhão”.

DENTISTA INFECTADO
O primeiro caso conhecido de um médico contagiar um doente ocorreu no final dos anos 80. A americana Kimberly Bergalis foi infectada pelo vírus numa consulta para a extracção de um dente com um dentista seropositivo.

SEM CONTÁGIO
Fizeram-se análises de despiste ao VIH a 22 mil doentes tratados por 63 profissionais de saúde infectados (33 dentistas, 13 cirurgiões e outros) nos EUA e não houve contágios.
Cristina Serra
Fonte: Correio da Manhã