Os três enfermeiros chegaram à conclusão de que não havia tempo para chegar ao hospitalUma menina nasceu no final da manhã de ontem dentro de uma ambulância, no interior do quartel dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, a nove minutos do hospital mais próximo.
Carla Godinho, de 27 anos, dirigiu-se ao quartel dos bombeiros pelas 10h00, com fortes contracções, para ser transportada para o hospital. “Calculei mal as coisas e quando percebemos já não dava tempo de sair dali porque a criança estava a nascer”, revelou ao CM.
Carla Godinho, de 27 anos, dirigiu-se ao quartel dos bombeiros pelas 10h00, com fortes contracções, para ser transportada para o hospital. “Calculei mal as coisas e quando percebemos já não dava tempo de sair dali porque a criança estava a nascer”, revelou ao CM.
A menina acabaria por nascer 20 minutos depois, com 2,950 quilos, no interior de uma ambulância estacionada no quartel, com a ajuda de Pedro Pires e Nuno Pedroso, de 22 anos, e Fernando Pontes, de 67 anos, os três bombeiros presentes.
Pedro Pires disse ao CM que este foi o primeiro parto a ocorrer no interior do quartel, mas não o único a acontecer dentro de ambulâncias da corporação. “Temos feitos muitos”, referiu. “Só eu já assisti seis partos e acontece com muita frequência.” Contrariamente ao que tem acontecido com frequência em localidades do Norte do País, onde o fecho de maternidades tem levado a que inúmeras crianças nasçam em ambulâncias na estrada, aqui é a proximidade em relação aos hospitais que explica o fenómeno.
“O problema aqui é ser perto de mais”, garante Pedro Pires. “Os hospitais ficam muito próximos. Estamos a nove minutos do mais próximo, e isso faz com que as parturientes pensem que chegam a tempo e recorram aos serviços da ambulância quando o trabalho de parto já está muito avançado.
”O bombeiro revelou também que a experiência de seis partos anteriores o levou a decidir rapidamente, em conjunto com o resto da equipa, a fazer o parto ali mesmo. “No estado em que a senhora estava era mais seguro fazer as coisas aqui e ela reagiu muito bem e foi muito colaborante”, disse ao CM.
A bebé, que se vai chamar Patrícia, nasceu às 37 semanas de gestação, sendo conduzida juntamente com a mãe ao Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa. Ambas encontram-se de “óptima saúde”.
NASCEM CADA VEZ MAIS NA ESTRADA
Devido à decisão do Ministério da Saúde de encerrar diversas maternidades em Portugal, principalmente no Norte, os partos em ambulâncias, a caminho do hospital, tornaram-se cada vez mais frequentes. O Ministério da Saúde mandou encerrar oito blocos de partos, localizados em Barcelos, Santo Tirso, Amarante, Lamego, Oliveira de Azeméis, Elvas (o primeiro a fechar portas), Mirandela e Figueira da Foz.
O concelho de Resende, no distrito de Viseu, lidera, até ao momento, o número de partos – cinco só nos últimos cinco meses – ocorridos no interior de uma ambulância na berma da estrada. Ao todo foram realizados, só no último ano, 32 partos fora do ambiente hospitalar no concelho. Todos os casos são assistidos por bombeiros, com a ajuda de um ‘kit’ de partos, que integra o material de base de qualquer ambulância.
Fonte: Correio da Manhã