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segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Osteoartrose ou simplesmente artrose?

As articulações (ver figura) são formadas pelos topos dos dois ossos que a originam e que se encontram cobertos por uma camada cartilaginosa (cartilagem articular). Estas estruturas são envolvidas e fechadas dentro de uma manga (cápsula articular) que é revestida internamente pela membrana sinovial. Este conjunto articular básico é depois abraçado por diversas estruturas (por exemplo ligamentos, tendões, músculos) que a consolidam, fortalecem e estabilizam.
A Osteoartrose ou artrose é uma doença das articulações caracterizada por alterações degenerativas, inicialmente apenas da cartilagem articular que depois se estendem também ao osso que se encontra subjacente a essa cartilagem (ver figura).
As artroses, ao contrário das artrites, não têm natureza inflamatória específica. A sede das alterações artrósicas encontra-se, de facto, na cartilagem articular que se vai degradando, rompendo e perfurando até deixar, nos casos mais avançados da doença, o osso subjacente a descoberto. Este fica assim exposto às forças de pressão, para que, ao contrário da cartilagem, não está preparado.
Estas lesões da cartilagem articular podem acontecer por variados motivos, em alguns casos conhecidos (por exemplo, traumatismos, fracturas, sobrecarga, mau uso e/ou excesso de uso articular, má congruência ou desalinhamento articular, doenças endocrino-metabólicas, doenças genéticas), mas, na sua maioria, não identificados, em que a herança genética é com certeza relevante. As lesões iniciais, em geral ligeiras, vão-se agravando sobretudo porque a cartilagem não é vascularizada (i.e. não tem vasos sanguíneos) como também não é inervada (i.e. não tem nervos). Pelo facto de não ter nervos, as lesões da cartilagem não doem, mas por não ter vasos, a cartilagem não tem a capacidade de se regenerar como têm os tecidos vascularizados.
Embora seja comum associar a artrose à idade avançada, o Envelhecimento + só por si não é a causa desta doença. Contudo, a partir dos 80-85 anos todas as pessoas têm artrose em pelo menos uma articulação, mesmo que não tenham sintomas. As artroses das mãos e joelhos são mais frequentes nas mulheres e as da anca nos homens.
Embora o mecanismo básico de desenvolvimento da artrose seja o mesmo, existem características anatómicas específicas de cada localização que lhes conferem alguma individualidade.

Diagnóstico de certeza
O diagnóstico de certeza de uma artrose é realizado quando se observam as suas características radiológicas típicas. É, por isso, essencial a realização de uma radiografia da(s) articulação(ões) afectada(s).
Existe muitas vezes uma dissociação entre as imagens radiológicas e as queixas dos doentes. Quer isto dizer que as alterações reveladas pelos Rx podem ser exuberantes com queixas mínimas ou mesmo inexistentes e que o doente pode apresentar-se muito queixoso com alterações ligeiras nas radiografias. Raramente são necessários exames de imagem mais sofisticados para estudar as artroses das articulações dos membros. Já em relação às artroses das articulações da coluna vertebral são, por vezes, necessários outros tipos de exame com maior precisão, como por exemplo a TAC.

Tratamento
O tratamento da artrose inclui medidas terapêuticas não farmacológicas e farmacológicas. Estas últimas englobam o uso criterioso de Analgésicos e Anti-inflamatórios sobretudo para debelar a dor e a rigidez. Os derivados da cortisona não têm utilidade nesta doença. Existem alguns fármacos que podem ter algum efeito no retardar e até na recuperação de alguns tipos de artrose (p.ex. sulfato de glucosamina, sulfato de condroitina e diaceraina).
Quando as artroses das grandes articulações não são muito avançadas, a viscosuplementação (i.e. injecção intra-articular de substâncias sintéticas com viscosidade semelhante à do líquido articular) pode ser útil. Quando as artroses são graves e os sintomas se mantêm mesmo com o doente em repouso está indicada a cirurgia de substituição articular em que se implantam próteses articulares. Estas próteses podem ser utilizadas em várias articulações mas são mais usadas e eficientes no joelho e na anca.
A artrose da coluna responde pior à terapêutica farmacológica. Neste caso, a cirurgia pode ser também necessária sobretudo quando existem hérnias discais associadas e/ou estenoses (i.e. apertos) do canal vertebral (i.e. onde está a medula) ao nível cervical ou lombar alto.
A abordagem terapêutica não farmacológica engloba medidas gerais de “higiene” do aparelho locomotor, que podem prevenir o aparecimento (?) mas sobretudo o agravamento de artroses já existentes. Por exemplo, a redução do peso corporal em obesos é uma medida essencial para o sucesso terapêutico das artroses do joelho, da anca e até da coluna vertebral.
Prof. Jaime C. Branco
Fonte: Médicos de Portugal