
No primeiro, marcado por uma indiferenciação sexual, em que não há muita expressão facial, a pele caracteriza-se pela fina espessura, pouca resistência e permeabilidade. Possui uma excelente capacidade de renovação, mas tem uma fraca adaptabilidade térmica.
A adolescência anda de mãos dadas com o despoletar das hormonas sexuais. As características sexuais ficam mais marcadas e surgem as primeiras pregas e rugas de expressividade. É neste período que a pele começa a ficar espessa, elástica, gordurosa e impermeável.
Na idade adulta a expressão torna-se mais vincada e definida. A pele começa a perder a oleosidade adquirida na fase anterior e as rugas acentuam-se. A resistência, contudo, mantém-se.
O «problema» surge na segunda metade da vida. A pele passa, então, a ser a zona corporal onde se manifestam os sinais evidentes do envelhecimento, neste caso, da pele.
«Na senescência começa a haver uma involução. A pele fica muito seca, rugosa e pouco resistente. Além disso, as rugas ficam muito vincadas, a permeabilidade diminui e a capacidade de renovação decresce», aponta o Dr. Fernando Ribas dos Santos, dermatologista, director do Serviço de Dermatologia do IPO do Porto.
Conceitos do envelhecimento
Convém, desde já, salientar que, no que diz respeito ao envelhecimento da pele, existem dois conceitos a ter em conta: o cronológico e o ambiental.
Tal como o nome indica, o envelhecimento cronológico é fornecido pela passagem dos anos. O ambiental, também designado por fotoenvelhecimento, é provocado por factores exteriores, tais como o sol, o tabaco, o stress, o vento, a água, a poluição, determinados fármacos e certas doenças.
«A pele tem uma função de barreira, que diminui com a mudança das suas características e com a redução da actividade das glândulas sebáceas. É a diminuição do filme hidrolípidico (sebo) e da permeabilidade, bem como a mudança da sudação e a perda da elasticidade e da espessura, que irá provocar uma atrofia epidérmica», explica Fernando Ribas dos Santos.
Segundo o dermatologista, «o processo de transformação desta camada da pele pode derivar em xerose (secura excessiva), elastose senil (pele muito fina e com imensas pregas), cutis romboidalis (forte espessura nos locais mais expostos ao sol), dermatocalasia (flacidez), leucomelanodermia (pigmentação irregular – pele manchada) e, entre outras, queratoses (verrugas)».
Na segunda camada da pele, vulgo derme, também ocorrem transformações. O director do Serviço de Dermatologia do IPO do Porto indica as mais relevantes:
«As fibras elásticas perdem a sua eficácia, originando elastose, e as fibras e células de colagénio, responsáveis pela sustentação da pele, vão-se quebrando. Além do mais, os vasos sanguíneos sofrem alterações, ficam mais sensíveis e podem sangrar com pequenos traumatismos.»
O envelhecimento cronológico é inevitável, mas o mesmo não se pode dizer do ambiental, em especial, quando não se têm certos cuidados.
Para Fernando Ribas dos Santos, o sol e os solários são os principais responsáveis pelo envelhecimento precoce da pele, sobretudo das zonas mais expostas (face e mãos).
«O sol causa fundamentalmente secura e rugas. É também responsável pelo aparecimento de lesões pré-cancerosas (actímicas), pela alteração da pigmentação (sardas e manchas) e telangiectasias (vasos dilatados)», refere o especialista.
Retardar o envelhecimento
Além da prevenção dos factores que provocam o fotoenvelhecimento, é possível retardar os sinais exteriores de uma pele velha, através da cosmética ou de métodos mais agressivos.
«O uso de cosméticos para rejuvenescer a pele resulta apenas nas fases mais precoces do envelhecimento da pele, sendo geralmente usados ácidos retinóicos e alfa-hidróxidos, antioxidantes (vitaminas A, C e E) ou terapêuticas hormonais de substituição sistémicas», menciona o médico.Os abrasões químicos – mais conhecidos por peelings – são actuações, consideradas mais agressivas, para «combater» as rugas, que podem ser usadas consoante o nível de atingimento – superficial, médio ou profundo.
Os abrasões físicos constituem outra opção, sendo em geral feitos com laser (resurfacing) ou usando uma técnica denominada rotatória, em que a pele é raspada com uma broca.
Contudo, os métodos anti-rugas não acabam por aqui...
«Dentro das técnicas semicirúrgicas, podem ser utilizados materiais de preenchimento, que são injectados debaixo das rugas. O ácido hialorónico é um deles, assim como o botox, cuja função passa por paralisar os músculos de expressividade», frisa Fernando Ribas dos Santos, não deixando de referir a existência de métodos cirúrgicos, como o facelifting, em que é necessário uma anestesia geral.
Pêlos e cabelos
Além da pele, outros locais existem onde é notória a chegada da velhice, ou não... Ao nível dos pêlos e cabelos, as transformações são evidentes. Ambos diminuem de diâmetro e o respectivo processo de crescimento é lento.
O folículo piloso atrofia e os cabelos, outrora coloridos, dão lugar aos brancos. É frequente haver perda de cabelo, denominada alopecia. Tanto os pêlos púbicos como os axilares diminuem, mas, por vezes, podem aparecer áreas com pêlos onde não seria suposto. A face é uma dessas áreas.
Fonte: Médicos de Portugal