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sexta-feira, 30 de novembro de 2007

INVESTIGADORES NORTE-AMERICANOS CRIAM RATO RESISTENTE AO CANCRO

Investigadores da Universidade de Kentucky, EUA, criaram uma estirpe de ratinhos resistentes a vários tipos de cancro e acreditam que a descoberta pode contribuir para terapias menos agressivas contra a doença.
O investigador Vivek Rangnekar, do Colégio de Medicina da Universidade de Kentucky, em Lexington, explicou que a ideia de criar este modelo animal partiu da descoberta anterior de um gene supressor de tumores chamado Par-4, na próstata. "Descobrimos originalmente o Par-4 na próstata, mas ele não está limitado à próstata", explicou Rangnekar.
"O gene é expresso em todos os tipos de células que verificámos e induz a morte de um largo espectro de células cancerígenas, incluindo, claro, as células cancerígenas na próstata", acrescentou. Apesar de matar as células cancerígenas, os investigadores descobriram que o gene Par-4 não danifica as células que funcionam normalmente e salientam que este facto faz com que ele tenha potenciais aplicações terapêuticas.

Para investigar mais os potenciais efeitos terapêuticos deste gene, Rangnekar introduziu-o num ovo de rato, que foi introduzido numa cobaia-mãe substituta. "A cobaia por si própria não expressava um largo número de cópias deste gene, mas as crias sim e as crias destas começaram a expressar o gene", disse Rangnekar, salientando que conseguiram desta forma transferir a actividade do gene para as futuras gerações de ratinhos com esta origem.
Sobreviver mais tempo

A investigação, financiada pelos Institutos Nacionais da Saúde norte-americanos, indica que os ratos manipulados que nascem com este gene não desenvolvem tumores e crescem normalmente. Os ratos com Par-4 conseguem, aliás, sobreviver mais alguns meses quando comparados com os animais não-manipulados que integram um grupo de controlo, indicando que a introdução do gene não tem efeitos tóxicos colaterais.
Rangnekar admite que há muito trabalho a fazer antes de aplicar esta pesquisa a humanos, mas refere que é o próximo passo. Os investigadores vão usar a descoberta para chegar a eventuais terapias que usem o Par-4 para combater células cancerígenas em pacientes que sofreram, por exemplo, transplantação de Medula óssea + ou alguns tipos de cancro.
Vivek Rangnekar, que afirmou ter passado pela agonia de ver um familiar sofrer com as actuais terapias contra o cancro, considera que os seus ratinhos resistentes à doença podem ser o primeiro passo para evitar os efeitos secundários tóxicos e destruidores da quimio e radioterapias.
A descoberta foi descrita no estudo "Cancer Resistance in Transgenic Mice Expressing the SAC Module of Par-4", da autoria da equipa constituída por Yanming Zhao, Ravshan Burikhanov, Shirley Qiu, Subodh M. Lele, C. Darrell Jennings, Subbarao Bondada, Brett Spear, e Vivek M. Rangnekar, publicado em Outubro no jornal Cancer Research.
Fonte: Ciência Hoje