Um estudo que é hoje divulgado no I Seminário Infância, Cidadania e Jornalismo, a decorrer na Fundação Gulbenkian conclui que, na globalidade, a criança surge nas notícias no papel de maltratada ou maltratante e ainda enquanto consumidor e aluno. "O retrato da infância resume-se a isto", comenta a coordenadora do projecto de investigação. De acordo com Cristina Ponte, o tema mais fequente na agenda noticiosa é o "risco social", com destaque para o subtema "violência social" (em geral a prisão ou julgamento de alegados abusadores sexuais) e a "delinquência" (por norma, assaltos ou ouros actos violentos cometidos por jovens). Os casos são noticiados em peças curtas, que não contextualizam o problema. Já no subtema "negligência, abandono e maus-tratos", as peças são mais longas e têm mais fontes de informação.Um ponto crítico nas notícias sobre crianças é o de os media terem pouco cuidado na protecção da identidade das vítimas de violação ou maus-tratos. Nesta última situação, as derrapagens são mais evidentes. Para Cristina Ponte, tal "deveria ser alvo de debate no meio jornalístico".
A educação surge como o segundo tema mais abordado. No entanto, adverte a coordenadora do estudo, quase tudo se resume ao debate entre Governo, sindicatos e Oposição. Faltarão também a reportagem, a investigação e as entrevistas. De igual modo, serão escassas as notícias internacionais sobre a situação da criança. Cerca de 80% das notícias são nacionais.
O estudo observou também os três canais de TV generalistas, concluindo que nos dois privados se destacam as referências continuadas aos mesmos casos de maus-tratos. Nota:Este documento pode conter links que não existem na versão original.
Fonte: Jornal de Notícias