Votos encontrados no chão, enfermeiros que não puderam votar por não constarem dos cadernos eleitorais, cartas colocadas nas urnas por funcionários administrativos. Estas são algumas das irregularidades encontradas pelos candidatos a bastonário da Ordem dos Enfermeiros + Carlos Folgado e José Correia de Azevedo que, juntos, vão entregar nos tribunais um pedido de impugnação das eleições que decorreram na passada semana.
Até ontem, ainda não eram conhecidos os resultados do processo eleitoral porque, de acordo com a Ordem dos Enfermeiros, faltava apurar os votos da Secção do Sul, a mais numerosa. Mas, para José Correia de Azevedo, a situação é outra: "Presumimos que as dificuldades sejam de tal ordem que se tornem insolúveis". De acordo com este enfermeiro, não há razão para tanta dificuldade de contagem de votos porque, de acordo com os seus cálculos, a abstenção da classe manteve-se em níveis muito elevados, da ordem dos 80%. Metade dos votos deverão ter sido entregues na secção do Sul, aquela que falta apurar.
Também Carlos Folgado afirma ter dados que provam que naquela secção "foram usadas urnas de papelão que ficaram a noite toda nas instalações da secção do Sul sem qualquer tipo de controlo ou fiscalização". E usa a palavra "palhaçada" para descrever todo este processo. O candidato já tinha apresentado queixa por não terem sido respeitados prazos de campanha.
Maria Augusta Sousa, a bastonária ainda em exercício, escusa-se a comentar estas acusações, mas refere que qualquer membro da Ordem tem o direito de impugnar o processo eleitoral, caso o entenda. E acrescenta não ter indicação de irregularidades "não solúveis". "As dificuldades encontradas são normais num processo com esta complexidade e foram progressivamente sendo resolvidas e as pessoas que o entenderam apresentaram reclamações", afirma.
Mas, de acordo com os outros dois candidatos, as irregularidades ocorreram por todo o País, tornando esta eleição "inquinada". José Correia de Azevedo refere que, só em Coimbra, houve 50 enfermeiros que tentaram votar e não estavam inscritos nos cadernos. E refere outros exemplos. Os votos enviados por correspondência não foram remetidos para um apartado, mas para a própria caixa de correio da Ordem. Numa das secções, "a caixa estava cheia e as funcionárias administrativas agarraram nas caras e colocaram-nas nas urnas, sem qualquer tipo de fiscalização dos votos ou das assinaturas", acusa.
A lista de irregularidades detectadas vai ser feita por ambos os candidatos, que vão hoje reunir-se com os advogados para apresentarem um pedido de impugnação.
Fonte: DN Lisboa