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sábado, 29 de dezembro de 2007

MENOS 300 MIL CONSULTAS

Os portugueses vão perder cerca de 300 mil consultas por ano nos centros de saúde devido à deslocação dos médicos de família para consultas nos hospitais. Esta é uma consequência directa do fecho de algumas Urgências hospitalares e Serviços de Atendimento Permanente + (SAP), decidido pelo Ministério da Saúde, acusa a Ordem dos Médicos + . Em declarações ao CM, José Manuel Silva, o bastonário em exercício, faz duras críticas às chamadas consultas abertas nos hospitais das cidades que perdem as Urgências hospitalares. “Ao se obrigar os médicos de família a fazerem “pseudoconsultas abertas nos hospitais vai comprometer-se o funcionamento dos centros de saúde porque vai retirar médicos de família aos doentes.”

Aquele responsável dá o exemplo do Centro de Saúde de Cantanhede. “Vai perder 30 mil consultas programadas por ano porque deixa de ser um médico para passarem a ser quatro médicos de família que vão fazer essas consultas nos hospitais, em substituição do fim da Urgência hospitalar”.

Segundo José Manuel Silva, 300 mil consultas programadas nos centros de saúde deixam de ser feitas. O responsável chega a este número ao multiplicar o número de consultas feitas por hora, por cada médico de Clínica Geral, e transpondo a realidade para os centros de saúde das cidades que perdem Urgências.

“Cada clínico faz cinco a seis consultas por hora. Se está escalado para o hospital em períodos de seis horas diárias, isso significa que ao fim de um ano são cerca de 300 mil consultas programadas que não são feitas nos centros de saúde.”

O bastonário em exercício critica esta assistência por entender que não é uma verdadeira consulta de Urgência nem consulta programada nos centros de saúde, tal como é definido pela Unidade de Missão dos Cuidados de Saúde Primários.

“As consultas abertas nos centros de saúde são destinadas aos utentes sem Médico de família + mas não são Urgências porque, por exemplo, a Sala de Observações do Hospital de Cantanhede – onde já está a funcionar este sistema – fechou”.
“Regime transitório”
Quem tem uma opinião contrário é o coordenador da Missão de Cuidados de Saúde Primários, Luís Pisco, que refere que as consultas abertas de médicos de família em hospitais são “casos muito pontuais e transitórios”, que terminarão quando houver suficientes Unidades de Saúde Familiar que respondam às necessidades da população.

Para aquele responsável, também faz sentido que uma unidade básica de Urgência, assegurada por médicos hospitalares, possa funcionar em centros de saúde quando houver instalações disponíveis, em vez de se pagar um aluguer de outro local.

POLÉMICA COM INSULINA
O Hospital de Castelo Branco pede aos diabéticos que levem de casa a Insulina + para os tratamentos de forma a evitar incompatibilidades e não para poupar dinheiro, disse o presidente do Conselho de Administração, negando assim acusações da Ordem dos Médicos. O bastonário em exercício, José Manuel Silva, referiu ontem que aquele hospital “pede aos doentes diabéticos para levarem a insulina de casa, uma vez que a insulina é comparticipada a 100 por cento. É uma forma de transferir os custos para os médicos de família”. No entanto, segundo Sanches Pires, presidente da unidade albicastrense, “é pedido às pessoas que chegam à unidade de Diabetes + que levem as canetas e a insulina que têm em casa para que não haja incompatibilidades”. Por outro lado, “a Unidade de Diabetes ensina e controla os doentes de forma mais rigorosa. É natural que haja acompanhamento feito com utensílios que usem em casa”, realça, acrescentando: “As medidas pretendem prestar o melhor serviço possível às pessoas”.

HELICÓPTEROS SEM MÉDICO
A Ordem dos Médicos alertou ontem para o perigo de acontecerem “casos fatais” se não forem colocados no terreno helicópteros de emergência a operar com médico, como estará previsto pelo Ministério da Saúde. “Irá inexoravelmente assistir-se a casos fatais”, estimou o bastonário em exercício da Ordem dos Médicos, sublinhando que não se podem transportar doentes graves sem acompanhamento médico. Em causa estão os helicópteros de suporte imediato de vida (SIV) para o Interior do País, cuja equipa será constituída por um técnico de emergência e por um enfermeiro. “É um acto criminoso do INEM + e do ministro”, comentou ainda José Manuel Silva.
O INEM anunciou que a emergência médica terá mais três helicópteros além dos dois actuais, devendo os novos aparelhos estar a voar em Outubro do próximo ano.
SAIBA MAIS
1,2 por cento de diminuição do número de Urgências hospitalares verificada nos primeiros nove meses deste ano em relação ao período homólogo de 2006.
15 serviços de Urgência vão encerrar no País de forma faseada. O primeiro foi o de Cantanhede (dia 15), o de Anadia (dia 22), e depois Fundão.

CONSULTA ABERTA
Período de consulta com marcação presencial ou telefónica só no próprio dia.

COMPLEMENTAR
Atendimento no centro de saúde fora das consultas regulares, ou seja, fora do horário normal do centro de saúde, após as 20h00.

URGÊNCIA
Acto de assistência prestado num estabelecimento de saúde, em centros de saúde ou hospitais, em instalações próprias, a um indivíduo com alteração súbita ou agravamento do seu estado de saúde. Cristina Serra
Fonte: Correio da Manhã