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sábado, 29 de dezembro de 2007

MOÇAMBIQUE: 500 VOLUNTÁRIAS SUBMETEM-SE A ESTUDOS MICROBICIDA

Quinhentas mulheres moçambicanas vão submeter-se voluntariamente a um ensaio clínico de uma nova microbicida vaginal, um gel que se espera poder servir como alternativa ao Preservativo + e prevenir infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV.
O ensaio será realizado a partir do próximo ano pelo Centro de Investigação de Saúde da Manhiça (CISM), na província de Maputo, instituição internacionalmente reconhecida por há muito desenvolver pesquisas de vacina da Malária + , num projecto financiado também pela Fundação Bill e Melinda Gates.

A introdução do projecto de microbicida foi lançada segunda-feira na Manhiça por iniciativa da presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Graça Machel, viúva do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, e actualmente casada com Nelson Mandela, líder histórico do Congresso Nacional Africano (ANC) e primeiro presidente da África do Sul democrática, após o fim do regime de «apartheid».

O projecto tem parceria do Ministério da Saúde, da Universidade Eduardo Mondlane e o Programa do Desenvolvimento de Microbicidas (MDDP).

Falando na cerimónia do lançamento, no distrito da Manhiça, Graça Machel admitiu que, como qualquer inovação, o ensaio clínico pode deparar com alguma resistência, mas declarou-se optimista pelo anterior «exemplo de sucesso» do CISM na investigação de Vacinas + para o combate à malária.

«O Centro de Investigação da Manhiça já demonstrou ao mundo que os moçambicanos têm capacidade para lutar contra os problemas que os afectam. A vacina contra a malária em crianças é disso exemplo», disse Graça Machel, viúva do primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel.

Sibone Mucumbi, médico envolvido no projecto, explicou que a ideia é passar para a fase do ensaio com um universo de 500 mulheres, esperando-se que 250 sejam do distrito da Manhiça e outras 250 da cidade de Maputo.

No início deste ano, investigadores puseram fim a estudos de um microbicida vaginal, o Ushercell, que se esperava poder prevenir a infecção pelo HIV após resultados terem demonstrado que o gel em causa parecia aumentar o risco de contrair o vírus da SIDA.

Um estudo envolvendo 1.500 mulheres na África do Sul, Benim, Uganda e Índia foi interrompido, depois de uma monitorização independente ter concluído que havia mais mulheres infectadas entre as que estavam a usar o gel do que entre as que não o faziam.

Um outro estudo do Ushercell - um gel com sulfato de celulose e um componente feito à base de algodão, desenvolvido pela farmacêutica canadiana Polydex Pharmaceuticals -, que envolvia 1.700 mulheres na Nigéria, foi suspenso por precaução, pois, neste caso não foi detectado um maior número de infecções pelo HIV entre as utilizadoras do fármaco.

A Organização Mundial de Saúde + considerou que os resultados dos estudos decorridos em África e na Índia foram «uma desilusão e um inesperado recuo» nos esforços de encontrar um meio simples de as mulheres tentarem evitar o contágio do HIV através das relações sexuais.

Mais de metade do total de infecções pelo HIV em África regista-se em mulheres e raparigas, pelo que os cientistas procuram encontrar um meio destas se protegerem, mesmo sem o conhecimento dos seus parceiros, uma vez que estes se recusam, muitas vezes, a usar preservativo.
Fonte: Diário Digital / Lusa