
Segundo dados do Ministério da Saúde citados pela agência Lusa, o registo nacional de não dadores de órgãos "post mortem" (RENNDA) tem um total acumulado de 37.461 inscritos de 1994 a 2006. Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, António Morais Sarmento, este número não tem uma maior dimensão por desconhecimento das pessoas em relação à lei. "Quando surgiu a legislação que tornava todos os que não manifestassem o contrário em potenciais dadores de órgãos houve muitas inscrições, porque se falou muito no assunto".
No primeiro ano de funcionamento, o RENNDA teve mais de 23 mil inscrições, mais do que todas as registadas nos 12 anos seguintes. A lei que instituiu a criação deste registo define que o Governo deve promover campanhas sobre o significado, em termos de solidariedade, da colheita de órgãos para transplantes e sobre a possibilidade de qualquer pessoa se manifestar indisponível para a dádiva.
Além da falta de informação, Morais Sarmento aponta a "inércia" dos portugueses como outro motivo para o facto de "os números de não dadores estarem subvalorizados". O especialista admite que motivos religiosos possam também ser uma das causas que leva algumas pessoas a registar-se como não dadoras, mas considera que "os órgãos não fazem falta nenhum nos cemitérios".
Uma questão de justiça
"As pessoas que não doassem órgãos também não deviam ser receptoras. Pode parecer uma coisa muito forte, mas é uma questão de justiça", considerou o especialista. Que lembra a grande carência de órgãos em todos os países, dado que a procura é muito maior do que a oferta.
Em Portugal, a de espera para receber órgãos é a do rim, com mais de duas mil pessoas a aguardar transplante, numa lista que cresce a um ritmo de 100 a 150 pessoas por ano. No entanto, este está a ser considerado um "bom" ano em termos de colheita, com 25 órgãos colhidos por cada milhão de habitantes, quando no ano passado a relação era de 20 órgãos por milhão de habitantes.
O RENNDA tem registadas mais mulheres do que homens. A cada pessoa inscrita no sistema é emitido um cartão individual com a menção da sua qualidade de não dador.
37461 pessoas inscreveram-se no Registo Nacional de Não Dadores (RENNDA) desde a sua criação, em 1994.23 mil inscritos foram registados no primeiro ano de funcionamento do RENNDA, mais do que nos 12 anos seguintes. 150 pessoas entram todos os anos para a lista de espera para transplante de rim, sendo já mais de duas mil. 25 órgãos são actualmente colhidos anualmente por cada milhão de habitantes, contra 20 no ano passado.
Fonte: Jornal de Notícias