É no Pavilhão 13 do IPO/Lisboa que funciona a consulta de risco familiar de cancro da mama, desde 2000. Aqui são acompanhadas 877 famílias, com uma média de dois novos registos por semana, sob coordenação de Fátima Vaz. Este ano, duas mulheres optaram pela mastectomia preventiva.
As utentes chegam de dentro do instituto, de centros de saúde, hospitais e médicos particulares. "Todas as mulheres acham que têm um risco alto de cancro da mama", diz Fátima Vaz. Mas o primeiro passo é "fazer uma árvore genealógica com três gerações para perceber se há facto risco naquela família". Se houver, avança-se para a análise genética, a partir de uma amostra de sangue de um familiar que já teve a doença. "Não se pode generalizar. O cancro hereditário da mama é 5% a 10% dos casos", frisa a oncologista. Há duas excepções o cancro da mama no homem e cancro da mama ou ovário antes dos 30 anos. Por serem mais raros têm "maior potencial hereditário".
A análise genética pode demorar até dois anos. Nos genes BRCA1 e BRCA2 "há mais de 3400 alterações descritas" relacionadas com a doença, salienta a oncologista. Procurar a mutação familiar custa entre 446 e 577 euros; saber se se é positivo para uma mutação são 69 euros.
A cirurgia é proposta quando o risco é de 60% a 80%. As mulheres têm normalmente entre 36 e 40 anos. A alternativa é fazer vigilância com exames regulares ."Tirar os ovários diminui em 97% o risco de cancro do ovário e 50% o de cancro da mama.
Tirar as mamas reduz em 95% a 98% o risco", refere Fátima Vaz, admitindo que é uma opção "radical".
Fonte: JN