Do frio mais intenso ao fresquinho agradável todo o leque de sensações ligadas ao frio estão dependentes da proteína TRPM8. É ela que as comanda, agindo através dos neurónios próximos da espinal medula e que ligam às terminações nervosas existentes na pele. E isso já foi visível.
Os cientistas da Universidade da Califórnia do Sul recorreram a ratinhos de laboratório geneticamente modificados, nos quais os neurónios em que se activam as moléculas da proteína TRPM8 foram "injectadas" com uma substância verde fluorescente. Isso permitiu-lhes ver as ligações que se estabeleciam quando o corpo ou parte dele era submetido a sensações de frio. O resultado conduzia sempre à referida proteína, quer se tivesse induzido a sensação de frio mais dolorosa, incluindo a queimadura com gelo, quer sensações como a de um rebuçado de mentol a desfazer-se na boca ou a do alívio de um tratamento de queimadura.
Estudos anteriores já tinham mostrado que cobaias sem a proteína TRPM8 perdiam a sensação de frio. Outros estudos sugeriam que haveria neurónios especializados, uns para detectar as sensações agradáveis de frio, outros para sinalizar as desagradáveis e dolorosas. Afinal, a experiência hoje descrita no "Journal of Neuroscience" indica que cada neurónio, através de uma simples e única proteína, fica capacitado para todo esse leque de sensações.
O facto de, em laboratório, se poder desactivar a TRPM8 não elimina a sensibilidade a todos os tipos de frio. Isto porque o organismo mantém outros circuitos de alerta, nomeadamente para avisar da hipótese de queimaduras pela exposição ao frio.
A capacidade de a proteína TRPM8 estar ligada à sensação de frio já tinha sido identificada em 2002, por David McKemy, o coordenador da equipa de investigação. A pesquisa de agora procura entender melhor os mecanismos moleculares das sensações, com vista ao desenvolvimento de medicamentos contra dores crónicas, como a artrite.
Fonte: JN