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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

ABORTO TEM OBJECTORES

No Hospital do Funchal, 30 a 40% dos ginecologistas são objectores de consciência

No
Hospital Central do Funchal + (HCF), a 'máquina' já está montada para receber e atender as mulheres que queiram realizar uma Interrupção voluntária da gravidez + (IVG + ).
E a entrada em vigor, na última terça-feira, da portaria regional que regulamenta a prática de IVG no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do HCF não veio trazer grandes complicações ao quotidiano daquela unidade hospitalar.

Não foram contratados mais meios humanos para desenvolver a prática recentemente autorizada, nem criados novos espaços no serviço. Embora, como o DIÁRIO apurou, entre 30 e 40% dos quase 20 médicos especialistas em Ginecologia e Obstetrícia do HCF sejam objectores de consciência, continuam a existir meios humanos suficientes para realizar as IVG. Também em termos de enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, serão utilizados os profissionais já afectos ao Serviço Regional de Saúde + .

João Manuel Rodrigues, director clínico dos Cuidados Hospitalares do Serviço Regional de Saúde, disse que, na articulação de meios e na preparação para que a prática de IVG fosse implementada na Região, não foi necessário contratar mais profissionais. "O Hospital tem todos os meios técnicos e humanos para poder avançar para o cumprimento da lei".

Nos últimos meses, os responsáveis tiveram de organizar os meios disponíveis para "afectar-lhes, do ponto de vista do trabalho, mais uma função" . Não há nenhum profissional unicamente afecto à prática de IVG no Hospital do Funchal.

"O Serviço de Obstetrícia e Ginecologia organizou-se de maneira a poder cumprir integralmente aquilo que a lei determina", acrescentou João Manuel Rodrigues.

Processo simples
Para as mulheres que estejam interessadas em realizar uma IVG, o processo é desencadeado de forma simples.

O primeiro passo é marcar uma entrevista médica no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Central do Funchal. Para tal deverão contactar o funcionário administrativo da unidade e efectuar a marcação. A entrevista, que terá lugar num dos gabinetes do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia, deverá realizar-se nos dias seguintes.

Segundo conseguimos apurar, a entrevista prévia à prática de uma IVG é nada mais do que uma normal consulta da especialidade, conduzida, como é óbvia, por um médico ginecologista-obstetra. Além da conversa entre utente e médico, será neste momento que terá lugar a confirmação ecográfica do tempo de gravidez.

Se o tempo de Gestação + se confirmar como sendo inferior a 10 semanas, à mulher será dado um período de três dias para reflexão. Ao final do terceiro dia, e conforme indica a lei, a utente terá de decidir se vai em frente ou não com a interrupção da gravidez.

Haverá depois dois métodos distintos: a interrupção cirúrgica ou medicamentosa. O método cirúrgico consiste na remoção do conteúdo uterino por aspiração ou curetagem. A intervenção pode ser realizada com anestesia local ou geral e apenas é necessário que a mulher fique hospitalizada por algumas horas.

Já a interrupção medicamentosa consiste na administração de dois medicamentos diferentes com intervalo de 36/48 horas. Este método (contra-indicado quando coexistem algumas doenças ou situações clínicas como a gravidez ectópica) não necessita de hospitalização, mas a toma dos comprimidos deve ser feita rigorosamente de acordo com a indicação médica. Embora a decisão final quanto ao método a utilizar seja da responsabilidade da utente, as expectativas apontam para que a maioria das IVG seja medicamentosa.

A intervenção e o apoio do psicólogo e/ou do Assistente social + (profissionais que já estão afectos ao Serviço de Obstetrícia e Ginecologia) deverão acontecer por solicitação da utente ou quando o médico achar necessário.Em todo este processo, o HCF garante a confidencialidade dos dados das utentes.


conTrato-programa
As verbas para satisfazer os encargos decorrentes da prática de interrupções voluntárias da gravidez (IVG) no Hospital Central do Funchal serão incluídas no contrato-programa de 2008 que será celebrado, como acontece anualmente, entre a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais + e o Serviço Regional de Saúde.Esta questão ficou já clara no segundo ponto da portaria nº 138/2007, de 28 de Dezembro, que regulamenta a realização de IVG na Região.Segundo o que conseguimos apurar, ainda não está prevista qualquer data para a celebração oficial deste contrato-programa.
Fonte: DN