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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

APROVEITAR PARA 'REDUZIR' O VÍCIO

"Dão as Seringas + aos drogados porque não dar também adesivos aos fumadores?"


As restrições impostas pela nova lei do Tabaco + poderão ajudar a reduzir o número de Cigarros + por dia, mas não são suficientes para acabar com o vício. Os fumadores reclamam por mais ajudas, sobretudo na comparticipação dos medicamentos.

Para Faustino Maio o cigarro é a sua única distracção. Com 85 anos, feitos ontem, e 70 anos de vício, Faustino sabe bem que agora dentro do café não se fuma. "Se não se pode Fumar + , também não devia ser permitido vender", atirou, insinuando que só a lei não vai motivar os fumadores para a abstinência.

"Há três anos fui operado e estive quatro meses internado sem fumar", contou, "e, no ano passado, foram mais três meses no hospital". A sua experiência sem fumo foi apenas passageira. "São 70 anos", lembrou.


Naquele tempo, "eram cigarrinhos de 'sarimba' e barba de milho, embrulhados num papelinho", recordou, "não faziam tão mal".


A história de Laura Vieira é mais curta. Nem chegou a provar dos cigarros de 'sarimba' (ramagem do pinheiro). Começou a fumar por volta dos 17 anos, e a culpa foi do ambiente que a rodeava. "Acendia o cigarro à minha tia", contou.

Volvidas cerca de duas décadas, Laura Vieira, tal como a sua colega Fátima Barcelos, não dispensam o café e o cigarro depois do almoço. "Tenho vontade de deixar de fumar, e até tenho fumado menos, mas as ajudas são poucas", confessou Fátima Barcelos, acrescentando que, com a nova lei, embora não se fume nos locais de trabalho, fuma-se muito mais nos intervalos.


"Dão seringas aos drogados. O cigarro também é uma droga", frisou Laura Vieira, "então porque não temos apoio nenhum", questionou.


Esta fumadora até já recorreu à consulta de cessação tabágica do Centro de Saúde do Bom Jesus. "Sim, deram-me apoio na consulta, mas quando cheguei à farmácia fiquei espantada", revelou. "Uma caixa de adesivos é um disparate, não tem comparticipação e são só para 15 dias", disse Fátima Barcelos.

800 utentes e 233 à espera


Ermelinda Alves, responsável pela consulta de cessação tabágica do Centro do Bom Jesus, admite que o tratamento é caro. "O método da redução gradual do cigarro, um tratamento medicado por três meses, pode atingir os 100 euros/mês", revelou, acrescentando que "não temos hipótese de ajudar".

A nova lei não trouxe mais utentes à consulta. "No Natal, é natural uma maior afluência. Estão mais motivados para começar o ano abstinentes", disse Ermelinda Alves.

Não obstante, o número de utentes é estável: 800 pessoas têm acompanhamento regular. "São consultas flutuantes porque uns saem e entram quando têm uma recaída", explicou. Em lista de espera estão 233 pessoas, um número que "já vem a acumular desde o ano passado".

Fonte: DN