As análises laboratoriais podem não apresentar qualquer alteração. Contudo, devido à natureza inflamatória da doença, as análises que se relacionam com a inflamação (p. ex. velocidade de sedimentação e proteína C reactiva) apresentam-se muitas vezes elevadas. Este aumento pode ser ligeiro, moderado ou mesmo muito grande. Pode também existir anemia, por via de regra, ligeira e outras alterações laboratoriais menores.
Importa acentuar que a importância do antigénio HLA B27 para o diagnóstico é diminuta. Ao contrário do que é o pensamento corrente, mesmo entre os médicos, a presença deste marcador genético só por si, não tem qualquer significado patológico. De facto, cerca de 8% da população portuguesa é portadora do antigénio HLA B27, isto é, cerca de 800 mil pessoas. E só existirão, no máximo, 30 mil doentes no nosso País.
Isto é, a enorme maioria dos indivíduos com aquele antigénio, não têm espondilite anquilosante (EA). Mas o contrário não é verdadeiro, isto é, a maioria dos doentes com EA são positivos para o HLA B27 e daí a confusão que, muitas vezes, os próprios médicos fazem acerca deste assunto.
Os primeiros sinais radiológicos da EA costumam ser aparentes ao nível das articulações sacro-ilíacas (i.e. do sacro com a bacia). A sua detecção mais precoce, quando existem dúvidas poderosas entre a clínica e os sinais obtidos pela radiologia simples, pode ser realizada através da TAC.
Tratamento adequado da EA
Com a evolução da doença e dependente da sua gravidade, os sinais radiográficos podem estender-se aos vários segmentos da coluna vertebral e também a algumas articulações periféricas (p. ex. ancas, ombros).
A EA pode confundir-se com algumas outras doenças reumáticas, sobretudo aquelas que atingem preferencialmente a coluna, mas uma história da doença bem colhida e um exame físico cuidadoso do doente aliado aos exames complementares de diagnóstico (isto é radiografias e análises) considerados necessários, resolvem estas dificuldades.
O tratamento da EA tem como objectivo principal a inibição da inflamação que caracteriza a doença. Clinicamente, o objectivo é a redução / abolição da dor e da rigidez aliada à preservação da postura e da mobilidade.
A educação do doente é fundamental tendo em vista a protecção articular, realização de exercícios apropriados e repouso intermitente, bem como a necessidade de fisioterapia e aconselhamento profissional.
Os anti-inflamatórios não esteróides são habitualmente eficazes para controlar as dores e rigidez da coluna, a artrite periférica, quando esta ocorre, e as tendinites que se associam com frequência à EA. Estes fármacos modificam os sintomas mas não suprimem a progressão da doença. Os corticóides podem ser utilizados em injecções intra-articulares ou localmente ao nível dos tendões inflamados e também para tratar as uveítes. O seu uso sistémico é mais raro, habitualmente pouco útil e deve ser moderado apenas por curtos períodos de tempo.
Existem vários medicamentos que têm sido utilizados como tratamento de fundo, isto é com a intenção de suprimir a progressão da EA. Entre outros, os mais frequentemente utilizados são a sulfasalazina e o metrotrexato.
Os resultados obtidos com estes fármacos têm sido diversos conforme os grupos de trabalho que os publicaram.
Recentemente, os novos tratamentos biológicos (p. ex. etanercept, infliximab, adalimumab) apresentam-se como agentes verdadeiramente capazes de atenuar / suprimir a inflamação e assim atrasar / parar as lesões articulares características da EA. São assim fármacos de grande interesse para os doentes que não obtêm respostas clínicas eficazes com os medicamentos descritos anteriormente.
A cirurgia ortopédica, sobretudo do joelho e da anca, é de enorme interesse para o alívio do doente e melhoria da sua postura e mobilidade. A fisiatria é essencial em todas as fases que ocorrem nesta doença.
A evolução da EA é muitíssimo variável, desde doentes em que o diagnóstico apenas se faz por acaso, radiologicamente em idades mais ou menos avançadas até situações muito agressivas que provocam muitas dores, imobilidade e deformação. Estas formas graves são felizmente bem mais raras.
Fonte: Jornal do Centro de Saúde
