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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

FRIEIRAS: UMA TÍPICA DOENÇA DO FRIO

Dr. João Goes Pignatelli



Desde há centenas de anos que as frieiras são uma patologia, frequentemente descrita na literatura europeia. Em 1881, Piffard relatava que, “as frieiras são uma afecção dos climas frios que atinge preferencialmente a face, mãos, nariz e orelhas, não causando problemas durante o Verão, mas originando inconvenientes e padecimentos no Inverno”.




De um modo geral, a perniose é uma resposta inflamatória anormal ao frio. Como tal, o maior factor de risco é a exposição ao frio e humidade, o que é frequente em Portugal, particularmente em habitações ou edifícios sem aquecimento central.



Afecta, preferencialmente, as mulheres, as crianças e idosos sendo que nestes últimos o curso da doença é mais grave. Clinicamente, observam-se nódulos que variam do vermelho ao violeta, que por vezes ulceram, e se distribuem, simetricamente nos dedos das mãos e pés, e, menos frequentemente, nos tornozelos, nariz e orelhas. Estas lesões, habitualmente, provocam dor, ardor e prurido.




As frieiras são benignas e auto-limitadas, melhorando ao fim de três semanas. Contudo, nos idosos e se houver manutenção da exposição aos factores desencadeantes, podem tornar-se crónicas.




A perniose deve ser distinguida de outras doenças induzidas pelo frio, nomeadamente o Lupus pernio e doenças hematológicas sensíveis ao frio. Pelo que alertava que, se alguém tiver um quadro sugestivo de frieiras, mas que se prolongue por mais de quatro semanas, deverá recorrer ao seu médico assistente, e eventualmente ser referenciado a consulta de dermatologia para ser realizado um estudo mais detalhado.






Tratamento




No que toca ao tratamento, sublinhava a importância das medidas preventivas gerais como: vestuário adequado, evicção de exposição ao frio e humidade, manutenção de pés e mãos quentes e secos, e não fumar. Com relação a fármacos, apenas a Nifedipina tem estudos que comprovam a sua eficácia no tratamento da perniose. As outras terapêuticas, habitualmente, sugeridas carecem de ensaios que justifiquem a sua utilização.



As frieiras não necessitam de ser uma causa de sofrimento para a população, pelo que para prevenir o seu aparecimento é fundamental cumprir as medidas preventivas, anteriormente descritas.






Dr. João Goes Pignatelli


Dermatologista Hospital de Santa Maria




Fonte: Jornal do Centro de Saúde