
A nova lei anti-Tabaco + , mais precisamente a lei 37/2007, de 14 de Agosto, entrou ontem em vigor. Na ronda feita pelo Jornal da Madeira para ver como estava a ser aplicada em cafés e restaurantes, o cumprimento da lei foi notório. Na dúvida sobre aspectos da legislação, alguns dos estabelecimentos optaram pela proibição de Fumar + . Numa semi-esplanada a opção foi convidar os fumadores a fumar junto à entrada. Os clientes respeitaram. No geral, a aceitação da lei é comum.
A aplicação da nova lei anti-tabágica, que entrou ontem em vigor, parece ter sido recebida, senão com agrado, pelo menos com resignação. "Lei é lei", como disse ao Jornal da Madeira a proprietária de um pequeno café, onde todos os clientes fumadores se encontravam à porta a alimentar o vício. Lá dentro, um dístico peremptório informava: "Proibido fumar". Embora protestanto — como disse a dona do café —, os clientes fumadores, convidados a ir fumar para a rua, resignaram-se a cumprir a ordem.
Tudo dependeráda reacção dos clientes
Outro dos estabelecimentos onde a lei foi cumprida sem qualquer protesto foi o Café do Relógio. Sítio onde habitualmente se fumava sem restrições, viu os seus hábitos mudados a partir de ontem. Ninguém pode fumar, nem na sala de jantar, nem no próprio café.Carlos Nóbrega, director do estabelecimento, disse não ter recebido reclamações dos clientes fumadores.Embora com espaço superior a 100 metros e já tendo gasto cerca de 6.000 euros para prover o estabelecimento com o necessário sistema de escoamento de ar, Carlos Nóbrega disse que o Café Relógio só criará um espaço próprio para fumadores «conforme a reacção dos clientes». Isto é, se a empresa sentir que a nova lei afasta clientes, é capaz de vir a criar um espaço para os fumadores.
Esplanadas cobertas têm dúvidas
Na Marina do Funchal a maioria dos estabelecimentos tem características mistas, isto é, são esplanadas, mas cobertas. Pode-se ou não fumar? Esta a dúvida que leva Luís Silva a dizer estar ainda confuso sobre a aplicação da lei. Ontem, e apesar de ter sistema de exaustão, foi aconselhando os fumadores a ficarem em mesas junto à entrada. Não só não teve resistência dos clientes, como viu que eles próprios tinham esse cuidado.
Mesmo assim, garantiu que irá pedir esclarecimentos à Associação de Comércio e Serviços sobre a categoria em que há-de incluir o seu estabelecimento: fechado ou aberto? Seja qual for a resposta não teme perder clientes. «As pessoas têm de comer e quando quiserem fumar vão lá fora», explicou.
Aspectos positivos com arestas a limar
A reacção dos fumadores, não fumadores e até de um ex-fumador entrevistados pelo Jornal da Madeira foi consensual: acham que a nova lei é positiva. Os incómodos de levar com o fumo dos outros, os malefícios para a saúde e até o cheiro a tabaco nas roupas foram alguns dos aspectos que apontaram.
Apesar de integrada nesse grupo, uma das fumadoras entrevistadas só condena o facto de haver «muito fundamentalismo» na aplicação da lei. Na sua opnião, deveriam ser criados lugares próprios para fumadores, «senão estamos a cair no ridículo das americanices, que o povo português tanto critica»,.
Lurdes Ramos concorda ser desagradável estar a comer, ao balcão ou à mesa de um café, e estar a «levar com o fumo dos outros em cima». É esse um dos principais motivos pelos quais apoia a filosofia da nova lei.
Ex-fumador de três maços de tabaco comprou um barco com o dinheiro que agora poupa
Deixar de fumar foi a melhor coisa que me aconteceu na vida, disse ontem Francisco Charrua, ex-fumador de três maços de tabaco por dia. Fumou desde os 15 aos 61 anos. Há quatro que não fuma. Francisco Charrua diz que deixou de fumar sem qualquer ajuda externa, quer fossem consultas de apoio anti-tabágico, quer de substitutos da Nicotina + . A motivação, contudo, foi forte: «Tive um irmão que morreu com cancro na garganta e quando me dava uma vontade forte de fumar, lembrava-me dele... e consegui. Não volto a fumar, de certeza absoluta», garantiu. Agora sente-se «livre»: pode fazer viagens aéreas de longo curso (o que não fazia quando fumava), sente-se bem e não tem problemas em entrar e estar em qualquer lado onde não se possa fumar. O dinheiro que gastava em tabaco dá-lhe para pagar o leasing de um barco que adquiriu, o que é um novo motivo de prazer na vida.
Fonte: JM