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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

NASCEM CADA VEZ MENOS CRIANÇAS NA REGIÃO

No ano passado, o número de nascimentos na Região não chegou aos 2.700, registando-se



Em 2007, nasceram na Região menos 250 crianças do que em 2006, o que significa uma diminuição de quase 9% nos dois últimos anos.

Embora há já alguns anos se tenha vindo a verificar uma diminuição no total de nascimentos, até 2006 não tinha sido inferior a 2.900 (em 2003 nasceram 3.181 bebés, em 2004 foram 2.978, em 2005 atingiram os 2.957 e em 2006 registaram-se 2.924 Nados vivos + na Região). No ano passado, foram 2.674 as crianças que nasceram na Madeira, o valor mais baixo de que se tem memória.


Segundo informações fornecidas ao DIÁRIO pelas entidades competentes, tal como acontece habitualmente, a maioria dos bebés nascidos na Região veio ao mundo no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Central do Funchal + (HCF). Ao todo, foram 2.564 as crianças nascidas no Hospital, o que significa uma média diária de sete bebés. Até 2006, a média diária de crianças nascidas no bloco de partos hospitalar oscilava entre as sete e as oito.


Já nas unidades privadas de saúde, o número de nascimentos no ano que agora findou em pouco ultrapassou a centena. Na Clínica de Santa Catarina nasceram 45 bebés e na Clínica da Sé, 40. Já a Clínica de Santa Luzia foi aquela onde se registou menor número de nascimentos em 2007: apenas 25.


Para também não contrariar a tendência dos últimos anos, no ano passado nasceram mais rapazes do que raparigas: 1.363 no Hospital, 14 na Clínica da Sé e 21 na Clínica de Santa Catarina, comparativamente com as 1.201 meninas nascidas no Serviço de Obstetrícia, 11 na Clínica de Santa Luzia e 24 na Clínica de Santa Catarina. Relativamente à Clínica da Sé, não foi possível obter atempadamente os valores totais de nados-vivos por sexo.


Mais partos naturais

No Serviço de Obstetrícia do Hospital continua a haver uma maior predominância dos partos naturais, sendo que a percentagem das cesarianas efectuadas não ultrapassa em muito os 27% do total dos partos realizados.

O director daquele serviço hospitalar, Miguel Ferreira, explica que a Organização Mundial de Saúde + recomenda 20% de taxa total de cesarianas. A Madeira, acrescenta, não se encontra, assim, muito acima do valor recomendado ao nível mundial, principalmente tendo em conta que "não temos possibilidade de 'drenar' estas situações".


O responsável recorda ainda que em alguns centros do Norte do país, chegam a registar-se entre 30 e 40% de cesarianas, ou mesmo em unidades privadas (até na Região) onde, em 40 partos, apenas 9 são naturais.

Menos 1.500 bebés em 20 anos



Miguel Ferreira, director do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do HCF, afirma que a diminuição do número de nascimentos tem sido notória no 'bloco de partos'. Há vinte anos, explica, registavam-se no hospital quatro mil nascimentos por ano. Esse valor diminuiu para quase metade, o que é "muito preocupante".

O responsável mostra-se ainda mais alarmado, tendo em conta que entre 2006 e 2007 houve uma diminuição de 6% nos bebés nascidos no HCF (cerca de 200) em comparação com a diminuição de 31 crianças nascidas no Serviço de Obstetrícia entre 2005 e 2006.


Miguel Ferreira afirma que a diminuição crescente da natalidade não se resolve com os incentivos implementados nos últimos tempos pelo Governo (majoração do Abono de família + e abono pré-natal).

Portugal vive uma crise económica, laboral e social, refere. As mulheres trabalham, as famílias não têm onde deixar as crianças em segurança, há poucas creches e as que existem são caras e têm horários que, por vezes, não são compatíveis com os horários laborais das famílias. A "crise brutal" e as condições ou subsídios dados aos casais "não são suficientes para motivar as pessoas para terem filhos".

Tudo isto, juntamente com o cada vez maior Envelhecimento + da população, concorre para uma situação que se traduz numa "nítida inversão da pirâmide etária".

E esta realidade não é exclusiva de Portugal. O director do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do HCF afirma que noutros países europeus, como a França, se tem assistido a "alterações demográficas terríveis".

"Esta situação merece uma reflexão profunda por parte dos políticos e de quem de direito", defende Miguel Ferreira. "É necessário implementar medidas claras" para travar e/ou contrariar a baixa de natalidade e assegurar assim a continuidade do país.
Fonte: DN