LusaO bastonário reeleito das Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, afirmou hoje no discurso de vitória que pretende que o organismo seja "um referencial técnico" da Saúde, independente de partidos e de forças políticas.
Pedro Nunes venceu a segunda volta das eleições com cerca de 1700 votos de vantagem sobre o outro candidato, Miguel Leão + , de acordo com dados da Ordem.
Os resultados, ainda provisórios, indicam que Pedro Nunes obteve 56 por cento dos votos, contra 44 por cento de Miguel Leão.
Em declarações após a divulgação dos resultados, o bastonário reeleito salientou que a segunda volta decorreu com "rigor absoluto", afirmando que pela primeira vez foram cumpridas "as mais pequenas alíneas do regulamento", numa referência à polémica que envolveu o processo eleitoral.
Pedro Nunes sublinhou que a Ordem não "tem de fazer o trabalho do Governo nem tem de fazer o trabalho da Oposição", defendendo que não deve ter medo de criticar quando acha que deve criticar.
"Os médicos estão do lado dos portugueses", referiu, acrescentando que pretendem trabalhar em qualidade, com condições de qualidade, para benefício da saúde pública.
Os dados provisórios indicam que votaram 14734 dos mais de 38000 médicos inscritos na Ordem, mais cerca de 2880 do que na primeira volta, realizada em 12 de Dezembro do ano passado.
Por secções regionais, os médicos inscritos no Sul foram os mais participativos, com 7248 votos, seguindo-se os do Norte (4918) e do Sul (2568).
O processo eleitoral ficou marcado por acusações entre candidatos e por uma providência cautelar para mudar o método dos votos por correspondência.
Miguel Leão foi o candidato mais votado na primeira volta, obtendo mais três pontos percentuais do que Pedro Nunes, o bastonário que se recandidatou ao cargo.
O terceiro candidato, eliminado na primeira volta, era Carlos Silva Santos, que obteve 13,95 por cento.
O resultado da primeira volta, em que participaram 11 mil dos 38 mil médicos, levou Pedro Nunes a anunciar, dois dias depois, que suspenderia o seu mandato até à realização da segunda volta, por considerar que não tem a confiança dos seus colegas para os representar, tendo decidido delegar as funções de bastonário da Ordem dos Médicos (OM) em José Manuel Silva.
Em reacção, o candidato Miguel Leão considerou a suspensão do mandato "inédita" e de "duvidosa legalidade formal", uma vez que não é uma situação prevista nos Estatutos da Ordem e acusou Pedro Nunes de ter uma atitude "profundamente lamentável".
Já depois deste episódio da suspensão do mandato, o Conselho Eleitoral Nacional da Ordem dos Médicos, presidido por Pedro Nunes, introduziu novas regras para o processo eleitoral na segunda volta, o que provocou mais trocas de acusações entre as candidaturas.
Segundo as novas regras, os votos por correspondência passaram a ser todos endossados à Secção Regional do Centro, em Coimbra, num apartado criado para o efeito, para "evitar suspeições", uma vez que os dois candidatos têm a sua principal base votante em Lisboa e no Porto.
Antes, estes votos por correspondência eram enviados para três apartados: Norte, Centro e Sul.
Terça-feira, na véspera da segunda volta, a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) da OM informou que a segunda volta das eleições irá processar-se hoje normalmente, uma vez que a providência cautelar interposta pelo candidato Miguel Leão "não está ainda decidida".
Miguel Leão interpôs uma providência cautelar de suspensão de eficácia das deliberações adoptadas pela CEN relativa aos procedimentos a adoptar para a segunda volta para a presidência da OM referente à recepção dos votos por correspondência.
A Ordem sublinha que o pedido apresentado por Miguel Leão ao Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa foi "tão só de suspensão de eficácia das deliberações relativas aos procedimentos adoptados para a recepção dos votos por correspondência e não a suspensão do acto eleitoral".
Fonte: Público