A Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências (CTPRU) defende a reformulação da rede de ambulâncias e a profissionalização daqueles que operam as viaturas, afirmou hoje o presidente da estrutura, António Marques, para quem as reformas que estão a ser feitas na saúde vão beneficiar a eficácia clínica".
"Mais importante do que a ambulância é quem anda lá dentro, daí que a profissionalização dos serviços mínimos é inevitável", sustentou António Marques, que esta manhã participou nas I Jornadas Internacionais de Medicina de Urgência, promovidas pelo Serviço de Urgência + do Hospital de S. João, no Porto.
Segundo referiu, esta profissionalização "não quer dizer que a comissão esteja contra os bombeiros voluntários. Mas as funções mínimas têm que ser profissionalizadas", sustentou.
António Marques salientou, contudo, não acreditar que seja possível fazer uma reforma da emergência pré-hospitalar em Portugal sem ter em conta os bombeiros.
"Não só por causa da tradição do país, mas porque uma boa parte da rede das ambulâncias está efectivamente nos bombeiros", disse.
"Isto terá também de passar por um entendimento entre as diversas forças actuantes do pré-hospitalar sobre as responsabilidades de cada um e sobre o caminhar, sobre o futuro do sistema", acrescentou.
Para o presidente da CTPRU, obrigatoriamente o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM + ) e os bombeiros, entre outras entidades, terão de chegar a um acordo sobre a rede das ambulâncias e a profissionalização dos serviços mínimos.
Apontou soluções como as adoptadas no Reino Unido, Canadá ou EUA, onde os serviços mínimos são prestados por paramédicos ou técnicos de emergência médica em ambulâncias.
"É isso que estamos a propor, que haja uma definição da rede das ambulâncias e da qualificação dos seus tripulantes, e que isso deverá ir pelo caminho da profissionalização dos serviços mínimos com soluções tipo paramédicos", frisou.
A comissão sustentou que "um dos segredos de sucesso da rede pré-hospitalar é o investimento na rede das ambulâncias".
Nas recomendações propostas ao Governo, que serão publicadas brevemente a comissão propõe também a criação de centros de trauma.
"Já existem centros de trauma em Portugal, já existem grandes hospitais que na prática funcionam como centros de trauma", afirmou António Marques, defendendo que, na prática, será preciso "rentabilizar melhor aquilo que existe" e "planificar melhor o que quer".
No seu entender, nesse sentido, "a solução não pode ser tentar pulverizar o país de centros diferenciados, mas escolher aqueles que reúnem as melhores condições".
António Marques disse que na área da saúde "está em causa fazer a reforma de uma forma articulada com outras duas em paralelo - emergência pré-hospitalar e Cuidados de saúde + primários - e fazer a reforma com a devida informação ao público".
O presidente da comissão entende que as reformas que estão a ser feitas na área da saúde "são as correctas, são a favor da eficácia do sistema, não em termos económicos necessariamente, mas em termos de eficácia clínica".
Fonte: Público
