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quarta-feira, 2 de abril de 2008

COMO PREVENIR E TRATAR: INCONTINÊNCIA URINÁRIA


Ana Sofia Tomás e Cláudia Pinto


Um estudo recente revela que cerca de 600 mil portugueses são afectados por incontinência urinária. Trata-se de um problema altamente incapacitante que causa, naturalmente, uma marcada diminuição na qualidade de vida pessoal e social. Contudo, a incontinência urinária é um problema que é tratável, como nos explica o Presidente da Associação Portuguesa de Neuro-urologia e Uro-ginecologia (APNUG), Dr. Paulo Vale, e o Presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), Professor José Martinez de Oliveira.



O que é a incontinência urinária?


Segundo o estudo mais recente, de 2005, a incontinência urinária (IU) afecta cerca de 600 mil portugueses. Segundo a definição da ICS (International Continence Society), a IU é a perda involuntária de urina demonstrada objectivamente e que se torna um problema de higiene ou social.


“A IU é transversal à sociedade atingindo ambos os sexos e todas as idades. O grupo de mulheres entre os 45 e 65 anos é contudo predominante e de maior visibilidade por ser num período de grande actividade profissional e social da mulher. Nesta fase, por cada três mulheres incontinentes existe apenas um homem”, afirma o Dr. Paulo Vale. A maior frequência de IU nas mulheres dá-se devido à sua própria anatomia “dado a uretra ser mais curta, enquanto que a fisiologia implica a existência de traumatismos desta área durante o parto e a bipedestação que tende ao prolapso”, acrescenta o professor José Martinez de Oliveira.




Há três tipos de incontinência urinária


“A incontinência urinária de esforço em que a perda de urina surge com o esforço (tosse, riso, espirro, saltar…). Há aumento da pressão abdominal e o esfíncter não tem força suficiente para suster a saída de urina. Para esta situação contribuem os traumatismos provocados pelos múltiplos partos que acabam por ter uma relação directa com o problema de IU uma vez que favorecem a fragilização dos músculos do períneo da mulher. No homem, as doenças da próstata, sobretudo os tumores malignos, podem levar à necessidade de ablação do órgão - a prostatectomia radical. Transitoriamente, após esta operação pode ocorrer IU.


A IU por urgência em que se verifica uma vontade imperiosa de urinar que determina a perda. Este tipo de IU é mais frequente no idoso e está relacionado com o processo de envelhecimento dos órgãos.


Por fim, temos o tipo misto que consiste na associação das duas anteriores”, explica o Dr. Paulo Vale.




Como prevenir


A prevenção na IU de esforço na mulher pode ser feita sobretudo na fase após o parto, pelo que o tratamento ideal consiste na realização de treinos musculares perineais, ditos de Kegel, afirma o Presidente da SPG.



“Estes tratamentos devem ser efectuados com orientação médica. Se a doente estiver motivada e for persistente os resultados são bons. Por seu turno, na IU por urgência há uma série de medidas preventivas que têm a ver com o dia-a-dia do doente, normalmente idoso. Assim, deve-se adequar a ingestão de líquidos com um horário de micções, a toma de medicação diurética, a disposição do mobiliário de casa ou lar e acessibilidades a sanitários, entre outros”, esclarece Paulo Vale.




Tratamento



Muitas mulheres incontinentes consideram a perda de urina involuntária como algo associado ao

envelhecimento. Contudo, hoje em dia, este problema já pode ser contornado, uma vez que existe tratamento. “Depois de avaliado e feito o correcto diagnóstico o tratamento é muito eficaz. Assim, na IU de esforço ligeira a re-educação vesico-esfincteriana tem bom resultado. Nos casos mais severos dispomos de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas com 90% de taxa de cura. Na IU por urgência, a medicação com as novas moléculas de anti-muscarinicos é também bastante eficaz. Nos casos resistentes à terapêutica oral, a injecção intra-vesical de toxina botulinica tem revelado excelentes resultados”, conclui o Dr. Paulo Vale.





Fonte: Jornal do Centro de Saúde