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domingo, 11 de maio de 2008

PREPARAR A PELE PARA O SOL




Dr. Osvaldo Correia, Dermatologista



Não somos todos iguais na nossa relação com o Sol. O nosso tom de pele, cor dos olhos e cabelo têm algo a dizer nesta matéria e não devem ser ignorados. Porque um bronzeado só é belo, quando obtido de forma saudável!




Em função do tipo de pele podemos ter necessidade de maiores ou menores cuidados com o sol.


Os louros, de olhos claros, mas sobretudo aqueles de pele clara ou que rapidamente coram com o Sol e que ficam muito sardentos, são os de fototipo mais baixo (I e II), logo os que têm maior risco de exposição aos UV.


Mas os de fototipo intermédio, III e IV, que obtêm gradualmente uma cor morena, estão ainda particularmente vulneráveis à radiação, apesar de não ficarem frequentemente corados. Mesmo os de fototipo alto (V e VI), muito morenos ou de raça negra, devem evitar exposições prolongadas à radiação UV.




Atenção às crianças


As crianças são o grupo de maior risco de exposição solar exagerada, muitas vezes inadvertida, ocorrendo frequentemente vermelhidões ou queimaduras solares quando estão a brincar ao ar livre, seja nos recreios, quando nos horários inadequados ou críticos (deverão evitar-se exposições solares das 12 às 16 horas e idealmente das 11 às 17 horas) seja à beira-mar, pelo efeito refrescante da brisa que gera falsa segurança, seja por estarem frequentemente a molhar-se, perdendo rapidamente eficácia os protectores solares que eventualmente tenham colocado.


Estima-se que as crianças recebam três vezes a exposição solar dos adultos ao longo do ano (frequentemente pelo tempo prolongado e por vezes em horários inadequados das brincadeiras ou mesmo da ginástica ao ar livre). Calcula-se que 80% da exposição solar máxima desejável para um adulto seja obtida antes dos 18 anos. Há um número elevado de crianças, das escolas primárias, a referir antecedentes de queimaduras solares e está demonstrado que uma percentagem significativa ocorre na escola, à hora do almoço e recreio e, em seguida, aquando das horas de desporto. Em estudos recentes, em escolas primárias do nosso país, foram relatados antecedentes de vermelhidões após o sol por 42% das crianças e cerca de 27% referiam antecedentes de queimaduras solares com bolhas e pele a esfolar.




Pele clara, cuidado redobrado


Estão também particularmente vulneráveis ao Sol as pessoas a ingerir medicamentos fotossensibilizantes, os de pele clara e que rapidamente ficam sardentos ou corados com o sol e que tenham dificuldade em obter uma cor morena.


Deverão ainda ter particular cuidado aqueles que possuem muitos sinais, sobretudo os que possuem múltiplos nevos atípicos ou que tenham história pessoal ou familiar próxima de lesões cutâneas pré-cancerosas ou que já tenham extraído cancros de pele.




Efeitos para a vida


Os efeitos negativos da exposição solar são cumulativos, como se a pele tivesse uma memória dos episódios negativos da exposição solar exagerada, sobretudo das queimaduras solares. Não é por acaso que a pele cronicamente exposta ao Sol, como a face, o decote das senhoras ou o dorso das mãos seja mais enrugado, com manchas escuras ou maior número de sinais. Há estudos que demonstram que 70% dos carcinomas cutâneos ocorrem em áreas cronicamente expostas, como seja a cara, e estima-se que mais de 90 % dos cancros de pele estejam de alguma forma relacionados com exposição exagerada ou inadequada aos ultravioleta.




Como obter um tom de pele bonito?


A exposição ao sol lenta, progressiva, com protecção solar adequada


Devemos perceber e aceitar que temos tipos de pele geneticamente diferentes e um indivíduo de pele clara nunca ficará muito moreno, podendo obter um tom mais escuro mas, frequentemente, após várias vermelhidões.


A cor de pele morena e muito escura está, actualmente, fora de moda. Muitos dos manequis estrangeiros aparecem-nos hoje com cor de pele mais clara, pois já perceberam que uma pele mais morena, obtida após exposições aos ultravioleta, vai envelhecer mais rapidamente.


Devemos ter consciência que o solário está para a pele, como o tabaco está para o pulmão. Sabemos que nem todos os que fumam vão ter problemas de pulmão ou cancro de pulmão e poderá ocorrer cancro de pulmão em não fumadores. Mas é inequívoco que há muito mais risco de cancro de pulmão nos fumadores.


Se mesmo assim pretende obter uma cor mais morena para além do uso de bases poderá recorrer aos autobronzeadores.




Dr. Osvaldo Correia


Dermatologista (Centro de Dermatologia Epidermis – Porto)

Secretário Geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC)
osvaldo.correia@skinonline.com.pt





Fonte: Saúde Semanário