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quinta-feira, 8 de maio de 2008

OBSTIPAÇÃO: SINTOMA OU DOENÇA?




Dra. Sónia Tomás



A obstipação, ou prisão de ventre, é um dos sintomas mais frequentes no que respeita a perturbações do aparelho digestivo, definindo-se como a presença de duas ou menos dejecções por semana, constituídas por fezes duras, em pequena quantidade e difíceis de eliminar.



É internacionalmente aceite como trânsito intestinal “normal”, uma frequência de dejecções entre três vezes por dia e três vezes por semana, sendo o ritmo variável de indivíduo para indivíduo. Há ainda, para cada um, uma oscilação dos valores considerados normais. Ainda assim, praticamente toda a população sofrerá de obstipação pelo menos uma vez na sua vida.


Numa tentativa de uniformizar o diagnóstico, foram criados critérios em que se considera obstipado o doente que apresenta quaisquer dois dos seguintes em, pelo menos, doze semanas dos últimos doze meses: menos de três dejecções por semana, esforço em evacuar, fezes duras, sensação de defecação incompleta ou sensação de obstrução do canal anal, com eventual remoção de fezes com os dedos.


Mas será a obstipação uma “doença” ou um “sintoma” reflector de uma situação subjacente? Para tal, é necessário discernir entre as múltiplas causas de obstipação, identificar as que apresentam co-relação com cada caso e instituir as terapêuticas adequadas, não só com intuito curativo e de melhoria da qualidade de vida, como também com a finalidade de promover a educação do doente.




Causas da obstipação


Podem ser divididas em três grupos distintos. As causas sócio-ambientais englobam os deficits alimentares em fibras, frutas, vegetais e água (dado que tanto as fibras como a água contribuem para a formação de um bolo fecal menos consistente, mais volumoso e que consegue ser eliminado mais facilmente), o sedentarismo (nomeadamente, a imobilidade em idosos e acamados), as alterações dos hábitos alimentares (em viagem) ou o ignorar da necessidade de evacuar (muitas são as pessoas que preferem aguardar para evacuar em casa ao invés de recorrer às casas-de-banho públicas).


As causas funcionais correspondem às que apresentam alterações do funcionamento intestinal, como a cirurgia abdominal ou ortopédica recente, a gravidez, condições psiquiátricas ou endócrinas, o Síndrome do Cólon Irritável ou o uso de certos medicamentos. Já as causas orgânicas apresentam uma patologia específica a nível intestinal que condiciona o seu funcionamento, como a presença de problemas ano-rectais como hemorróidas ou neoplasias, ou condições neurológicas.




Como resolver este problema


Na grande maioria das situações, é facilmente identificável uma ou mais causas sócio-ambientais para o aparecimento de obstipação, bastando nesses casos, abolir a causa respectiva e promover a prevenção de recorrências, nomeadamente através de:


- Uma dieta equilibrada, rica em farelo, cereais integrais, leguminosas, fruta fresca e vegetais, evitando gelados, queijo, carne e todo o tipo de fast food;


- Ingestão de líquidos em quantidade (no mínimo 1,5 litros por dia), evitando as bebidas alcoólicas, com gás ou com cafeína, como o café, a cola e o chá preto;


- Exercício físico regular;


- Não ignorar a necessidade de evacuar.



O cumprimento destes pontos preventivos é particularmente importante em idosos, acamados, doentes polimedicados ou recentemente submetidos a intervenções cirúrgicas.







Fonte: Jornal do Centro de Saúde