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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

PICADAS DE INSECTO



Dr. João Borges da Costa


As picadas de insecto são mais frequentes durante a época estival, com as actividades recreativas na proximidade de cursos de água e o uso de vestuário mais leve.





As picadas de insectos têm como manifestação mais frequentes as pápulas pruriginosas (também conhecidas por "babas"), que podem ter associadas lesões de coceira. Estas lesões quando desenvolvem sinais inflamatórios, com o acto de coçar, podem evoluir para infecções locais, que têm de ser tratadas com antibiótico.



Estes sinais inflamatórios são caracterizados por aumento de temperatura e inchaço na área da picada, assim como vermelhidão e dor, que não desaparecem espontaneamente. As picadas de insecto não são simplesmente um aborrecimento que ocorre nos meses mais quentes do ano, pois podem transmitir várias doenças ao homem.




Estas doenças são mais frequentes nos trópicos e a malária é a doença transmitida por insectos mais frequente e a que têm maior número de sequelas ou mortalidade.
Os países do sul da Europa, como Portugal, são especialmente vulneráveis à introdução destas doenças, como consequência do aquecimento global e a expansão das áreas originais de algumas espécies de mosquito.








O dengue pode atingir Portugal




O dengue, doença que recentemente causou uma epidemia no Rio de Janeiro, é o exemplo mais óbvio de uma doença transmitida por insectos que poderá um dia atingir o nosso país. O mosquito que transmite a doença já foi encontrado em território nacional.




Outras doenças transmitidas por insectos, como a febre-amarela e a malária, que já existiram em Portugal, poderão ser reintroduzidas com as alterações climáticas e as migrações. A malária só foi extinta em Portugal na primeira metade do século XX e no início desse século era uma das três maiores causas de mortalidade.




Nas consultas de viajantes, após o regresso à Europa, as doenças de pele representam, em alguns estudos, a quinta causa mais frequente de ida ao médico. As picadas de insecto e as queimaduras solares são as queixas mais frequentes destes doentes. Os viajantes devem efectuar uma consulta de aconselhamento e eventualmente, vacinas ou profilaxia, antes de se deslocarem a países onde as doenças transmitidas por insectos sejam causa de morbilidade ou mortalidade.




As picadas de artrópodes, conceito que inclui não só os mosquitos mas também as aranhas, ácaros e pulgas, podem causar reacções alérgicas imediatas ou tardias. O exemplo mais óbvio de uma reacção alérgica imediata é a urticária que ocorre após picada de himenópteros (abelhas ou vespas) em doentes com alergia a estes. Esta reacção, se não for controlada pode mesmo ser fatal.


Algumas picadas podem causar reacções mais tardias e prolongadas, das quais a brotoeja é provavelmente a causa mais frequente no nosso país. Esta doença é causada não pela picada do artrópode, mas pelos dejectos destes na pele e ocorre após infestação por ácaros existentes em colchões velhos, cadeiras de vime ou limpeza em sótãos.








Como prevenir




Em Portugal, há ainda a salientar: a febre da carraça, que é causada por uma bactéria transmitidas pelas carraça, com uma picada indolor e maior frequência no Alentejo; a leishmaniose, que é causada por um parasita, transmitida pela picada de uma pequena mosca e cujo reservatório no nosso país é o cão; a borreliose de Lyme, que é também transmitida por carraças é frequente na América do Norte e Europa Central mas menos frequente no nosso país.




A medida mais eficaz de prevenir estas picadas no nosso país é o uso de medidas passivas como o vestuário mais comprido ou evitar a presença junto de cursos de água nos momentos do dia em que ocorre maior actividade dos mosquitos, o pôr do sol ou o nascer deste.




O uso de repelentes poderá estar indicado para actividades ao ar livre em indivíduos com maior reactividade as picadas de insecto, mas é necessário respeitar as regras de aplicação de cada produto, para manter a sua eficácia e evitar a sua potencial toxicidade, especialmente em crianças.




A maioria das picadas de insecto tem resolução espontânea, não necessitando de tratamento. O coçar das lesões deve ser evitado para prevenir infecções e medidas locais, como aplicação de compressas com soro frio melhoram as queixas.




Em indivíduos com reacções mais exuberantes, a aplicação de um creme com corticóides ou toma oral de anti-histamínicos ajuda a controlar estas reacções. No entanto, deve ser evitada a aplicação de cremes com anti-histamínicos, medicamentos de venda livre nas farmácias e usados frequentemente no nosso país, porque podem causar reacções alérgicas.








Para mais informações:














"A medida mais eficaz de prevenir picadas é usar vestuário mais comprido, ou evitar a presença junto de cursos de água nos momentos do dia em que ocorre maior actividade dos mosquitos"








"A maioria das picadas de insecto tem resolução espontânea, não necessitando de tratamento"











Dr. João Borges da Costa


Clínica Universitária de Dermatologia


Hospital de Santa Maria


Fonte: Jornal Centro Saúde