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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

COMO ENFRENTAR A MENOPAUSA?



Andreia Pereira


Passar barreira dos 45 anos significa, para muitas mulheres, entrar numa nova fase das suas vidas: a menopausa. É o fim da idade fértil e o início de uma nova etapa, marcado por alterações corporais e psicológicas.





A entrada na menopausa abre um novo capítulo na vida das mulheres. Este novo ciclo, que surge entre os 45 e os 55 anos, encerra a idade fértil e enceta uma série de alterações físicas e psicológicas. "É a fase de cessação ovárica, em que deixa de haver produção de estrogénios", explica o Dr. Mário Sousa, presidente da Sociedade Portuguesa de Menopausa.




A quebra da hormona feminina vai provocar uma cascata de alterações no organismo da mulher. E não só. Do ponto de vista psicológico, podem surgir sinais de "irritabilidade, nervosismo e modificações no humor", salienta o especialista. A par destes sintomas, a chegada da menopausa faz-se acompanhar de afrontamentos e de suores frios, paralelamente a secura vaginal e atrofia urogenital, que influenciam a redução da resposta sexual.




A sintomatologia, afirma, está intimamente ligado a fenómenos vaso-motores e outros ainda não totalmente conhecidos, em que se regista uma dilatação repentina, seguida de contracção, das veias e artérias. "Esta situação, devido aos efeitos que surte, pode provocar alterações no sono e até palpitações." Embora seja uma fase de passagem obrigatória para todas as mulheres, nem todas apresentam um quadro de sintomas muito vincado. "Em 25% dos casos a entrada na menopausa não manifesta praticamente quaisquer sintomas."








Estrogénios em baixa




Contrariamente ao que se possa julgar, a menopausa não surge de um dia para o outro. "Dois a cinco anos antes da última menstruação, vão havendo indícios. É a fase que se designa por peri-menopausa e que se caracteriza por irregularidades do ciclo menstrual, quer no número de dias, quer no espaço entre as menstruações", diz Mário Sousa. Mais tarde, com a cessação da actividade ovárica, vai-se registar uma diminuição de estrogénios circulantes. E as consequências desta quebra fazem-se notar no organismo.




"Com a entrada na menopausa, vai havendo uma perda de massa óssea mais acelerada, que se justifica pela carência de estrogénios: uma hormona que vai conferindo alguma protecção até essa data." Segundo o especialista, devido à baixa de estrogénios pode, então, existir um "risco maior de sofrer complicações cardiovasculares e de desenvolver osteoporose".


Atenuar os sintomas




Embora não haja cura para ultrapassar esta fase na vida da mulher, existe tratamento que alivia a sintomatologia. "Quando não existe contra-indicação, aconselha-se a terapêutica hormonal (TH)", fundamenta Mário Sousa. Embora existam outras alternativas, o especialista ressalva que esta é a "terapêutica de eleição" e aquela que "melhora, substancialmente, a qualidade de vida das mulheres".




Em termos simples, a TH "repõe os níveis de estrogénios no sangue, como se, no fundo, os ovários continuassem a produzir esta hormona". O organismo, com reposição dos níveis hormonais, "continua a funcionar como se estivesse preenchido com estrogénios". Com a implementação deste tratamento, "a sintomatologia vasomotora desaparece no prazo de duas a três semanas e os outros sintomas vão sendo atenuados num curto espaço de tempo".




Dado que a idade da reforma se atinge aos 65 anos, Mário Sousa recomenda a iniciação de um tratamento que permita às mulheres continuarem a trabalhar, sem os constrangimentos associados à menopausa. Para isso, "a terapêutica deverá ser iniciada o mais precocemente possível, entre os 50/59 anos, e sem limite de tempo". Contudo, a implementação do tratamento deve ser alvo de vigilância e "vigorar enquanto os benefícios forem superiores aos riscos", aponta.








Terapêutica hormonal em números




De acordo os dados disponíveis, em Portugal, cerca de 4% da população feminina utiliza a TH, contrariamente a França, onde 20% das mulheres já aderiram a esta solução para contrariar os sintomas da menopausa. "Somos o país da Europa com o índice mais baixo de adesão ao tratamento", resume Mário Sousa.








Fonte: Jornal do Centro de Saúde