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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

LEUCEMIAS: CAUSAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO



Marília Gomes


Leucemias são um grupo heterogéneo de doenças hemato-oncológicas caracterizadas por uma acumulação anormal e progressiva de glóbulos brancos malignos clonais (células leucémicas), com capacidade de proliferar excessivamente e de infiltrar órgãos e tecidos, tais como medula óssea, sangue periférico, baço e gânglios.





Os dois maiores grupos de leucemias diferem na rapidez com que manifestam os seus sinais e sintomas, e como progridem. As leucemias agudas são usualmente de início rápido e de curta duração, dividindo-se em leucemias linfoblásticas e mieloblásticas agudas. As leucemias crónicas evoluem de forma insidiosa e são de longa duração, podendo ser leucemias mielóides ou linfóides crónicas.




Causa das leucemias




A grande maioria é de etiologia (causa) desconhecida. No entanto, existem alguns factores que implicam o aumento do risco de leucemia, como a exposição a níveis muito elevados de radiação ionizante (ex: explosão atómica, acidentes em centrais nucleares, exposição terapêutica a radiação), a exposição crónica a níveis elevados de compostos químicos usados na indústria (ex: benzeno, formaldeído), ou a alguns medicamentos incluídos em protocolos de quimioterapia de doentes com cancro, como os agentes alquilantes.




Certas doenças genéticas como o Síndrome de Down, bem como algumas doenças hemato-oncológicas, como os Síndromes Mielodisplásicos, podem aumentar o risco de leucemia aguda. Existe uma forte associação entre a rara leucemia de células T do adulto e a infecção pelo vírus HTLV1.








Sintomas




Os sintomas predominantes são: sudorese nocturna, infecções frequentes, cansaço fácil, hemorragias cutâneas ou mucosas fáceis, dores ósseas ou articulares, distensão abdominal, gânglios aumentados de volume e emagrecimento. Esta sintomatologia não é exclusiva das leucemias e pode surgir no curso de outras patologias benignas ou malignas. São um sinal de alerta para consultar o médico assistente. As leucemias crónicas podem não apresentar qualquer sintomatologia, sobretudo nos estádios iniciais, sendo por vezes diagnosticadas em consultas de rotina mesmo antes do aparecimento de sintomas.









Diagnóstico



Para o diagnóstico, é fundamental uma história clínica completa, exame físico, análises clínicas (hemograma, esfregaço de sangue periférico, bioquímica) e estudos da medula óssea (aspirado, biópsia). Em casos particulares é necessário realizar outros exames tais como a punção lombar e exames imagiológicos.








Tratamento




Nas leucemias agudas, o tratamento deve ser iniciado com a maior brevidade, em regime de internamento com quimioterapia intensiva adaptada à idade e estado geral do doente, com o intuito de erradicar o clone leucémico, e permitir a recuperação das células normais da medula óssea.




Nas leucemias crónicas, os princípios terapêuticos são diferentes, uma vez que, alguns doentes podem não ter indicação para efectuar qualquer terapêutica ao diagnóstico, mas apenas quando a doença progride e se torna sintomática. A quimioterapia é efectuada habitualmente em regime ambulatório e com objectivo de aumentar o intervalo livre de doença, com a mínima toxicidade.




O transplante da medula óssea é provavelmente a terapêutica com maior impacto positivo na sobrevivência dos doentes com leucemia, particularmente nas agudas. Neste procedimento é administrada quimioterapia/radioterapia em doses muito elevadas, seguida da infusão de células progenitoras hematopoiéticas, com origem no próprio ou em dador compatível, que vão reconstituir a medula óssea do receptor.





Marília Gomes




Assistente Hospitalar de Hematologia Clínica
Serviço de Hematologia Clínica do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, EPOE











Fonte: Jornal do Centro de Saúde