MAIS SAÚDE - Informações actualizadas - Trabalhos de investigação - Guias de saúde - Calendário de eventos
 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

RONCOPATIA E APNEIA DO SONO




O ressonar é uma perturbação do sono e apesar de ser frequente não deve ser ignorado, mas sim avaliado e tratado. Cerca de 30 por cento dos adultos ressonam e embora na maior parte isto não signifique um problema sério, estima-se que em 5 por cento dos indivíduos o ressonar está associado a uma doença: a apneia de sono. Embora o ressonar ocorra nos dois sexos é quase duas vezes mais frequente no homem do que na mulher.





Alguns indivíduos durante o sono enquanto outros só ressonam, por exemplo, quando dormem de costas, estão constipados ou tomam determinada medicação, mas não há dúvida de que se trata de uma situação incomodativa para os outros indivíduos que com eles convivem.




Poderíamos pois dizer que o ressonar não só perturba o parceiro, como também pode perturbar o sono do ressonador, sem que ele tenha consciência disso.







O que é o ressonar?




O ressonar não é mais do que o ruído provocado pela passagem do ar através das vias respiratórias que podem provocar uma obstrução ao seu fluxo por razões diversas.








Poderá o ressonar ser um sinal importante?




Sim. Se for intenso e interrompido por pausas, o ressonar pode ser um dos primeiros sintomas da existência de apneia de sono.








O que é a apneia de sono?




A apneia de sono é uma perturbação caracterizada por paragens respiratórias com duração superior a 10 segundos que se repetem durante a noite e é significativa se acontecer mais de cinco vezes por hora. Esta perturbação provoca a fragmentação do sono durante a noite, provocando uma alteração da sua qualidade.




À medida que o sono se torna mais profundo verifica-se um relaxamento muscular e inclusivamente dos músculos necessários à respiração. Este processo normal não causa problemas na maioria dos indivíduos, mas noutros os músculos relaxam demasiado ou simplesmente ao relaxar podem provocar um agravamento da obstrução inicial dificultando a passagem do ar.





Em alguns casos o problema reside a nível cerebral controladora da respiração, em que os mecanismos reguladores estão alterados dando assim origem a uma apneia de natureza central. Podemos pois dizer que um doente com apneia de sono adormece, pára de respirar, acorda, reinicia a respiração, torna a adormecer, mais uma vez pára de respirar, e assim por períodos sucessivos ao longo da noite, o que conduz a um cansaço físico.




Este cansaço pode ter como consequência uma diminuição da rentabilidade intelectual e física durante o período de trabalho devido ao cansaço, adormecimento durante a condução de veículos motorizados, com aumento da sinistralidade rodoviária.




Quais os principais sintomas?




- Ressonar intenso, incomodativo e com pausas a acompanhar um sono agitado e geralmente com forte transpiração;




- Sonolência durante o dia com facilidade em adormecer em circunstâncias impróprias, tais como na ver televisão, a trabalhar, a conversar com os amigos e a conduzir. De facto, o risco de acidentes de viação aumenta significativamente nestes doentes;




- Dificuldade de concentração, irritabilidade, ansiedade ou depressão, perda de interesse sexual e por vezes dificuldades na erecção, dores de cabeça e queixas de insónia.




- Levantar de noite para urinar, acordar cansado e com a boca seca, ter azia ou a tensão arterial elevada.






A apneia depende da obstrução das vias respiratórias?




Não. Embora a apneia obstrutiva seja a mais frequente, existem também casos em que apesar das vias respiratórias não estarem obstruídas, o diafragma e os músculos respiratórios param de funcionar por falta do estímulo cerebral que controla a respiração. A este caso chama-se apneia central, conforme já foi referido e que pode coexistir com outra apneia denominada de origem periférica.








Que consequências poderá ter a apneia de sono?




Para além da alteração da qualidade de vida provocada pelos sintomas já referidos, há também riscos durante a noite: cada vez que a respiração pára, o nível de oxigénio no sangue baixa e o coração tem de trabalhar mais intensamente, levando a um aumento da tensão arterial e por vezes com arritmias cardíacas durante a noite.








Como diagnosticar o ressonar e a síndrome da apneia do sono?




Quando existe uma suspeita clínica, o doente deverá ser enviado a uma consulta de sono ou a um otorrinolaringologista, acompanhado do seu/sua parceiro(a) pois é importante saber o que se passa de noite quando o doente pensa que está a dormir.




Certamente que irá necessitar de fazer um registo de sono durante uma noite, o que actualmente já pode ser feito em casa do doente. Assim se fará o diagnóstico preciso e a avaliação da sua gravidade para que se escolha o tratamento mais adequado a cada caso.




O vício de fumar agrava consideravelmente a apneia do sono devido a uma maior flacidez e possibilidade de colapso dos tecidos das vias respiratórias superiores por irritação das mesmas devido ao fumo do tabaco.


Quais os tratamentos?




Existem medidas gerais que devem ser aplicadas.




Perda de peso, no caso de ser excessivo, pode ajudar muito o tratamento da apneia de sono. Por vezes, perdas de cerca de 5 por cento do peso podem melhorar francamente a respiração nocturna, tornando o sono mais reparador e diminuindo em muito os sintomas diurnos já descritos.




Evitar álcool ao jantar ou pelo menos duas horas antes de ir para a cama: o álcool deprime a respiração tornando as apneias mais frequentes e graves. Evitar medicamentos para dormir, pois a grande maioria agrava a apneia do sono.




Tentar dormir de lado, uma vez que muitos indivíduos sofrem de apneia apenas quando estão deitados de costas (determinados truques simples podem ser úteis tais como a bola de ténis presa nas costas do pijama, que obrigará a uma posição lateral durante o sono). Medicação para tratar a congestão nasal, caso esta exista, pode ser útil na redução do ressonar e da apneia do sono.




Por outro lado pode-se recorrer aos seguintes tratamentos específicos. Pressão positiva contínua nasal (CPAP) é actualmente a terapêutica mais eficaz. Consiste na aplicação de uma máscara no nariz durante a noite. Este aparelho exerce uma pressão de ar contínua forçando o ar a passar através das vias respiratórias, não deixando que a apneia ocorra e permitindo que o indivíduo respire normalmente sem que o sono seja perturbado.




Aplicações dentárias que poderão ajudar nalguns casos, permitindo uma melhor abertura das vias aéreas superiores com projecção anterior da mandíbula, língua e palato mole.




Outros tratamentos cirúrgicos poderão corrigir alterações físicas que prejudiquem a respiração durante a noite. Estas incluem amígdalas ou adenóides aumentadas, pólipos nasais, um desvio do septo nasal e malformações da mandíbula ou do palato mole.




A uvulopalatofaringoplastia (UPPP) e a uvulopalatofaringoplastia assistida por laser (UPPL), são técnicas em que o cirurgião remove o excesso de tecido na parte posterior da garganta (úvula e parte do palato mole) que poderá estar a bloquear as vias respiratórias durante o sono.




Além destas cirurgias, nos casos mais graves pode ser necessário recorrer a outras técnicas operatórias mais diferenciadas como o avanço maxilomandibular. Noutros casos, extremos, com uma apneia do sono muito grave pode ser necessário efectuar uma traqueotomia.




Esta técnica consiste em abrir um orifício na traqueia, colocação de uma cânula de traqueostomia que se encerra durante o dia e é aberta para dormir, o que permite que o ar circule directamente para os pulmões sem ter que passar por uma via aérea obstruída.




O oxigénio, que embora raramente seja necessário para o tratamento da apneia de sono, pode ser adicionado ao sistema de CPAP para correcção dos baixos níveis de oxigénio nos doentes com doenças respiratórias ou cardíacas.




A nova técnica dos três pilares (PPP) é mais uma opção cirúrgica no tratamento do ressonar e da apneia do sono.








Fonte: Instituto do sono