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terça-feira, 23 de junho de 2009

DOENÇAS DA VISÃO RELACIONADAS COM A IDADE




Mário Beja Santos



O avançar da idade faz-se também sentir nos olhos e na qualidade da visão. Para além das alterações da visão corrigíveis com o uso de óculos, há a ter em conta um aumento da ocorrência de doenças que podem, mais ou menos a longo prazo e se não tratadas a tempo, resultar em perda da visão ou, pelo menos, numa diminuição marcada da autonomia.









Seja em que idade for, a perda de visão tem profundas repercussões na pessoa e na sociedade. Entretanto, como a população mundial tem vindo a aumentar e é maior a esperança de vida, aumentou forçosamente o número de seniores que apresentam uma diminuição da visão, de maior ou menor grandeza.





A Direcção-Geral da Saúde recomenda uma ida ao oftalmologista de 4 em 4 anos, a partir dos 46 anos de idade, havendo vantagem, a partir dos 60 anos, em ir ao oftalmologista pelo menos de dois em dois anos.





Cumprindo estas recomendações asseguramos a detecção precoce e o melhor controlo de qualquer perturbação da saúde dos olhos ou da qualidade da visão que possam surgir Os distúrbios da visão mais comuns no envelhecimento dão pelo nome de cataratas, degenerescência macular relacionada com a idade e glaucoma.





Recorde-se que o Programa Nacional para a Saúde da Visão, do Ministério da Saúde, contempla um programa para a saúde das pessoas idosas, que contempla as doenças mais frequentes e mais susceptíveis de causarem, mais ou menos longo prazo, perda de visão. Refere-se explicitamente neste documento o peso das doenças da córnea (incluindo as doenças da conjuntiva) e o significado que têm as cataratas (cerca de 170 mil pessoas sofrem de catarata, sendo que seis em cada 10 pessoas com mais de 60 anos apresentam sinais desta doença). Também a degenerescência macular relacionada com a idade, que afecta cinco por cento das pessoas com mais de 55 anos e uma em cada 10 pessoas com mais de 65 anos, e o glaucoma são identificados como sendo alvo preferencial de intervenção.





Constata-se que a maioria dos casos de glaucoma recorre a cuidados oftalmológicos em situações tardias, quando já não é possível um tratamento eficaz, além de que, das cerca de 200 mil pessoas que apresentam hipertensão ocular, um terço sofre de glaucoma, distúrbio que acarretará cegueira irreversível a cerca de seis mil pessoas.









A maior das patologias da visão





A catarata é o nome dado a qualquer opacidade do cristalino. O cristalino, ou lente, é ao longo da vida sujeito a um processo de envelhecimento que poderá ter o seu desfecho na chamada catarata senil. As cataratas que afectam a totalidade do cristalino podem afectar gravemente a visão, são factor indiscutível de stress e podem provocar sérias limitações.





São inúmeros os factores de risco que podem provocar ou acelerar o aparecimento de catarata, incluindo medicamentos, substâncias tóxicas, doenças metabólicas, traumatismos, doença ocular, radiação ultravioleta B, factores nutricionais, entre outros.



A catarata não tratada é a primeira causa de cegueira a nível mundial. Está hoje associada a um

dos maiores sucessos da medicina moderna, existindo hoje mecanismos de tratamento reconhecidamente eficazes.





O único tratamento curativo da catarata é o cirúrgico e consiste em substituir o cristalino opaco por uma prótese designada por lente intraocular. As queixas mais frequentes podem ser: diminuição da acuidade visual (principal sintoma), sensação de névoa, uma maior sensibilidade à luz e uma necessidade de mudar de óculos com mais frequência.









A mácula e o glaucoma





Se a principal causa mundial de cegueira continua a ser a catarata, segue por ordem de importância degenerescência macular e o glaucoma.





Infelizmente ainda sem hipóteses de intervenção cirúrgica (na mácula há tratamento preventivo, na fase precoce) e, no estado actual dos conhecimentos, ainda não se possui meios para impedir o seu aparecimento; o glaucoma, também detectado precocemente, pode ser tratado com medicamentos.





A degenerescência macular relacionada com a idade (DMI ) é uma doença da mácula, a zona mais sensível da retina e por isso se diz que é uma doença retiniana. Manifesta-se clinicamente acima dos 50 anos de idade. A mácula é responsável pela visão nítida e central, ou seja, pelo pormenor, pela cor e formas. Uma vez destruída a mácula, a visão é irrecuperável pelo que a DMI não tem cura. Como a doença se desenvolve gradualmente e sem dor, é muito importante a sua detecção precoce para permitir controlar a progressão da doença, reduzindo a extensão da perda de visão. O principal efeito da doença é a diminuição da autonomia do indivíduo, o que vai levar ao aumento da depressão e dependência.






De acordo com alguns estudos de mercado, a maioria esmagadora dos portugueses desconhece totalmente a DMI . Ela está indiscutivelmente relacionada com o envelhecimento, os seniores são pois o seu principal grupo de risco. É a maior causa de cegueira dos países industrializados, tendo maior prevalência em pessoas de raça branca e do sexo feminino (em Portugal, calcula-se que há cerca de cinco mil novos casos por ano).





Consideram-se como principais doentes da DMI : fumadores, hipertensos e obesos, mas podem também sofrer desta patologia praticantes de dietas pobres em antioxidantes e os factores hereditários também contam. A sintomatologia da DMI é marcada por mancha escura ou esbranquiçada no centro do campo visual; perda rápida da acuidade visual; diminuição da sensibilidade ou contraste; imagens enevoadas; alteração das cores e aumento da sensibilidade à luz.





Os mecanismos de defesa do globo ocular incluem a presença de substâncias antioxidantes. Com o envelhecimento, algumas delas diminuem a sua actividade e outras não são produzidas pelo organismo.



O médico pode entender que a reposição destas substâncias se deve realizar através da alimentação ou de suplementos (por exemplo, contendo zinco, vitamina A, C e E, alguns carotenóides, isto num contexto de uma terapêutica que pode contribuir para reduzir a progressão da doença.





Para lidar com esta patologia recomenda-se: evitar conduzir à noite ou em condições desfavoráveis; utilizar sempre os seus óculos e uma iluminação adequada; remover potenciais barreiras domésticas que possam constituir perigo.





O glaucoma é uma doença em que a pressão no interior dos olhos aparece aumentada. Na ausência de tratamento pode aparecer a cegueira. Aparece principalmente em pessoas com mais de 40 anos e com familiares que sofram desta doença. Podem predispor para o aparecimento da doença lesões e maus estilos de vida (diabetes, hipertensão, dores de cabeça, tabagismo, abuso crónico de álcool e cocaína e alguns medicamentos).





O glaucoma é diagnosticado pelo oftalmologista através da medição de pressão intra-ocular. Tenha-se em conta que esta patologia pode só dar sinais na fase avançada com alteração da visão, e nos casos em que houver lesão do nervo óptico, poderá ocorrer cegueira. O tratamento existente passa pela aplicação de medicamentos nos olhos em gotas; nos casos mais graves, pode recorrer-se a medicamentos em comprimidos ou, se muito graves, a medicamentos endovenosos. O cumprimento do tratamento e a vigilância cuidada da pressão intra-ocular são essenciais para controlar a progressão desta doença. O doente com glaucoma deve informar sempre os médicos que o assistem e o seu farmacêutico de que sofre desta patologia para não correr o risco de lhe aconselharem medicamentos que o agravem.









Procure o aconselhamento farmacêutico





Pode e deve recorrer ao aconselhamento farmacêutico para o ajudar a perceber melhor qualquer alteração da visão que ocorra. É essencial actuar a tempo sobre os problemas que podem afectar a qualidade da visão, saber prevenir e privilegiar a vigilância e o diagnóstico precoce.





Também no que diz respeito às doenças dos olhos e ao seu tratamento, pode contar com o conselho do farmacêutico. A aplicação de medicamentos nos olhos, sob a forma de colírios ou de pomadas, reveste-se de cuidados especiais. A aplicação correcta dos medicamentos e a sua conservação adequada são essenciais para que se obtenham bons resultados. Quando é aplicado mais do que um medicamento, é importante precaver o risco de interferirem uns com os outros e também aqui há regras a seguir.





Em caso de glaucoma, é particularmente importante que a toma de medicamentos em automedicação, se faça apenas mediante a orientação do farmacêutico, uma vez que há o risco de poderem estarem contraindicados nesta doença.





Em todas as circunstâncias, o farmacêutico é o profissional de saúde com quem é mais fácil contactar para, no quadro da qualidade de vida, sabermos agir na prevenção da doença. Devemos contar com ele para conhecer mais sobre as doenças da visão relacionadas com a idade.








Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF