Parece um gesto banal, mas é essencial para prevenir infecções. Há que fazer da lavagem das mãos uma rotina e, sobretudo, lavá-las bem. Pela nossa saúde e pela dos outros.
As mãos são a nossa principal ferramenta: é com elas que executamos as nossas actividades, das profissionais às de lazer. Mas são também a nossa porta para o contacto com os outros: é com elas que cumprimentamos, que encorajamos, que consolamos, que acarinhamos...
Tocamos em pessoas e objectos, deles recebendo microorganismos que podem ser nocivos para a saúde. São germes que, sem uma correcta higienização das mãos, podemos depois transferir para outras pessoas e objectos e para outras partes do nosso próprio corpo: é o que acontece quando levamos as mãos aos olhos ou à boca, quando nos coçamos.
Estes germes passíveis de transmitir infecções juntam-se aos que existem naturalmente nas nossas mãos. Trata-se da chamada flora residente, constituída por microorganismos que vivem sobretudo em torno das unhas e entre os dedos, mas também junto aos folículos pilosos.
É difícil removê-los, mas é possível inactivá-los com anti-sépticos como o álcool. Mas são de baixa virulência, o que significa que raramente causam infecção.
Já a chamada flora transitória é a que se adquire através do contacto com pessoas e objectos contaminados.
Permanece na superfície da pele, junto a gorduras e sujidades, podendo ser eliminadas com a lavagem das mãos. Mas, se este não for um gesto habitual, estes germes acabam por ser transferidos para outros objectos e outras pessoas, assim se dando continuidade a uma cadeia em que o resultado final pode ser uma infecção.
Oportunidades há muitas
Para quebrar esta cadeia, é fundamental fazer da higienização das mãos um hábito, quase um automatismo. E, durante o dia, oportunidades há muitas para as lavar, tantas quanto as de ser contaminado ou de perpetuar o risco.
Há, naturalmente, que lavar as mãos sempre que se apresentarem sujas, mas também antes de cozinhar, depois de manipular alimentos crus, antes e depois de comer. E sempre que se tossir, espirrar ou assoar, depois de mexer no cabelo, olhos e nariz, depois de fumar. E ainda depois de utilizar as instalações sanitárias, depois de manipular e/ou transportar lixo e depois de manipular produtos químicos como os usados na limpeza e desinfecção domésticas.
O contacto com animais deve merecer este mesmo cuidado, o mesmo acontecendo depois de utilizar equipamentos públicos como telefones ou elevadores. Sensível é o contacto com crianças: antes de lhes tocar e depois de cuidados como a mudança da fralda.
A higiene das mãos é também essencial na prestação de cuidados de saúde: manusear medicamentos e aplicar pensos ou outros acessórios é um risco, quer para quem recebe estes cuidados, quer para quem os presta, pelo que as mãos de devem lavar antes e depois.
Razões são muitas para lavar as mãos. Mas não basta fazê-lo, há que fazêlo bem. Com água e sabão, em toda a extensão das mãos, quer na face palmar, quer na fase dorsal, insistindo entre os dedos e junto às unhas.
São estas, geralmente, as zonas que pecam por defeito de higiene e onde se concentram preferencialmente os germes... E na ausência de água pode ser utilizado um anti-séptico como o álcool. É preciso é eliminar uma potencial fonte de infecção.
Hospitais de risco?
Em Junho de 2005, o então ministro da Saúde, Correia de Campos, gerou alguma polémica ao atribuir o elevado número de infecções no Hospital de S. João, no Porto, à não lavagem das mãos: "Há muitas mãos que não são lavadas quando passam de um doente para o outro".
Em reacção, o S. João tomou medidas e, no espaço de um ano, as infecções hospitalares baixaram 30 por cento. Entre elas pontua a colocação, junto à cama de cada doente, de um dispositivo com uma solução à base de álcool para utilização dos profissionais de saúde.
Outras medidas visaram combater outro tipo de infecções contraídas em ambiente hospitalar mas que não estão directamente relacionadas com a (não) lavagem das mãos.
Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF