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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

INCONTINÊNCIA: PINGOS DE DESCONFORTO



Desconforto, mas também embaraço, é o que sente quem sofre de incontinência urinária, um problema mais feminino do que masculino e que se torna mais frequente com a idade. Mas que se contorna com a ajuda de produtos próprios que devolvem o bem-estar e a auto-estima.


Quem vê televisão com regularidade certamente já se deparou com vários anúncios a propósito da incontinência - são anúncios que publicitam as chamadas fraldas para adultos, uma das soluções mais confortáveis e eficazes para contornar a dificuldade em conter a urina. Marcas à parte, são todos eles anúncios que transmitem uma imagem positiva, com os protagonistas em atitudes de confiança e descontracção.


E, embora a razão de ser da publicidade seja a de convencer o público, pelo que as mensagens são naturalmente afirmativas, a verdade é que há cada vez menos razões para que a incontinência seja fonte de desconforto e embaraço.


A incontinência é definida como a perda involuntária de urina, que representa um problema higiénico ou social para a pessoa afectada. Há diferentes tipos e pode ou não ser acompanhada da sensação de micção urgente.

Significa isto que as gotas que se escapam ao controlo do cérebro e da bexiga podem ser antecedidas de uma vontade urgente de urinar, mas também pode acontecer que não haja qualquer aviso prévio.

Este cenário é duas vezes mais frequente entre o sexo feminino, por comparação com o masculino, e tende a acentuar-se com a idade, embora possa ocorrer em qualquer altura da vida. Sabe-se, no entanto, que um em cada três idosos tem dificuldade em controlar a bexiga, o que constitui terreno fértil ao desenvolvimento de doenças como as úlceras de decúbito, infecções e depressões.

Aliás, as implicações a nível psicológico são, muitas vezes, mais problemáticas do que as complicações físicas da incontinência. Uma pessoa que não consegue evitar que a urina se escape acaba por se isolar, devido ao natural constrangimento e ao receio de ser rejeitada pelos seus pares. Acontece que o doente evite o convívio social, tal como se iniba de manter contactos íntimos com o seu parceiro.

Fica, assim, claramente comprometido o bem-estar nas suas múltiplas vertentes.
A incontinência, nos seus diferentes tipos, pode ter sintomas temporários ou persistentes, sendo que, no primeiro caso, desaparece quando são eliminados os factores que estão na sua origem. Uma doença, um medicamento, uma situação de stress emocional...

Geralmente classifica-se a incontinência urinária em grupos. A incontinência de stress acontece quando aumenta a pressão abdominal - rir, espirrar, tossir, exercício físico - devido a fraqueza dos músculos pélvicos.

Considera-se também a incontinência de imperiosidade (também chamada de urgência), relacionada com a instabilidade do principal músculo da bexiga. O que acontece é que a pessoa sente um forte desejo de micção, mas não consegue evitar a perda de urina antes de chegar a uma casa de banho.

A mista, quando existem sintomas de incontinência de stress e imperiosidade. Há também quem sofra de incontinência funcional ou reflexa, situação em que não há qualquer impulso de urinar. Nestes casos, a bexiga esvazia-se porque não recebe qualquer instrução de controlo do cérebro.


Recuperar o bem-estar

A incontinência é causa de intenso desconforto, físico e emocional. É, no entanto, possível corrigi-la ou mantê-la sob controlo. E enquanto as terapêuticas não surtem efeito, é desejável recorrer à ajuda de alguns dispositivos que minimizam as consequências da perda de urina.

São três os tipos principais desses dispositivos: oclusivos, colectores e absorventes. Os primeiros são dispositivos mecânicos que actuam comprimindo a uretra (o canal que liga a vagina ou o pénis à bexiga e por onde se liberta à urina) e que devem ser retirados no momento da micção, voltando depois a ser colocados. Já os segundos, visam recolher e armazenar a urina, sendo constituídos por um sistema de drenagem do qual faz parte um saco onde é depositada a urina que se vai escoando da bexiga.

Este saco deve incluir uma válvula que evite o regresso da urina, de modo a prevenir uma infecção. Deve ser descartável ou, se for reutilizável, impõe-se uma limpeza diária rigorosa, com o mesmo objectivo preventivo.

Os mais comuns são os produtos absorventes, cuja função é reter a urina, mantendo o doente seco e confortável. A escolha deve fazer-se em função de factores como o tipo e a gravidade da incontinência, o estado funcional do doente e o sexo. E, além de se adaptarem ao doente, estes produtos devem assegurar uma absorção suficiente, facilitar os movimentos e evitar derrames de urina.

São as chamadas fraldas ou cuecas para incontinentes, constituídas por três camadas - uma de polietileno, à prova de água e que protege as roupas; uma segunda de celulose que actua como absorvente e uma terceira de material hidrófobo, que mantém a urina afastada da pele.

Não são, porém, sistemas de via única, o que significa que quando a camada absorvente está saturada a urina volta a estar em contacto com a pele, pelo que devem ser substituídos com regularidade.

Estes produtos visam proporcionar conforto e atenuar ou eliminar o embaraço causado pela incontinência, pelo que existem modelos mais discretos destinados a ser usados durante o dia, ainda que com menor capacidade de absorção.

E recentemente ficou disponível uma alternativa ainda mais confortável e saudável - uma cueca para incontinente formada por 100% de algodão e cuja camada de absorção inclui três por cento de prata. É aqui que reside a diferença: a prata tem propriedades anti-sépticas, anti-bacterianas e anti-odores. Esta é uma mais-valia acentuada, tanto para homens como para mulheres que não conseguem controlar a bexiga mas que já podem manter uma vida social livre de embaraços.


Calcula-se que em Portugal cerca de 600 mil pessoas sofram deste problema, mas também se estima que apenas um terço procure ajuda médica. É porventura o embaraço associado à incontinência que afasta os doentes - aliás, um estudo efectuado há alguns anos em 16 países europeus, incluindo Portugal, mostrou que a incontinência urinária é o segundo problema de saúde que mais envergonha, só ultrapassado pelas disfunções sexuais.



Sinais de alerta


A perda de urina é sempre precedida de alguns sinais de alarme, que devem ser tidos em conta e que importa conhecer:

• Incapacidade de urinar;

• Urinar mais frequentemente do que o habitual sem que exista uma infecção na bexiga;

• Necessidade de correr para a casa de banho, perdendo urina quando não se chega a tempo;

• Dores relacionadas com o acto de urinar;

• Infecções frequentes da bexiga;

• Enfraquecimento progressivo do jacto urinário, com ou sem a sensação de esvaziamento total da bexiga;

• Urina em quantidade anormal.


Fonte: FARMÁCIA SAÚDE - ANF