Andreia Pereira
Cerca de 80% das crianças até aos 5 anos padecem de algum grau obstrução nasal, indicam as estimativas. Caso se detecte uma má respiração nasal na primeira infância, as crianças devem ser imediatamente tratadas, sob pena de poderem vir a sofrer de distúrbios associados ao sono e ao desenvolvimento.
João acorda sempre sonolento. E, mesmo que se deite cedo, no dia seguinte é um martírio para se pôr a pé. Esta criança de quatro anos parece andar sempre com a cabeça na lua. Mas o problema do pequeno João, tal como o de outros miúdos da sua idade, não é a falta de atenção. É a incapacidade de respirar convenientemente pelo nariz.
Segundo António Sousa Vieira, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia (SPORL), cerca de 80% das crianças até aos 5 anos de idade sofrem de algum grau de obstrução nasal. Este problema tem origem, essencialmente, em causas inflamatórias, «nomeadamente as rinites e a hipertrofia das adenóides», salienta o especialista.
As adenóides - «uma barreira de defesa, situada na região da rinofaringe, que combate os agentes que inalamos ou respiramos» - começam a crescer a partir dos seis meses de vida e «atingem o se pico máximo aos três anos de idade». A partir da adolescência, desaparecem. «Este é o curso de crescimento normal das adenóides», justifica o especialista.
Por razões que a Medicina ainda desconhece, a partir de determinada altura, as adenóides crescem mais do que aquilo que é considerado normal, provocando a obstrução nasal. Em virtude deste «bloqueio», as crianças passam a respirar pela boca.
Embora não se saiba ao certo a que se deve a hipertrofia das adenóides, o otorrinolaringologista aponta algumas razões: «Os infantários (locais onde as crianças convivem com as mais variadas infecções) podem despoletar uma situação deste tipo. Para além disso, o contacto com os desinfectantes colocados na água das piscinas, podem agredir estas estruturas.»
Nariz sempre «entupido»
A obstrução nasal é uma espécie de reacção em cadeia: «quando entra no campo da patologia, manifesta-se por uma maior fragilidade imunitária, por otites de repetição e consecutiva diminuição da audição». Como o ser humano foi programado para respirar pelo nariz, «as crianças que respiram pela boca vão sofrer, ainda, uma sobrecarga respiratória», comenta o especialista.
«Estas crianças mantêm a boca aberta durante o dia e, sobretudo, durante o sono.» As crianças que respiram mal pelo nariz têm frequentemente otites de repetição, daí que possam apresentar, também, défices auditivos. «As dificuldades em ouvir são frequentemente confundidas com falta de atenção, razão pela qual esta situação pode demorar a ser diagnosticada.»
Sono agitado
Devido às dificuldades audição, a criança que respira mal pelo nariz costuma apresentar algum défice de concentração. Embora se trate de uma problema que interfere com o rendimento escolar, do ponto de vista intelectual a obstrução nasal não provoca consequências de maior: «Não há nenhum estudo que prove que irão existir sequelas em termos cerebrais, se houver um atraso no tratamento desta patologia.»
Normalmente, as crianças que respiram mal pelo nariz são «mais distraídas, mas, sobretudo, porque ouvem menos bem». Para além disso, «estes miúdos têm um sono agitado e um descanso que não é repousante». No fundo, «acabam por ter alguns episódios de apneia do sono, pelo que o período de descanso não é reparador». Estes factores em conjugação acabam por tornar as crianças «mais desconcentradas e frequentemente cansadas».
Graças ao diagnóstico precoce e aos tratamentos cirúrgicos, nos últimos 25 anos, as situações de otite crónica na idade adulta «reduziu drasticamente». Com estes procedimentos, registou-me uma melhoria da higiene do sono.
Atenção, pais!
Apesar das melhorias nas últimas décadas em matéria de saúde infantil, o otorrinolaringologista pede especial atenção aos pais na detecção de alguns sinais. Só assim se pode iniciar um tratamento precoce: «O médico de família, depois de diagnosticar a situação, pode implementar a terapêutica adequado», fundamenta.
Como forma de eliminar a obstrução nasal provocada pelo aumento exagerado das adenóides, por vezes, recorre-se ao tratamento cirúrgico. «Os critérios para esta intervenção são o grau de obstrução, a dificuldade de ingestão alimentar [criança respira e come pela boca] e as infecções de repetição (nasais ou dos ouvidos). Não há uma idade ideal para operar, embora se saiba que as crianças operadas antes dos dois anos de idade têm uma maior taxa de recidivas, ou seja, as adenóides podem voltam a crescer.»
Quando existe a possibilidade de «medicamente se protelar até aos três anos de idade, para proceder esta intervenção, o ideal é aguardar». Mas, existido infecções de repetição, que não se conseguem controlar com o auxílio de medicamentos, «neste casos procede-se a uma intervenção cirúrgica em qualquer idade».
Sinais de alerta
- Quando a criança anda permanentemente constipada;
- O nariz está sempre a pingar;
- A criança que anda sempre de boca aberta;
- Aproxima-se da televisão, porque ouve menos bem.
Fonte: Jornal do Centro de Saúde
Cerca de 80% das crianças até aos 5 anos padecem de algum grau obstrução nasal, indicam as estimativas. Caso se detecte uma má respiração nasal na primeira infância, as crianças devem ser imediatamente tratadas, sob pena de poderem vir a sofrer de distúrbios associados ao sono e ao desenvolvimento.
João acorda sempre sonolento. E, mesmo que se deite cedo, no dia seguinte é um martírio para se pôr a pé. Esta criança de quatro anos parece andar sempre com a cabeça na lua. Mas o problema do pequeno João, tal como o de outros miúdos da sua idade, não é a falta de atenção. É a incapacidade de respirar convenientemente pelo nariz.
Segundo António Sousa Vieira, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia (SPORL), cerca de 80% das crianças até aos 5 anos de idade sofrem de algum grau de obstrução nasal. Este problema tem origem, essencialmente, em causas inflamatórias, «nomeadamente as rinites e a hipertrofia das adenóides», salienta o especialista.
As adenóides - «uma barreira de defesa, situada na região da rinofaringe, que combate os agentes que inalamos ou respiramos» - começam a crescer a partir dos seis meses de vida e «atingem o se pico máximo aos três anos de idade». A partir da adolescência, desaparecem. «Este é o curso de crescimento normal das adenóides», justifica o especialista.
Por razões que a Medicina ainda desconhece, a partir de determinada altura, as adenóides crescem mais do que aquilo que é considerado normal, provocando a obstrução nasal. Em virtude deste «bloqueio», as crianças passam a respirar pela boca.
Embora não se saiba ao certo a que se deve a hipertrofia das adenóides, o otorrinolaringologista aponta algumas razões: «Os infantários (locais onde as crianças convivem com as mais variadas infecções) podem despoletar uma situação deste tipo. Para além disso, o contacto com os desinfectantes colocados na água das piscinas, podem agredir estas estruturas.»
Nariz sempre «entupido»
A obstrução nasal é uma espécie de reacção em cadeia: «quando entra no campo da patologia, manifesta-se por uma maior fragilidade imunitária, por otites de repetição e consecutiva diminuição da audição». Como o ser humano foi programado para respirar pelo nariz, «as crianças que respiram pela boca vão sofrer, ainda, uma sobrecarga respiratória», comenta o especialista.
«Estas crianças mantêm a boca aberta durante o dia e, sobretudo, durante o sono.» As crianças que respiram mal pelo nariz têm frequentemente otites de repetição, daí que possam apresentar, também, défices auditivos. «As dificuldades em ouvir são frequentemente confundidas com falta de atenção, razão pela qual esta situação pode demorar a ser diagnosticada.»
Sono agitado
Devido às dificuldades audição, a criança que respira mal pelo nariz costuma apresentar algum défice de concentração. Embora se trate de uma problema que interfere com o rendimento escolar, do ponto de vista intelectual a obstrução nasal não provoca consequências de maior: «Não há nenhum estudo que prove que irão existir sequelas em termos cerebrais, se houver um atraso no tratamento desta patologia.»
Normalmente, as crianças que respiram mal pelo nariz são «mais distraídas, mas, sobretudo, porque ouvem menos bem». Para além disso, «estes miúdos têm um sono agitado e um descanso que não é repousante». No fundo, «acabam por ter alguns episódios de apneia do sono, pelo que o período de descanso não é reparador». Estes factores em conjugação acabam por tornar as crianças «mais desconcentradas e frequentemente cansadas».
Graças ao diagnóstico precoce e aos tratamentos cirúrgicos, nos últimos 25 anos, as situações de otite crónica na idade adulta «reduziu drasticamente». Com estes procedimentos, registou-me uma melhoria da higiene do sono.
Atenção, pais!
Apesar das melhorias nas últimas décadas em matéria de saúde infantil, o otorrinolaringologista pede especial atenção aos pais na detecção de alguns sinais. Só assim se pode iniciar um tratamento precoce: «O médico de família, depois de diagnosticar a situação, pode implementar a terapêutica adequado», fundamenta.
Como forma de eliminar a obstrução nasal provocada pelo aumento exagerado das adenóides, por vezes, recorre-se ao tratamento cirúrgico. «Os critérios para esta intervenção são o grau de obstrução, a dificuldade de ingestão alimentar [criança respira e come pela boca] e as infecções de repetição (nasais ou dos ouvidos). Não há uma idade ideal para operar, embora se saiba que as crianças operadas antes dos dois anos de idade têm uma maior taxa de recidivas, ou seja, as adenóides podem voltam a crescer.»
Quando existe a possibilidade de «medicamente se protelar até aos três anos de idade, para proceder esta intervenção, o ideal é aguardar». Mas, existido infecções de repetição, que não se conseguem controlar com o auxílio de medicamentos, «neste casos procede-se a uma intervenção cirúrgica em qualquer idade».
Sinais de alerta
- Quando a criança anda permanentemente constipada;
- O nariz está sempre a pingar;
- A criança que anda sempre de boca aberta;
- Aproxima-se da televisão, porque ouve menos bem.
Fonte: Jornal do Centro de Saúde