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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Gordura não é (mesmo!) formosura

Considerada pela OMS + a epidemia do século XXI, a Obesidade + vai muito além de um problema estético, é um dos principais factores de risco para o desenvolvimento de outras doenças com consequências graves para a saúde.
O que é?
A obesidade é uma doença caracterizada pelo armazenamento excessivo de gordura no organismo passível de afectar a saúde. Trata-se de um problema crónico, com elevada prevalência nos países desenvolvidos, que constitui um factor de risco para o aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças.
A nível mundial, o obesidade mata mais que a fome e as
Doenças infecto-contagiosas + e, só em Portugal, mais de 1.500 mortes por ano são causadas por doenças que derivam da obesidade, segundo dados da ADEXO + (Associação de Doentes Obesos e ex-obesos de Portugal).
A boa notícia: depois do tabagismo, é a segunda causa de morte comprovadamente evitável através da prevenção.
Qual a sua causa?
O excesso de gordura corporal resulta de um reiterado predomínio da quantidade de calorias ingeridas face às calorias dispendidas. Mas ser obeso não significa necessariamente que a pessoa se alimenta em excesso.
A obesidade está dependente de uma série de factores: genéticos (predisposição genética, sexo e idade), ambientais ou comportamentais (ausência de um
Regime alimentar + equilibrado, inactividade física) e metabólicos ou hormonais (correspondem a menos de 5% dos casos de obesidade).
Para além disso, no caso da mulher, os períodos de gravidez e menopausa são também factores de risco.
Quais as consequências para a saúde?
A obesidade está associada a inúmeras complicações de saúde, desde condições debilitantes e progressivas a doenças crónicas com elevado risco de mortalidade, sobretudo quando o índice de massa corporal é igual ou superior a 35 kg/m2. Assim, para além do desconforto físico e/ou psicológico, a obesidade pode acarretar os seguintes problemas de saúde:
Aparelho cardiovascular:
Hipertensão arterial + , aterosclerose e problemas cardíacos
Complicações metabólicas: dislipidémias (aumento da concentração sanguínea de
Gorduras + ), Diabetes + tipo 2 e gota
Sistema pulmonar: dispneia (dificuldade em respirar) e fadiga, síndrome de insuficiência respiratória do obeso, apneia do sono (interrupção do ciclo respiratório)e embolismo pulmonar
Aparelho gastrointestinal: esteatose hepática (
Fígado + gordo), litíase vesicular (formação de areias ou pequenos cálculos na vesícula) e Cancro do cólon +
Aparelho genito-urinário e reprodutor:
Infertilidade + , amenorreia (ausência anormal da menstruação), Incontinência urinária + de esforço, alguns tipos de cancro (Endométrio + , mama e próstata), hipogenitalismo (insuficiência testicular ou ovárica) e hirsutismo (aparecimento de pêlos e barba devido a maior produção de hormonas masculinas nos ovários)
Alterações psicossociais: isolamento social, depressão,
Ansiedade + e perda de auto-estima.Outras alterações: Osteoartrose + s, insuficiência venosa crónica, risco anestésico, hérnias, e propensão a quedas, devido à sobrecarga na coluna e membros inferiores
Como prevenir e tratar?
A prevenção da obesidade assenta basicamente em três grandes pilares: dieta alimentar equilibrada, actividade física regular e modo de vida saudável. O tratamento passa, numa primeira fase, pela combinação de dieta pobre em calorias, modificação comportamental, aumento da actividade física e compreensão de eventuais causas psicológicas.
Quando a modificação destes factores não é suficiente, é necessário recorrer aos fármacos anti-obesidade: anorexígenos (reduzem o apetite ao interferirem com os
Neurotransmissores + do cérebro), termogénicos (aceleram o metabolismo para aumentar o gasto calórico) e fármacos que actuam a nível intestinal (por retardamento do esvaziamento gástrico ou inibição da absorção intestinal).
Nos casos de doentes com obesidade grave (IMC igual ou superior a 40 ou superior a 35 com outras complicações), pode estar indicada a cirurgia bariátrica (pode ser restritiva, com redução da capacidade gástrica e da sua capacidade de esvaziamento, ou mal absortiva, com exclusão de grandes segmentos do intestino delgado para evitar a absorção dos alimentos).
O tratamento da obesidade tem dois grandes objectivos: evitar e/ou melhorar as complicações directamente relacionadas com a obesidade (osteoartroses, por exemplo) e diminuir a mortalidade provocada por doenças crónicas associadas à obesidade (como a hipertensão e a diabetes tipo 2).
A perda de peso em pessoas obesas melhora, muitas vezes de forma dramática, complicações físicas, metabólicas e endócrinas.
Como reconhecer?
O grau de obesidade é avaliado através do índice da massa corporal (IMC). Calcula-se através da seguinte fórmula:
IMC = Peso (kg) / altura (m) x altura (m)
IMC 18 – 24: peso normal
IMC 25 – 29: excesso de peso
IMC 30 – 34: obesidade moderada (grau 1)
IMC 35 – 39: obesidade grave (grau 2)
IMC > 40: obesidade mórbida (grau 3)
Para avaliar o risco de complicações associadas à obesidade, é importante ter também em atenção o perímetro abdominal. Mesmo que o IMC esteja dentro dos limites da normalidade, pode ser um factor de risco isolado. Se for maior do que 90 cm, nos homens, e superior a 80 cm nas mulheres, implica um risco acrescido para a saúde
O tecido adiposo da região abdominal é predominantemente gordura visceral (envolve os orgãos) e pode causar resistência à
Insulina + , aumentando assim o risco de diabetes, hipertensão e Doenças cardiovasculares + .
Texto:
Fernanda Soares
Fonte: Sapo Saúde